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MÚSICA

BTS está de volta, mas será que o grupo coreano ainda é o rei do k-pop?

Apesar da empolgação crescente dos fãs no mundo todo, uma porta-voz da agência da banda disse que ainda não pode divulgar planos sobre um retorno oficial do grupo

BTS em divulgação de 'Yet to come (The Most Beautiful Moment)': Jungkook, Suga, Jin, Jimin, V, RM e J-Hope BTS em divulgação de 'Yet to come (The Most Beautiful Moment)': Jungkook, Suga, Jin, Jimin, V, RM e J-Hope  - Foto: Divulgação / Big Hit Music

Após quase mil dias de espera, fãs do BTS ao redor do mundo comemoraram no sábado (21), antecipando uma reunião do grupo com a conclusão do serviço militar de Suga — o último integrante da que é, indiscutivelmente, a maior banda pop do mundo — que voltou à vida civil.

"Obrigado pela paciência", escreveu Suga no sábado em uma postagem nas redes sociais, direcionada às legiões de fãs da banda.

Outros quatro membros — RM, V, Jimin e Jungkook — foram dispensados neste mês. Jin e J-Hope haviam deixado o serviço militar no ano passado.

 

Apesar da empolgação crescente dos fãs no mundo todo, uma porta-voz da agência da banda disse que ainda não pode divulgar planos sobre um retorno oficial do grupo. Mesmo assim, alguns fãs já estão organizando festas para comemorar.

Durante o tempo em que os sete membros cumpriram suas obrigações militares, houve preocupação entre os fãs de que a fama e a influência do grupo pudessem diminuir. Especialistas da indústria dizem que celebridades masculinas na Coreia do Sul que se afastam da vida pública para se alistar geralmente enfrentam uma queda de popularidade.

Mas o BTS pode ser uma exceção.

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"Eles não são apenas ídolos. São ícones culturais", disse Kim Taeryong, professor do Instituto de Pesquisa de Cultura K e Conteúdo de Histórias da Universidade Kyung Hee. O grupo lançou estrategicamente músicas e vídeos pré-gravados durante o período no exército e se comunicou com frequência com os fãs pelas redes sociais. Isso manteve o BTS atual e presente na mente do público, afirmou Kim.

A banda estreou em 2013 sob o selo Big Hit, então uma gravadora pequena e desconhecida. Em menos de uma década, o BTS quebraria vários recordes do Guinness com músicas como “Butter” e “Dynamite”, e se tornaria o primeiro ato de K-pop a ser indicado ao Grammy. A gravadora cresceu e virou a Hybe Entertainment, hoje considerada uma das gigantes da cena musical coreana.

Na Coreia do Sul, a maioria dos homens com 18 anos ou mais precisa servir ao exército, geralmente por 18 meses. (Suga cumpriu uma forma alternativa de serviço como assistente social.) Algumas exceções são feitas, como para campeões olímpicos e músicos clássicos que vencem competições internacionais. Estrelas do pop não estão isentas.

No passado, algumas celebridades sul-coreanas tentaram evitar essa obrigação. Mas hoje, a sociedade tende a rejeitar aqueles que não cumprem esse dever nacional, explicou o professor Chae Seungkyun, do departamento de música aplicada da Universidade Kyonggi, por e-mail. Segundo ele, há um sentimento amplamente difundido de que um garoto precisa servir ao exército para ser considerado um homem.

Jin, o membro mais velho da banda, foi o primeiro a se alistar, em dezembro de 2022, colocando todas as atividades do grupo em pausa. No início daquele ano, o BTS havia anunciado uma pausa nas atividades em grupo para que os membros pudessem seguir projetos individuais; vários lançaram faixas e álbuns solo. A empresa de gerenciamento do grupo afirmou, na época, que eles se reuniriam "por volta de 2025".

Detalhes sobre essa reunião são ansiosamente aguardados pelo Army, como é conhecido o enorme fã-clube do BTS.

- Minha vida não tem sido a mesma sem o BTS - disse Stella Lee, 29 anos, que vive em Seul. - Estive contando os dias até que todos eles retornassem ao mundo exterior.”

Lee, que acompanha o grupo desde o início, diz que as letras com críticas ao sistema que apareciam nas músicas mais antigas da banda eram uma fonte de inspiração e conforto para ela.

Na ausência do BTS, grupos como Blackpink, Seventeen e NewJeans foram amplamente considerados os nomes mais fortes do K-pop. Mas especialistas afirmam que as promoções musicais e os shows desses grupos não foram suficientes para destronar o BTS como rei do K-pop. O Blackpink fará uma turnê em julho, mas nenhum álbum em grupo foi lançado desde 2022. Seus membros seguiram projetos solo, especialmente “Apt”, de Rosé com Bruno Mars. Já o NewJeans enfrentou uma polêmica legal no último ano após sua produtora Min Hee-jin realizar uma coletiva bombástica contestando acusações de má conduta corporativa pela Hybe.

Segundo Chae, não surgiram “novatos de grande impacto” no K-pop nesse meio tempo.

- Pode ser o momento perfeito para um grupo já estabelecido e com uma base de fãs sólida fazer um retorno - disse ele, citando o apoio fiel e apaixonado do Army.

Na postagem de sábado, Suga reconheceu essa devoção dos fãs e prometeu: “Vamos fazer o nosso melhor para retribuir o amor que vocês nos deram.”

Ele também mencionou problemas enfrentados em 2024, quando foi flagrado usando uma scooter elétrica sob efeito de álcool, escrevendo: “Sinto muito por ter decepcionado e preocupado vocês com o que aconteceu no ano passado.”

Embora ninguém tenha se ferido no episódio com a scooter, ele recebeu críticas severas dos fãs e da mídia, em um país onde há uma enorme pressão para que celebridades mantenham uma reputação impecável. Na época, ele pediu desculpas e sua gravadora também publicou uma nota de retratação pelo “comportamento inadequado”.

- Esse foi provavelmente o pior momento do BTS - disse Kim. - Fiquei preocupado que o Suga tivesse que sair do grupo.

Mas ele acredita que agora a banda poderá se reunir e continuar tão popular quanto antes.

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