Clara Moreira apresenta exposição individual "Fúria da fita vermelha", na Amparo 60
inauguração acontece no dia 26 de junho, às 19h, exibindo nove obras inéditas fruto de anos de pesquisa sobre o desenho como extenção do movimento corporal
A artista Clara Moreira apresenta sua nova exposição "Fúria da Fita Vermelha, na Galeria Amparo 60, após quatro anos sem lançar uma individual no Recife. Com curadoria de Ariana Nuala, a mostra será inaugurada nesta qunta (26), às 19h.
Mais que a exibição de nove obras inéditas — a mostra materializa de anos de pesquisa sobre o desenho como extensão do movimento corporal, onde cada traço carrega a memória do gesto que o gerou. No sábado (28), das 15h às 17h, haverá um bate-papo aberto ao público, intitulado de Manifestando o encarnado entre a artista e a curadora.
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Sobre a mostra
Clara Moreira e Ariana Nuala vinham desenvolvendo uma conversa abrangente sobre sua produção. Seus desenhos são ricos em detalhes e propõem duas escalas de contato.
Uma mais próxima, na qual se pode observar detalhes como a unha, o canto do olho, e outra mais distante onde a postura, o movimento, o corpo se impõem. A artista explica que seu processo criativo é marcado pela relação física com o papel.
“Então essa exposição começou a ser pensada muito a partir da relação das pessoas com o desenho. O desenho como matéria, que surge muito claramente durante o momento em que ele está sendo feito. Quando a mão risca o papel com o lápis, eu sinto muito a presença da dança, de um corpo que se movimenta. O desenho nada mais é do que um rastro coreográfico”, detalha a artista.
A mostra sugere uma reflexão sobre o ato de desenhar como forma de conhecimento. Como escreve a curadora no texto da exposição: "Desenhar é dançar com o limite. É escavar os contornos da linguagem recusando a neutralidade do traço para afirmar sua pulsação".
A mostra rompe com a disposição convencional de desenhos em paredes planas. As obras estão organizadas em um círculo, com diâmetro equivalente ao do ateliê da artista, criando uma relação íntima entre observador e obra.

A curvatura do papel — um gesto propositalmente incomum — desafia a expectativa de bidimensionalidade e convida o público a se mover ao redor das peças, numa coreografia de aproximação e distanciamento. "Quisemos que a exposição implicasse o corpo de quem observa", explica Clara.
As figuras carregam apenas uma fita — vermelha ou não — que, nas palavras da curadora, "ora conduz, ora é conduzida. Quase como um autotítere, elas se apresentam, porém não parecem manipuladas, mas sim fazendo um pacto com sua fúria". Três outros desenhos habitam o espaço expositivo em posições distintas, como fragmentos de um mesmo corpo expandido.
A materialidade assume papel central nesta exposição. Os desenhos revelam o que Ariana Nuala descreve como "pequenas explosões - acúmulos de gestos que se repetem até alcançarem o ponto de ebulição". A experiência sensorial se completa com a paisagem sonora criada por Matheus Alves a partir do som dos desenhos sendo produzidos no ateliê e também os silêncios.
Nesse processo, as cores ganharam força, o desejo de que os desenhos olhassem para o espectador e trouxesse a intenção do movimento foram se apresentando. Como aponta Ariana Nuala, "o desenho não vem depois da ideia. Não ilustra o que já foi concebido. O desenho pensa e o pensamento é construído com suas linhas estruturantes".
Sobre a artista
Clara Moreira é uma artista visual recifense cuja pesquisa se concentra no desenho feito à mão, explorando-o como gesto performático, artesania corporal e diálogo poético.
Em 2024, realizou as individuais "alvorada da estrela terra vista dos campos de vênus" (Galeria Lume, SP) e "Pour qu'un corps vole" (Galerie Salon H, Paris), após sua premiada trajetória que inclui o 8º Prêmio de Artes Tomie Ohtake (2022) e indicações ao Prêmio Pipa (2022 e 2024).
Suas obras integram acervos de instituições como Pinacoteca de São Paulo, Museu Paranaense (MUPA), Museu da Língua Portuguesa e coleções da Caixa Cultural e Banco do Nordeste, consolidando sua presença no cenário artístico contemporâneo
SERVIÇO:
"Fúria da fita vermelha", de Clara Moreira
Curadoria Ariana Nuala
Abertura: 26 de junho, às 19h
Visitação: De 27 de junho a 25 de julho de 2025.
Bate-papo Manifestando o encarnado, com Clara Moreira e Ariana Nuala
Sábado, dia 28, das 15h às 17h
Segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábados das 10h às 15h, com agendamento prévio
Galeria Amparo 60 - No 3º andar da Dona Santa (Rua Professor Eduardo Wanderley
Filho, 187 - Boa Viagem, Recife - PE, 51020-170)

