Sáb, 20 de Dezembro

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MÚSICA

Claudia Leitte é alvo de ação do Ministério Público da Bahia por mudar letra de música

Verso da música 'Caranguejo' foi modificado. Órgão pede o pagamento de R$ 2 milhões

Claudia LeitteClaudia Leitte - Foto: Robson Senne/Divulgação

A cantora Claudia Leitte é alvo de uma ação civil pública por parte do Ministério Público da Bahia (MPBA) pela troca de um verso na música "Caranguejo", em 2024.

O órgão pede que a artista pague R$ 2 milhões de indenização por dano moral coletivo por discriminação religiosa. Na canção, ela muda "Saudando a rainha Iemanjá" por "Eu canto meu rei Yeshua". As informações foram reveladas por Danielle Brant, da "Folha de S. Paulo" na sexta-feira.

É proposto que o valor pedido seja revertido para o Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos ou a entidades que representem as religiões de matriz africana. A cantora ainda teria que fazer uma retratação pública.

Também é pedido que ela "se abstenha de praticar qualquer ato de discriminação religiosa, direta ou indiretamente, em suas apresentações públicas, entrevistas, produções artísticas ou redes sociais, especialmente aqueles que impliquem supressão, alteração ou desvalorização de referências religiosas de matriz africana", diz trecho do documento.

 

A ação é motivada pela mudança na música "Caranguejo", em dezembro de 2024, do verso "Saudando a rainha Iemanjá" para "Eu canto meu rei Yeshua", termo hebraico correspondente a Jesus. A cantora foi denunciada pela iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro). Em janeiro, a discussão gerou uma audiência pública realizada pelo MP da Bahia, como noticiou a coluna de Lauro Jardim.

A ação é assinada pela promotora Lívia Maria Santana e Sant'Anna Vaz, da Promotoria de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, e por Alan Cedraz Carneiro Santiago, promotor de justiça e coordenador do Nudephac (Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural).

O texto destaca que a mudança do trecho da música é "agravada por sua notória projeção pública e pela amplitude de seu alcance midiático". E ainda cita que a mudança teria decorrido de "uma motivação discriminatória, explícita e improvisada, traduzida em desprezo, repulsa e hostilidade em relação às religiões afro-brasileiras".

Procurada, a reportagem não teve retorno da assessoria da Claudia Leitte até esta publicação.

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