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ARTES VISUAIS

"ColeTânia", exposição de Tânia Carneiro Leão, fecha o ano do Museu do Estado de Pernambuco

Durante a abertura da mostra, a artista visual lança um livro de mesmo nome

Tânia Carneiro Leão inaugura exposição no MepeTânia Carneiro Leão inaugura exposição no Mepe - Foto: Comunicação Mepe/Divulgação

O calendário de exposições do Museu do Estado de Pernambuco (Mepe) em 2025 chega ao fim com “ColeTânia”, uma homenagem à arte de Tânia Carneiro Leão. A abertura, que ocorre hoje, às 19h, marca ainda o lançamento do livro que leva o mesmo nome da mostra, apresentando o lado escritora da artista plástica pernambucana. 

Com curadoria de Carlos Trevi, a exposição ocupa todo o Espaço Cícero Dias com mais de 170 obras. São painéis de 2x3m e de 1x3m, desenhos, quadros médios, miniquadros e gravuras, que ocupam as paredes da casa-ateliê onde a pintora vive, no bairro do Carmo, em Olinda, e agora podem ser conferidas por quem visitar o museu até o início de janeiro. 

“Há alguns desenhos de 2002, mas a maioria dos quadros eu pintei nos últimos três anos. É uma produção muito recente. Não faço outra coisa na vida a não ser pintar”, diverte-se a artista, no auge dos seus mais de 80 anos de vida, em entrevista à Folha de Pernambuco.
 

Viúva do poeta Carlos Pena Filho e filha de Eufrásio Barbosa - prefeito de Olinda que possibilitou a criação do Movimento da Ribeira, em 1965 -, Tânia transitou durante décadas pelos círculos intelectuais e culturais de Pernambuco. No entanto, a vocação como pintora veio a aflorar somente nos anos 1980. 

Tânia lembra que, na época, seu filho estava para abrir um restaurante, com projeto do arquiteto Carlos Augusto Lira. Ouvindo que ele precisaria de quadros para decorar as paredes de uma sala, ela resolveu arregaçar as mangas. “Eu tinha visto imagens de mapas antigos em uma revista e achei que conseguiria fazer algo parecido. Fez o maior sucesso. As pessoas que viam pensavam que era algo realmente muito antigo e eu achava muito engraçado”, revela. 

Um experimento que serviu para presentear o filho acabou se transformando em um dos elementos mais importantes da obra de Tânia. Inspirada na cartografia histórica do século 17, ela cria mapas atuais, com estética antiga, carregados de referências culturais. “Gosto de fazer homenagens. Retiro as imagens dos quadros de Cícero Dias, por exemplo, e coloco no que seria uma mapa do Recife. Encaro como uma brincadeira”, diz. 

A pintura de Tânia reflete ainda uma profunda admiração pela flora brasileira e um olhar atento à sutil beleza das cenas cotidianas. Cestas de frutas e jarros de flores ganham as telas em pinceladas que transbordam cores vibrantes e formas sinuosas, provando que a chamada natureza-morta - gênero que já foi tão inferiorizado pela história da arte - é capaz de transmitir vida em abundância.  

No livro “ColeTânia”, a autora reúne 90 textos em 220 páginas. Neles, ela revisita memórias suas e de pessoas com as quais conviveu, apresentando relatos sobre personagens que marcaram sua vida, além de experiências pessoais. “Conto histórias que aconteceram comigo, com Francisco e Deborah Brennand, Jorge Amado, Lúcia Flecha de Lima e outros amigos meus. É uma reunião de crônicas”, explica.  

Serviço:
Exposição “ColeTânia”, de Tânia Carneiro Leão 
Quando: Abertura hoje, às 19h; Visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados e domingos, das 14h às 17h
Onde: Museu do Estado de Pernambuco - Av. Rui Barbosa, 960, Graças
Entrada gratuita
Informações e agendamentos: (81) 3184-3174
 

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