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CURIOSIDADES

Dia das Bruxas: saiba mais sobre o Halloween e as assombrações do Recife

Da perna cabeluda à Comadre Fulozinha, as histórias aterrorizantes já fazem parte do imaginário recifense

Perna Cabeluda, criada nos anos 1970, que descreve uma assombração na forma de uma única perna peluda e agressivaPerna Cabeluda, criada nos anos 1970, que descreve uma assombração na forma de uma única perna peluda e agressiva - Foto: Greg Vieira/Folha de Pernambuco

A tradição do Halloween, celebrado em diversas partes do mundo, ganha um outro significado quando associada às lendas e assombrações que atravessam gerações na capital pernambucana. Da perna cabeluda à Comadre Fulozinha, as histórias aterrorizantes já fazem parte do imaginário recifense. 

A editoria Cultura+ se aprofundou sobre a história e a origem do Halloween ou Dia das Bruxas no Brasil, e consultou especialistas no gênero terror para entender as lendas e assombrações que contam um pouco da história da Cidade do Recife, popularizando nossos próprios personagens originais.

Origem
Uma das mais prováveis origens do Halloween remonta ao antigo festival celta pagão da colheita, o Samhain, celebração gaélica sincretizada pela Igreja primitiva. Outra hipótese é que a tradição começou com o feriado católico do Dia de Todos os Santos.

O primeiro registro do termo "halloween" - contração da expressão inglesa “All Hallows Eve” - que significa “Véspera do Dia de Todos os Santos” - é de cerca de 1745.

A véspera do dia 1º de novembro, data comemorativa cristã, inicia a Estação de Todos os Santos, quando começa a vigília de três dias, tempo dedicado a lembrar os mortos, sejam santos (hallows), mártires ou fiéis falecidos.

Por volta de 1840, trazido pela migração irlandesa, a tradição se consolidou fortemente na cultura dos Estados Unidos, passando a influenciar, com o processo de globalização e de meios de comunicação de massa como o Cinema, diversos países do mundo, inclusive o Brasil.

Dia das Bruxas
No Brasil, a cultura do Halloween, introduzida a partir dos anos de 1990 como “Dia das Bruxas”, foi influenciada por filmes de Hollywood, séries e programas de televisão norte-americanos. 

“É uma festa que interessa aos brasileiros porque tem ecos de Carnaval, tem fantasias e tudo mais. É uma espécie de Carnaval mais específico, com temática de horror que pode envolver tanto a criança quanto o adulto. Então, acaba tendo um apelo muito grande para o brasileiro. E para quem gosta de literatura, de cinema de horror e esse tipo de coisa, acaba sendo uma uma ocasião para fortalecer esse tipo de entretenimento de gênero”, avalia Frederico Toscano, escritor e historiador recifense, escritor e historiador recifense, autor de contos e livros de terror como “O Condomínio” e “O Rinoceronte na Parede”.



































 

 Comadre Florzinha (ou Cumade Fulozinha), entidade em forma de menina que protege a mata e os animais de Pernambuco e Alagoas | Arte: Greg Vieira


Comadre Florzinha (ou Cumade Fulozinha): 
Entidade em forma de menina que protege a mata e os animais de Pernambuco e Alagoas. Ela é violenta com caçadores, chegando a lhes dar surras de cipó ou fazendo com que se percam na floresta, mudando a posição de referências e clareiras. Diz-se que Fulozinha dá nó em rabo de cavalo e seu assovio que soa alto quando ela está longe e baixinho quando ela está perto. Para poder entrar na mata, as pessoas precisam um prato de papa ou mingau como oferenda. 

“O fato é que até hoje muita gente da Zona da Mata continua acreditando que ela existe. Uma professora de escola pública do município de Escada me contou que seus alunos vez por outra vinham, sérios, contar que haviam sido atacados pelo chicote da Cumade. Quando fizemos a história em quadrinhos "Assovios na Mata" sobre ela (eu escrevi o roteiro), o pai do ilustrador Téo Pinheiro veio lhe aconselhar que evitasse mexer com essas forças”, comenta André Balaio.

João Galafuz, Jean de La Foice ou João Galafoice:
“É uma espécie de duende ou fogo fátuo (luz gerada pela combustão do gás emitido por cadáveres em putrefação) que aparece nas pedras e arrecifes do litoral de Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Dizem que anuncia uma tragédia para breve, como naufrágios e afogamentos. É muito temido por pescadores e jangadeiros, que deixam de entrar no mar quando essa luz estranha é avistada”, explica Balaio.

O Cara de Fogo:
É um homem que aparece nas noites da cidade, geralmente bem vestido, com terno branco e chapéu panamá. Assemelha-se ao típico malandro de antigamente ou mesmo à entidade Zé Pilintra das religiões afro-brasileiras. Costuma pedir fogo nas madrugadas. 

“Quando o desavisado o encara, o tal sujeito vira uma caveira e dá uma sonora gargalhada. Costuma perseguir a vítima, que geralmente sai numa desesperada carreira, aparecendo ao longo do caminho, para lhe dar sustos. É citado no livro de Gilberto Freyre ‘Assombrações do Recife Velho’, livro que nós adaptamos para quadrinhos como ‘Algumas assombrações do Recife Velho’ (Editora Global)”, descreve.

A Velhinha da Caxangá:
“Misteriosa velhinha que aparece na maior avenida em linha reta da América Latina, entrando nos coletivos e desaparecendo em algum trecho da rota. Carrega uma sacola que aparenta ser pesada. Quando algum popular se oferece para ajudá-la, ela entrega a sacola e desaparece.  O conteúdo da sacola é feito de ossos e velas. Fez vários motoristas queimarem as paradas ao ser avistada sozinha num ponto da avenida Caxangá, dando a mão para o coletivo”, conta André Balaio.
 

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