Fernando Catatau fala sobre sua carreira nos últimos anos; confira entrevista exclusiva
Em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, o cearense, que está no Recife para se apresentar no projeto "Segunda do Amor"
Fernando Catatau construiu, ao longo dos últimos 28 anos, uma trajetória como respeitado (e requisitado) guitarrista na música brasileira. Primeiro, com a banda Cidadão Instigado, formada em 1996, em Fortaleza (CE), sua terra natal. Depois, ele foi sendo "convocado" para acompanhar alguns importantes nomes como instrumentista, a exemplo de Vanessa da Mata, Otto e Karina Buhr.
Catatau ainda foi produtor de discos de Arnaldo Antunes, Siba, Cordel do Fogo Encantado, Karina Alexandrino, Joanat Doll & os Garotos Solventes, entre outros, e, também trilhas para cinema. Em 2016, ele saiu de São Paulo (onde morava já há 15 anos) e seguiu de volta a Fortaleza, onde passou mais quatro anos.
Em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, o músicos cearense – de passagem por Recife para se apresentar, nesta segunda (15), no projeto "Segunda do Amor", do Terra Café – falou sobre esses últimos anos de sua carreira, sua primeira experiência como ator, no filme "Centro Ilusão", de Pedro Diógenes, sobre disco novo e Cidadão Instigado. Confira como foi:
A primeira pergunta é: como anda a carreira de Fernando Catatau? Em 2022, você lançou o seu primeiro álbum solo (“Fernando Catatau”). E de lá para cá, o que você tem feito? Trabalhando no disco? Produzindo?
Atualmente, eu moro em São Paulo (novamente). Voltei em 2020, um mês antes da pandemia. Nessa época, meu disco solo já tinha finalizado, mas só lancei depois da pandemia. Depois que lancei, comecei a trabalhar novamente – eu tinha morado quatro anos em Fortaleza – e esse ano de 2023, eu tive várias coisas legais, voltando à minha carreira, aos trabalhos. Eu fui gravar um disco, lá no Canadá, de um cara chamado Batone.
Esse ano também atuei num filme, que tá pra sair agora em 2024, e foi minha primeira experiência com cinema, atuando, porque eu sempre fiz trilha para filme. É do diretor Pedro Diógenes, e eu fui protagonista, junto com outro rapaz, foi muito massa.
Também entrei na banda do Don L, como guitarrista. E,além de tudo isso,tô gravando meu disco novo, que deve sair esse ano.
E o Cidadão Instigado? O último álbum foi o “Fortaleza”, de 2015. Ano passado você fizeram apresentações do show “Dark Sides of Oz”. Quando tem disco novo?
Ainda não conversamos sobre isso, não. A gente parou a banda e só fizemos o “Dark Side” porque era comemoração de 50 anos do álbum (“Dark Side of The Moon”, do Pink Floyd”), convidaram a gente e a gente foi. Mas, por enquanto, não tem nenhuma conversa sobre nada, não.
E sobre esse novo disco teu, como está o andamento?
Já tô gravando ele, e espero conseguir finalizá-lo nesse semestre. Por enquanto, ainda tá tudo em aberto. Como eu ainda tô finalizando as ideias, eu fiz só minha parte, por enquanto. Tô ainda caminhando, por isso nem tô falando muito. Muitas dúvidas, ainda… vou deixar um pouco mais pra frente.
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Você falou sobre ter atuado num filme. Comente um pouco sobre como foi a experiência de atuar, como foi no filme.
Ele foi filmado, a gente finalizou, eu nem sei se posso falar muito sobre o filme. Mas foi minha primeira experiência como ator. Foi um lance que eu achava que eu não ia me a garantir, mas, pra mim, foi uma experiência incrível, acabei me realizando muito nesse trabalho.
Eu até já tinha dispensado algumas coisas, alguns convites como ator. Realmente, eu não achava que era o meu lugar. Conversando com Pedro (Diógenes), que é meu amigo, escrevi pra ele: “Um dia, vamos fazer alguma coisa juntos”, eu pensando em trilha. Ele falou que tinha pensado em mim para um trabalho e me mandou o roteiro. Quando eu vi o roteiro, eu vi que não era trilha. Pela história, eu entendi que na realidade era para atuar.
Eu até meio que sumi, passei um tempão sem responder. Mas, depois, eu pensei: “Ai, cara, vamo nessa!”, vou tentar entender se issotem a ver comigo, se é isso mesmo. E acabou dando certo, filmamos em agosto e setembro de 2023, e o filme tá preparando. O que posso falar é que é o novo longa do Pedro Diógenes, diretor quem tem uns filmes como “A filha do palhaço”, “Inferninho”, e é um filme musical, em Fortaleza.
Você comentou sobre a volta para Fortaleza e, depois, o retorno novamente para São Paulo. O que te motivou a fazer esses movimentos? Inicialmente, você foi morar em SP em que ano?
A primeira vez que fui morar em 1994. Morei um ano. Daí, fui pro Rio de Janeiro, fiquei um ano, 1995. Em 1996, voltei para Fortaleza e montei o Cidadão Instigado. Em 94 e 95, fiquei só compondo. Em 2001, voltei para São Paulo. Morei 15 anos em Sampa. Depois, voltei para Fortaleza em 2016 e fiquei quatro anos. E agora eu tô morando em Sampa.
O que te motivou a voltar a Fortaleza em 2016, depois de um tempo considerável em São Paulo?
Foi realmente de voltar, de me entender com minhas raízes, fazia muito tempo que eu tava distante, e, realmente, pra mim era uma parada que tava muito distante. Eu comecei a me conectar com muitos artistas de Fortaleza, mais novos, a galera que tava fazendo trabalhos de arte, nessa época (2015, mais ou menos) e me deu vontade voltar para Fortaleza, muita gente massa fazendo seus trabalhos,pessoas que estavam me inspirando. Isso foi um dos motivos para eu voltar.
Foi um tempo muito importante, de descobertas minhas, sobre a minha pessoa, omeu trabalho,. Tanto que meu álbum solo “saiu” dessa época. Parei o Cidadão. Parei de tocar com outras pessoas.
Você retorna para São Paulo, então, no período da pandemia, né isso?
Exato. Um mês antes. Voltei e, de repente, aconteceu a pandemia, que foi um golpe com todo mundo, mas, calhou de ser bem na época que eu voltei. Foi um momento muito difícil. Eu não fui uma das pessoas que passou na pandemia com a cabeça bem, não. Foi muito pesado.
Passaram, então, dois anos, e eu lancei o meu disco. Ele já tava mixado antes da pandemia, tinha mixado em fevereiro de 2020, e lancei dois anos depois.
Então, você voltou para São Paulo com a ideia de produzir mais coisas, de finalizar e trabalhar o teu disco?
Isso. Eu ia lançar o disco. Eu estava com vários planos…
Estar em São Paulo ia viabilizar muito mais coisas, né?
É. Também, querendo ou não, a minha carreira inteira eu fiz em São Paulo. Então, é um lugar que eu tenho facilidade – pelo menos, eu tinha, antes de me mudar para Fortaleza, mais facilidade de caminhar, de trabalhar. Um lugar que eu conheço.
Mas, em Fortaleza eu fiz outras coisas. Diferente dessa minha carreira de músico e compositor. Eu trabalhei com música também, mas em outros lugares.

