Gal Costa: chuva de lançamentos para comemorar os 80 anos da cantora
Disco ao vivo com último show, entrada no streaming de LPs fora de circulação e reedição deluxe em vinil de álbum de 2015 estão entre os presentes para os fãs
Das maiores e mais graciosas vozes da música popular brasileira, Gal Costa (1945-2022) teria completado 80 anos nesta sexta-feira. Uma chuva de lançamentos e reedições, no streaming e no vinil, não deixa a data passar em branco. O mais importante aconteceu ainda na véspera: a gravadora Biscoito Fino pôs nas plataformas um single triplo com gravações extraídas da última apresentação da cantora, no Coala Festival, em São Paulo.
Do show de 17 de setembro de 2022, o single traz Gal cantando “Como 2 e 2” ( Caetano Veloso) ao lado de Rubel, “Vapor barato” (Jards Macalé / Waly Salomão) com Tim Bernardes e, apenas com a banda, “Brasil” (George Israel/Nilo Romero/ Cazuza), no que vem a ser a primeira gravação ao vivo da cantora para esta canção, cuja versão de estúdio de 1988, com sua voz, foi incluída com grande sucesso na abertura da novela “ Vale Tudo”.
A chegada simultânea das faixas às plataformas antecede o lançamento do aguardado álbum “As várias pontas de uma estrela (ao vivo no Coala)”, no dia 17 de outubro. O disco terá ainda canções de Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso, Dorival Caymmi e Tom Jobim, alguns lados B da discografia de Gal Costa e “A História de Lily Braun” (Edu Lobo e Chico Buarque), já lançada em single. Junto com o álbum digital, sairá o audiovisual completo do show.
Leia também
• Último show de Gal Costa vira álbum com singles lançados no aniversário de 80 anos da artista
• Gal Costa: nove discos fundamentais da cantora, que faria 80 anos nesta sexta (26)
• Último show de Gal Costa será lançado em disco nos 80 anos de nascimento da cantora
— Trata-se de um registro raro e valioso: o último show da Gal Costa — comenta André Wainer, um dos coordenadores da edição do show. — Só existia um arquivo extraído da transmissão ao vivo, bastante deteriorado pela compressão. A essência estava lá, mas era fundamental recuperar a força visual das imagens. Com recursos de inteligência artificial, trabalhamos a imagem, eliminamos as marcas da compressão e recuperamos a densidade necessária para uma boa correção de cor e finalização. É uma satisfação poder contribuir para devolver o material à altura da importância que ele tem.
Álbuns fora de circulação
A Sony, que detém os arquivos da BMG (onde Gal lançou discos de grande sucesso nos anos 1980 e 90), põe no streaming na sexta três álbuns que andavam fora de circulação: “Bem bom” (1985), “Lua de mel como o diabo gosta” (1987) e “Gal” (1992).
O LP de 1985 foi um dos maiores sucessos de vendagem da carreira da cantora, graças a “Sorte” (de Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, gravada em dueto com Caetano Veloso) e “Um dia de domingo” (de Michael Sullivan e Paulo Massadas, cantada com Tim Maia). O disco ainda tem composições de Arrigo Barnabé (que assina a faixa-título com Eduardo Gudin e Carlos Rennó), da dupla Marina Lima e Antonio Cicero (“Acende o Crepúsculo”), Djavan (“Romance”), Gonzaguinha (“Muito por demais”) e Roberto Carlos e Erasmo Carlos (“Musa de qualquer estação”, feita especialmente para Gal).
“Lua de mel como o diabo gosta” traz faixas como “Me faz bem” (de Milton Nascimento e Fernando Brant, que entrou na trilha sonora da novela “Fera radical”), “Viver e reviver” (versão de Fausto Nilo para “Here, there and everywhere”, dos Beatles), três de Lulu Santos (a faixa-título, “Creio” e “Arara”, que ele compôs originalmente para Xuxa), “O Vento” (Djavan e Ronaldo Bastos), “Tenda” (Caetano) e “Todos os instrumentos” (Joyce Moreno).
Já “Gal” é um dos álbuns mais ousados da cantora, nascido do show do disco anterior, “Plural”. Ele tem o grupo de percussão Raízes do Pelô em “Revolta Olodum”; os Filhos de Gandhi em “É d’Oxum”, de Gerônimo; e o violonista Marco Pereira em “Cordas de Aço” (Cartola), “Feitio de Oração” (Vadico e Noel Rosa), “Coisas Nossas” (Noel Rosa) e “Rumba de Jacarepaguá” (Haroldo Barbosa). Há ainda nele um clássico de Cole Porter, “The Laziest gal in town” (traduzido livremente como “A garota mais preguiçosa da cidade”) e “Tropicália”, de Caetano.
Na sexta, acontece ainda o começo da pré-venda da edição deluxe comemorativa dos 10 anos de “Estratosférica” (2015), a ser feita numa parceria da Sony (que editou originalmente o álbum) com o Noize Record Club. Além das canções já presentes na primeira edição em LP, a nova prensagem – desta vez, em vinil duplo – inclui mais três faixas que ficaram de fora do disco original: “Vou buscar você pra mim”, de Guilherme Arantes, “Muita sorte”, de Lincoln Olivetti e Rogê, e “Átimo de som”, de Zé Miguel Wisnik e Arnaldo Antunes.
Idealizado por Marcus Preto e produzido por Kassin e Moreno Veloso, “Estratosférica” promoveu o encontro de Gal Costa com diferentes gerações de compositores, trazendo, por exemplo, as primeiras parcerias entre Milton Nascimento e Criolo (“Dez anjos”) e Caetano e o filho Zeca Veloso (“Você me deu”). Há também canções escritas especialmente para Gal por nomes como Marisa Monte, Marcelo Camelo, Tom Zé, Céu, João Donato e Mallu Magalhães – autora do grande hit do álbum, “Quando você olha pra ela”.
Ainda pela Sony, em 17 de outubro saem no streaming a versão remixada de “Brasil” (tema de abertura do remake da novela “Vale tudo”), o primeiro compacto de Gal, lançado em 1965 ainda como Maria da Graça (com “Eu vim da Bahia”, de Gilberto Gil; e “Sim, foi você”, de Caetano), “70 neles” (de 1986, feita para a Copa do Mundo daquele ano) e a rara gravação de “Jovens tardes de domingo” (Roberto e Erasmo), com arranjo de Eumir Deodato, registrada em 1997 e disponível apenas na trilha da novela “Zazá”.
A Universal Music, por sua vez, libera sexta nas plataformas a compilação digital “Gal 80”, com 15 sucessos da cantora, e promete para os próximos meses as reedições em vinil dos álbuns “Legal” (1970), “Fa-Tal — Gal a todo vapor” (ao vivo, 1971), “Gal Tropical” (1979) e “Fantasia” (1981).

