Sáb, 06 de Dezembro

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TELEVISÃO

Luis Melo exalta a abordagem de etarismo e amor na maturidade com o Bartolomeu, de "Vale Tudo"

Ator estava distante das novelas desde 2018, pois está morando no Paraná, longe dos estúdios da Globo

Luis Melo interpreta Bartolomeu no remake de "Vale Tudo"Luis Melo interpreta Bartolomeu no remake de "Vale Tudo" - Foto: TV Press/Divulgação

Luis Melo é um ator de princípios. Mesmo com saudade de fazer tevê - está longe das novelas desde 2018 -, o ator dificilmente voltaria a enfrentar a ponte-aérea entre sua casa, no Paraná, e os estúdios da Globo, no Rio de Janeiro.

Não por um personagem qualquer. Convidado para viver o experiente Bartolomeu em ''Vale Tudo'', aos 67 anos, Melo se empolgou com a possibilidade de falar sobre etarismo e o amor em tempos de maturidade. ''É um assunto muito importante e que atinge todas as áreas. A verdade é que as pessoas estão vivendo mais e precisam produzir, terem seu espaço no mercado de trabalho e serem respeitadas por suas histórias'', avalia.

Paranaense de Curitiba, Melo se descobriu na atuação ainda adolescente. Nos anos 1980, morando em São Paulo e sob a batuta do diretor Antunes Filho, se tornou o nome principal dos prestigiados Grupo Macunaíma e Centro de Pesquisa Teatral. O tom mais alternativo de sua formação não o atrapalhou na hora de ir para a televisão. E mesmo a contragosto de seus parceiros teatrais, encarou um dos papéis centrais de ''Cara & Coroa'', sob a direção de Wolf Maya.

''Eu tive total apoio da direção e de toda a equipe técnica para este trabalho. Não sabia nem para onde olhar'', diverte-se o ator, que se tornou um dos nomes mais requisitados de sua geração e enveredou por trabalhos de sucesso como ''O Cravo e a Rosa'', ''A Casa das Sete Mulheres'' e ''O Auto da Compadecida''. Nos últimos anos, ele vem se dedicando de forma intensa ao Campo das Artes, empreendimento cultural voltado para realizações artísticas das mais diversas expressões.

''É o grande projeto da minha vida. Venho construindo esse espaço desde 2008. É um ato de amor e resistência ao que eu acredito como artista'', valoriza.

P - Você ficou sete anos distante dos folhetins. Como encara esse retorno em “Vale Tudo”?
R - Com muita felicidade. Estava com saudades dos estúdios e recebi esse chamado muito carinhoso do Paulo (Silvestrini, diretor) e da Manuela (Dias, autora) para fazer o Bartolomeu. Tenho acompanhado os trabalhos da Manuela na tevê e vi nesse convite uma excelente oportunidade de trabalhar um texto dela e falar sobre algo muito real e urgente, o etarismo.
P - Como o tema se desenvolve?
R - O Bartolomeu é um jornalista reconhecido, com uma carreira legal e que acaba sendo demitido em uma reformulação da empresa onde trabalhava. Não só ele é mandando embora, mas todos os colegas de geração. Esse tipo de movimento acontece em todos os lugares e é muito nocivo. Até porque, a expectativa de vida aumentou, pessoas maduras precisam e têm total capacidade de trabalhar.
P - Como você enxerga o etarismo na tevê?
R - A verdade é que a televisão se preocupa tanto com os núcleos mais jovens das tramas que esquece de fazer personagens interessantes para os atores com mais de 60 anos. Quando tem, é um ou dois papéis e pronto. Fico feliz em ver meus amigos mais experientes brilhando no vídeo e acredito de verdade na mistura entre novos e antigos talentos para que as produções realmente sejam bem sucedidas.
P - “Vale Tudo” também aborda o amor na maturidade na relação do seu personagem com a Eunice (Edvana Carvalho). Como é essa parceria?
R - Incrível. Eu conhecia e admirava a Edvana do teatro e do cinema. Nossa interação tem sido muito bonita, ambos comprometidos com a mensagem importante que esse casal carrega, onde ambos precisam se reinventar individualmente e ainda assim manter o equilíbrio a dois.
P - Você chegou a ver a primeira versão de “Vale Tudo”?
R - Sou um grande fã do Cláudio Corrêa e Castro, que interpretou o personagem originalmente. Mas na época da novela, eu estava totalmente mergulhado no teatro, nos estudos e projetos do Centro de Pesquisa Teatral, o CPT, do Antunes (Filho). Busquei algumas coisas agora e me deu muita saudade do Cláudio, que é uma figura fundamental para a minha formação como ator.

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