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SÃO JOÃO

Maciel Melo, o "Caboclo Sonhador" e sua história com o forró

O compositor e cantor Maciel cumpre uma agenda cheia neste período junino, com dois lançamentos

Maciel MeloMaciel Melo - Foto: Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco

Há cerca de 30 anos, em todo período junino, um nome não pode faltar nos palcos que celebram Santo Antônio, São João e São Pedro, dentro e fora de Pernambuco: Maciel Melo, o “Caboclo Sonhador”, que faz do forró seu ofício de fé, levando nosso sotaque, nosso costumes e tradições nordestinas Brasil afora.

Maciel Melo nunca deixa passar um São João sem uma música nova lançada. Nesta safra de 2024, apresentou logo duas inéditas: uma é “Coisas simples”, canção composta com Cláudio Almeida – também parceiro de Maciel em um dos seus maiores clássicos, “A Poeira e a Estrada”.

A outra se chama “A Rosa e o Girassol”, composta a partir do olhar sensível de poeta e cantador, que consegue captar grandeza em coisas que para nós podem parecer prosaicas. No caminho para Petrolina, de carro, ao ir visitar a mãe, Maciel se deparou, na estrada, com um girassol e uma rosa, lado a lado.

“Aquilo me chamou a atenção. Fiquei olhando, peguei o celular e tirei uma foto e, no caminho, vim martelando aquilo, porque era como se fosse um casal, a rosa e o girassol”.

Profissão compositor
Com mais de 500 músicas gravadas – por ele próprio e por outros artistas –, Maciel fala, sem pestanejar, sobre sua vocação e predestinação artística. “Eu não paro de lançar coisa nova. Eu não paro de compor, não paro de escrever. Meu ofício é esse: sou compositor”, declara.

“Entre os 15 e 16 anos, fiz minha primeira música. Aos 17, eu já estava me profissionalizando, já estava fazendo música para concorrer nos festivais de música. Rodei esse Brasil todo, onde tinha um festival, eu ia: em Minas Gerais, em São Paulo, no Maranhão, eu ia.”

Nessa época, ele compunha músicas mais voltadas para a cantoria, para a MPB. A sua relação com o forró – gênero que, praticamente, o adotou – veio se estreitar a partir da metade dos anos 1980, sendo consagrada, de fato, a partir dos anos 1990.

Ouça (e assista) "A Rosa e o Girassol", de Maciel Melo

“Em 1984, 1985, eu comecei a compor uns forrós, junto com as músicas que eu fazia para festival, que eram umas coisas mais de cantoria, MPB. Em 1985, eu compus ‘Caboclo Sonhador’; depois, ‘Que nem vem vem’, mas só veio estourar tudo no começo da década de 1990”, conta.

Maciel e o forró
Natural de Iguaracy, no Sertão do Pajeú pernambucano, Maciel Melo veio morar definitivamente no Recife em 1986. “Antes, eu morei aqui; mas, depois, fui-me embora, morei no Rio [de Janeiro], morei em São Paulo; depois, morei em Salvador”. Inclusive, seu primeiro álbum, “Desafio das Léguas”, foi gravado em Salvador (BA), conta o artista.

Esses trajetos foram alimentando muito do caráter estradeiro do poeta Maciel. E o forró  tornou-se sua bandeira, que ele empunha não só aqui, mas em muitos lugares no Brasil. Lugares, inclusive, que não têm as mesmas referências do gênero como no Nordeste.

Fora a sua agenda de São João – que traz, como próximos shows: Monteiro/PB (16/6); Sítio Trindade, no Recife/PE (22/6), Alto do Moura, em Caruaru/PE, (23/6), Arcoverde/PE (23/6) e Poço da Panela, no Recife/PE (28/06) – e outros shows após esse período, Maciel se apresentará, pela terceira vez, no FENFIT (Festival Nacional Forró de Itaúnas), em Dunas de Itaúna, no Espírito Santo, região Sudeste.

“São nove noites só de forró. E é forró tradicional! Quem vai pra lá são os caras que representam o verdadeiro forró”, diz Maciel, que observa um fenômeno curioso: “A juventude no Sul e no Sudeste gosta muito mais, curte muito mais o forró do que a juventude daqui.”

A escolha pelo forró, para Maciel, se deu pela sua total identificação com a representatividade regional que o gênero carrega. “O forró é a única música que representa o povo sertanejo. É a sonoridade musical que representa a nação nordestina. É o sotaque, é a identidade. No forró, a gente leva a nossa culinária, a nossa fauna, a nossa flora, a nossa geografia.”

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