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Projeto PEBA celebra matas e quilombos de Pernambuco e Bahia, a partir desta quinta (25)

Com lançamento nesta quinta (25), mostra vai ocupar espaços da Caixa Cultural Recife, com exposição, oficinas, rodas de conversa e shows

Exposição será aberta, nesta quinta (25), na Caixa Cultural do RecifeExposição será aberta, nesta quinta (25), na Caixa Cultural do Recife - Foto: Lany Cruz/Divulgação

Com o tema Celebração das Matas e Quilombos, 3ª edição do Projeto PEBA volta a criar pontes entre Pernambuco e Bahia.  A mostra será aberta, nesta quinta-feira (25), a partir das 17h, na Caixa Cultural do Recifea, com entrada franca.

A exposição, que recebeu  107 mil visitantes na edição passada, propõe um mergulho sensorial, estético, político e ancestral nas matrizes afrodescendentes e indígenas que moldam a identidade brasileira. O acesso à exposição e a todas as atividades do Projeto é gratuito e aberto ao público em geral.

Sobre a mostra
O projeto PEBA reúne obras impressas e exibições contínuas de 56 fotógrafos e fotógrafas dos dois estados, numa rede de olhares que revelam memórias, corpos e territórios.
 

Foto: Hélia Scheppa/divulgação

A mostra convida o público a fazer uma imersão nas histórias, nas lutas e nas celebrações dos povos originários e quilombolas, revelando a potência de seus saberes e modos de vida. 

“Escolhemos celebrar as Matas e os Quilombos porque são territórios de vida, resistência e memória. Reconhecer a força dos povos originários e quilombolas é também reafirmar nossa identidade e nossa história. Essa edição do PEBA nasce do desejo de homenagear esses saberes, e de criar um espaço em que arte, cultura e ancestralidade se entrelaçam como uma rede que nos sustenta e projeta para o futuro”, comemora o fotógrafo e idealizador do Projeto, Sérgio Figueiredo.  

A rede, presente nas aldeias e quilombos como espaço de descanso, acolhimento, proteção e partilha, é o símbolo que inspira esta edição do Peba.

Mais que objeto, ela se torna metáfora: costura imagens que atravessam tempo e território, tecendo o encontro de artistas de Pernambuco e Bahia. Assim, a REDE evoca o tecido coletivo que conecta memórias, corpos e criações, configurando-se como eixo central da celebração das matas e quilombos.

Além das fotografias, dez artesãos e artesãs, apresentam peças que aproximam tradição e contemporaneidade. Nesta edição, a mostra presta homenagem à mestra artesã pernambucana Luiza dos Tatus (in memoriam), e aos fotógrafos baianos Adenor Gondim e Iêda Marques, referências na celebração da cultura popular e da memória ambiental.

A abertura será marcada ainda pela apresentação do Bacnaré – Balé de Cultura Negra do Recife, com a participação de 15 bailarinos e 5 percussionistas, e pelo toré do povo Fulni-ô, de Águas Belas, conduzido pelo mestre Matinho Fulni-ô.

Exposição será aberta, nesta quinta (25), na Caixa Cultural do RecifeFoto: Antônio Melcop/Divulgação

Sobre o projeto
Realizado pela Associação dos Produtores de Artes Cênicas e Música de Pernambuco –APACEPE, com produção da vaVER, o PEBA reforça seu compromisso social, oferecendo atividades educativas para o público em geral e para centenas de estudantes da rede pública de ensino.

A curadoria é assinada por Sérgio Figueirêdo, Eduardo Romero e Rebeka Monita. Nesta edição, o Projeto tem patrocínio do Ministério da Cultura do Governo Federal, apoio da CAIXA Cultural Recife e Secretaria de Cultura da Prefeitura do Recife. 

Breve histórico do PEBA - O Projeto PEBA consiste em promover a interlocução entre os trabalhos de artistas com o objetivo de fomentar o debate sobre a influência cultural afrodescendente em Pernambuco e na Bahia, bem como a importância da luta no combate ao racismo.

A primeira edição aconteceu em 2022, idealizada pelo casal de artistas pernambucanos, o fotógrafo Sérgio Figueirêdo, e a arte educadora e pedagoga Williany Amaral, que através de recursos próprios e pequenos apoios logísticos e financeiros de amigos, percorreram 5 mil quilômetros de carro entre os estados de Pernambuco e Bahia, levando a exposição fotográfica coletiva para comunidades remanescentes de quilombos, assentamentos, feiras livres e praças de pequenos municípios, até chegar no destino final em Salvador. Além da exposição, o casal promoveu oficinas de contação de histórias e de confecção de bonecas Abayomi. 

Meses depois o projeto rendeu frutos que fez o casal voltar ao quilombo de Águas Claras, em Triunfo, no sertão de Pernambuco, para em parceria com a CMTECH - empresa pernambucana que compõe o parque tecnológico do Porto Digital – entregar a comunidade o 1º Ponto de Inclusão Digital Quilombola Anísio Preto – contendo uma sala com 10 computadores, internet e um professor, permitindo que os moradores da localidade pudessem ter acesso ao mundo digital. 

A segunda edição, no ano passado, chegou mais arrojada e robusta graças ao incentivo dos parceiros, apoiadores e patrocínios, que trouxe uma vasta programação de artes integradas contendo exposição fotográfica, mostra de cinema, oficinas educativas e artísticas, rodas de conversa, seminário, lançamentos de livros, cortejos e espetáculos musicais. Programação esta que chega renovada na edição de 2025. 

Sobre os homenageados:
Luiza dos Tatus – uma mestra do barro e da resistência
Luiza dos Tatus (1959–2023) foi uma das grandes mestras do artesanato pernambucano, referência de força e talento em Belo Jardim. Nascida em uma família de louceiras, desde menina moldava o barro, entre a brincadeira e o ofício que garantiria sua subsistência. Seu ponto de virada aconteceu com o projeto Estado de Arte, conduzido pela artista Ana Veloso, que impulsionou sua produção e lhe deu visibilidade. A partir daí, Luiza passou a criar esculturas inspiradas na fauna regional — tatus, lagartos, iguanas — peças que lhe renderam o nome pelo qual ficou conhecida. Ao longo de mais de cinco décadas, sua trajetória foi marcada por coragem, superação e dedicação, tornando-se símbolo de resistência feminina. Reconhecida em feiras como a Fenearte, premiada no Brasil e no exterior, recebeu em 2020 o título de Mestra Artesã e, em 2021, o de Memória Viva de Belo Jardim. Em 2023, foi a primeira colocada no Prêmio Pernambuco de Artesanato. Falecida aos 64 anos, deixou um legado que segue vivo na memória cultural e afetiva do povo pernambucano.

Iêda Marques – uma ativista ambiental e cultural
Nascida em 8 de agosto de 1953, em Boninal (BA), Iêda Marques é fotógrafa autônoma e desenvolve trabalho independente desde 1976. Seu olhar, influenciado pela fotografia popular, por retratistas pintores e fotógrafos lambe-lambe, dedica-se à criação de uma memória afetiva, individual e coletiva, a partir dos patrimônios imaterial e natural, com recorte voltado aos biomas caatinga e cerrado — especialmente a caatinga, onde estão suas origens. Por meio de projeções de slides, exposições fotográficas e monóculos, devolve às comunidades, sobretudo rurais, imagens que fortalecem a autoestima. O ativismo socioambiental entrou em sua vida quando, ainda jovem, tornou-se retirante nordestina e viveu em São Paulo, experiência que aguçou sua curiosidade, observação e interesse pela diversidade humana. Em 1975, sua família retornou ao interior da Bahia, e ela mudou-se para Salvador, onde cursou fotografia. Como retratista, busca um olhar que alimente a solidariedade, a reflexão, a preservação e a dinamização da cultura e do meio ambiente. Iêda segue em plena ação.

Adenor Gondim – um xamã da baianidade
Como um xamã, Adenor Gondim protege culturas, matas, aldeias e quilombos, aproximando-nos do encontro mágico com o sagrado que, pela fotografia, ganha força para preservar a vida e as tradições. Ao retratar de forma humanizada os mistérios da Bahia, revela a alma afroindígena e atua como guardião da memória de povos de espírito guerreiro. Nascido em Ruy Barbosa (BA), em 25/06/1950, herdou do pai, fotógrafo, o fascínio pelo “retangulinho” da câmera, tornando-se viajante de seu país chamado Bahia. Suas imagens registram a Irmandade da Boa Morte, as festas a Iemanjá e Santa Bárbara, compondo um acervo que o consagrou como um dos maiores fotodocumentaristas do Brasil. Biólogo formado pela UFBA, integrou a reconfiguração da fotografia baiana nas décadas de 1970 e 1980. Com mais de 200 mil fotos e 48 mil slides, sua obra — autoral, poética e presente em acervos e publicações no Brasil e no exterior — traduz a revolução estética nas manifestações do profano e do místico. Em tons de branco, azul, verde e preto, suas fotos captam entidades em prece, aguardando, com respeito e precisão, o momento em que vento, poeira e perfumes da terra se unem para eternizar o instante.

PROGRAMAÇÃO GERAL:

3ª edição do Projeto PEBA - Celebração das Matas e Quilombos
Abertura: 25 de setembro (Quinta-feira)
Horário: 17h
Local: Galeria II - CAIXA Cultural Recife – na Av. Alfredo Lisboa, Recife Antigo
Entrada GRATUITA
Classificação: Livre

SOLENIDADE: 
Hora: 18h00
Local: Octógono da Galeria II
Breve cerimônia que marca o início oficial do projeto. O momento reunirá artistas, parceiros e público em torno das memórias e resistências celebradas pela mostra. Durante a solenidade, serão feitas falas rápidas de acolhimento e agradecimento, seguidas da entrega dos troféus do Projeto PEBA, símbolo de reconhecimento e valorização das trajetórias de personalidades que contribuem para a arte, a cultura e a memória dos povos pretos e originários.
Apresentações musicais:
Performance Musical – Toré
Título do Espetáculo: Toré – Cantos e Passos da Ancestralidade
 
Liderada pelo Mestre Matinho Fulni-ô, a banda apresenta a rica tradição musical e cultural de seu povo. Composto por músicos da etnia Fulni-ô, o grupo executa a Cafurna, música que celebra o cotidiano, a espiritualidade e a luta pela identidade, acompanhada de danças inspiradas em animais do sertão, valorizando o pífano como símbolo da cultura indígena.

Apresentação do Balé de Cultura Negra do Recife – BACNARÉ. Título do espetáculo: Memórias
Memórias é um espetáculo de música e dança afro que retrata a trajetória dos povos africanos desde a chegada nos navios negreiros até a resistência nos Quilombos. A obra percorre a dor da escravidão nos canaviais, o despertar de Zumbi, a força do maculelê e da capoeira, culminando na celebração da cultura afro-brasileira e na reverência às divindades das matrizes africanas

Hora: 19h00
Local: Sala Multimídia
Classificação: Livre


Dia 26.09:

Oficina de Cultura Indígena (Oficineiro: Mestre Matinho Fulni-ô) 
Título: Saberes Fulni-ô: Música, Dança e Cultura Indígena
Oficina conduzida pelo Mestre Matinho, da Tribo Fulni-ô, que compartilha saberes sobre a cultura indígena, com foco nas tradições Fulni-ô. A proposta aborda músicas, danças,
 
memória, preservação cultural, inclusão e reconhecimento, promovendo trocas de saberes e valorizando a riqueza dos povos originários.
Hora: Manhã (10h30 às 12h00) / Tarde (14h30 às 16h)
Local: Sala Multimídia
Classificação: Livre
Faixa etária prioritária: A partir de 12 anos
•    Carga horária: 03 horas
•    Quantidade de encontros: 02 (manhã e tarde)
•    Quantidade de pessoas por encontro: até 30

Visita Guiada com Sérgio Figueirêdo
Título: PEBA: Celebrações das Matas e Quilombos
A visita guiada será conduzida por Sérgio Figueirêdo, fotógrafo, idealizador do Projeto PEBA e curador da mostra. Com seu olhar sensível e clínico da arte, especialmente da fotografia, ele apresentará ao público os detalhes da exposição, que revela na arte a resistência, os saberes, a cultura e a história dos povos originários e quilombolas.
Dia: 27/09/2025
Hora: 15h00 às 16h00
Local: Galeria II
Faixa etária prioritária: Geral

Roda de Conversa (Iêda Marques convida Eduardo Romero)
Título: A fotografia de Iêda Marques revela lembranceiras, imaginário e realidade
A roda de conversa propõe um mergulho no universo poético e documental da fotógrafa baiana Iêda Marques, cuja obra transita entre memória, imaginação e realidade tendo a caatinga como pano de fundo. Inspirada em ritos de passagem, sua fotografia evoca “lembranceiras”, costurando afetos e resistências. O diálogo conta com a presença do artista e pesquisador Eduardo Romero (UFPE).

Dia: 27/09/2025
Hora: 16h00 às 18h00
Local: Octógono da Galeria II
Faixa etária prioritária: Geral

Oficina de Artesanato de Barro (Oficineira: Carol do Tatu) 
Título: Herança de Barro – Saberes dos Tatus
A oficina conduzida por Carol do Tatu, herdeira cultural da Mestra Luiza dos Tatus, apresenta o legado da tradição ceramista dos Tatus. Dividida em dois momentos, inicia com a história e o processo artesanal do barro — preparo, modelagem e queima — e segue com a prática, onde participantes aprendem a moldar e criar suas próprias peças, vivenciando a ancestralidade e a força desse saber.
Dia: 22/10/2025
Hora: Manhã (10h30 às 12h00) / Tarde (14h30 às 16h)
Local: Sala Oficina 1
Classificação: Livre
Faixa etária prioritária: A partir de 14 anos
•    Carga horária: 03 horas
•    Quantidade de encontros: 02 (manhã e tarde)
•    Quantidade de pessoas por encontro: até 20

Oficina de Produção Cultural (Oficineiro: Afonso Oliveira)
Título: Método Canavial - Introdução à Produção Cultural Coletiva e Comunitária
O Método Canavial, ensina a produção cultural coletiva e comunitária, fortalecendo a cultura popular da Zona da Mata. A oficina apresenta princípios de captação de recursos, formação de produtores locais e protagonismo cultural, inspirados na trajetória premiada de Afonso Oliveira e na metodologia consolidada em seu livro Método Canavial.
 
Dias: 22 e 23/10/2025
Hora: Tarde (14h00 às 18h00)
Local: Sala Multimídia
Classificação: Livre
Faixa etária prioritária: A partir de 18 anos
•    Carga horária: 08 horas
•    Quantidade de encontros: 02 (período da tarde em dois dias)
•    Quantidade de pessoas por encontro: até 50


Oficina de Artesanato (Oficineira: Salamandra)
Título: Carimbos Artesanais - Grafismos Afro-indígenas
Carimbos Artesanais – Grafismos Afro-Indígenas é uma oficina que une criatividade e sustentabilidade, propondo a experimentação de técnicas de estamparia em tecido a partir de carimbos feitos com materiais de baixo custo e reaproveitados. Voltada a todos os públicos, estimula a expressão artística, a consciência ecológica e o diálogo com os grafismos das culturas afro-indígenas, em processos coletivos e individuais.
Dia: 07/11/2025
Hora: Manhã (10h30 às 12h00) / Tarde (14h30 às 16h)
Local: Sala Oficina 1
Classificação: Livre
Faixa etária prioritária: A partir de 12 anos
•    Carga horária: 03 horas
•    Quantidade de encontros: 02 (manhã e tarde)
•    Quantidade de pessoas por encontro: até 10

Oficina de História em Quadrinhos (Oficineiro: Eron Villar) 
Título: Iniciação à Narrativa em Quadrinhos
Oficina teórico-prática de Histórias em Quadrinhos para adolescentes e jovens, abordando roteiro, composição e linguagem visual. Os participantes criam pequenas
 
HQs inspiradas em suas vivências, refletindo sobre gênero, raça e identidade, desenvolvendo habilidades estéticas e críticas na construção de narrativas próprias.
Dias: 12 e 13/11/2025
Hora: Manhã (10h30 às 12h00) / Tarde (14h30 às 16h)
Local: Sala Multimídia
Faixa etária prioritária: A partir de 14 anos
•    Carga horária: 03 horas
•    Quantidade de encontros: 02 (manhã e tarde)
•    Quantidade de pessoas por encontro: até 25

Oficina de Dança Afro (Oficineiro: Tiago Batista Ferreira) Título: O Despertar das Raízes Negras
O Despertar das Raízes Negras é uma oficina de dança afro que explora as potencialidades do corpo em movimento, conectando participantes às tradições da cultura africana e afro-brasileira. A oficina propõe um mergulho no ritmo, na ancestralidade e na expressão coletiva.
Dia: 14/11/2025
Hora: Manhã (10h30 às 12h00) / Tarde (14h30 às 16h)
Local: Sala Oficina 1
Faixa etária prioritária: A partir de 12 anos
•    Carga horária: 03 horas
•    Quantidade de encontros: 02 (manhã e tarde)
•    Quantidade de pessoas por encontro: até 20

*Com informações de assessoria de imprensa

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