Gravações de morte canceladas, cigarro sem nicotina: curiosidades do Rubinho de "Vale tudo" original
Pai de Maria de Fátima foi interpretado por Daniel Filho para "salvar a situação, já que nenhum dos atores convocados podia fazer"
O infarto do personagem Rubinho (o ator Júlio Andrade) no remake da novela " Vale tudo", exibido na noite da última segunda-feira (21), tem instigado a curiosidade do público sobre o personagem da versão original, de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, exibida em 1988.
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Na época, o pai de Maria de Fátima foi interpretado pelo diretor Daniel Filho, que também ficou pouco menos de um mês na novela.
As circunstâncias da morte do personagem foram idênticas a da adaptação de Manuela Dias: Rubinho infarta no jatinho particular de Marco Aurélio, rumo a tão sonhada Nova York.
O avião nem chega a decolar, e ele é levado imediatamente ao hospital, onde morre pouco depois.
Na edição de 5 de junho de 1988, O Globo detalha como foram as gravações das cenas do avião. "Ao que parece, Rubinho não queria morrer", dizia a matéria.
"As gravações no Rio, simulando o aeroporto de Búzios, foram adiadas duas vezes devido ao mau tempo e, na terceira, acabaram sendo feitas apenas em parte".
O texto reportava também que "o mais difícil mesmo foi registrar o ataque cardíaco, dentro do avião, e Rubinho no chão do aeroporto, sendo socorrido pela enfermeira Claudia (Thereza Mascarenhas), que lhe faz massagens no peito e pede a Raquel (Regina Duarte) que aplique no ex-marido a respiração boca-a-boca".
A versão de Daniel Filho
O intérprete de Rubinho em 1988 foi vivido pelo diretor da Central Globo de Produção para quebrar um galho dos diretores Denis Carvalho e Paulo Ubiratan, conforme contou o próprio Daniel Filho ao Globo, em matéria da repórter Eva Spitz, duas semanas após a morte do personagem.
"Na verdade, Daniel Filho foi o oitavo ou nono ator a ser chamado para o papel de Rubinho — 'só o fiz porque o Denis e o Paulo Ubiratan me pediram para salvar a situação, já que nenhum dos atores convocados podia fazer', diz ele."
A matéria salientava alguns predicados que o ator/diretor não preenchia, embora o papel tenha "caído como uma luva" para ele: não saber cantar, tocar piano, nem fumar.
"O caso é que Daniel Filho também não sabe tocar piano e abomina cigarro. E não só cantou 'New York, New York' quase inteira, como tocou piano e ainda fumou desagradavelmente. O cigarro — à base de ervas, sem nicotina, nem tabaco — foi ideia dele. 'Como eu sabia que o personagem ia morrer infartado, inventei isso, dele fumar um cigarro atrás do outro, quase como uma campanha contra o fumo.'"

