The Town começa neste sábado (6) em SP, com line-up dominado por Travis Scott e pelo trap; confira
Programação de sábado inclui ainda Lauryn Hill; domingo é dia do rock de Green Day e Bad Religion
É dada a largada. A partir de hoje, as baterias do The Town vão ocupar o Autódromo de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, para a segunda edição do festival “irmão” do Rock in Rio.
Para abrir a temporada de shows — que se estende pelo domingo (7) e semana que vem, com apresentações na sexta, no sábado e no domingo (12, 13 e 14) —, o festival concentrou atenção especialmente nas estrelas do trap, tendo Travis Scott como ícone principal, subindo ao Palco Skyline neste sábado (6) à noite. Junto a ele, unem-se nomes nacionais como Filipe Ret, Matuê, Teto, MC Cabelinho, Tasha & Tracie, que ajudam a compor toda a programação do dia.
— O trap é democrático, feito em diversos estados do país. Tem, por exemplo, uma força vinda do Matuê, do Ceará, do Teto da Bahia. E é bem diferente do que é feito pelo Cabelinho, pelo Hariel — diz Zé Ricardo, vice-presidente artístico do The Town. — A linguagem do trap se aproxima muito dos jovens, pela sua liberdade.
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Hit de um bilhão de plays
Travis Scott é o grande nome da programação do The Town neste sábado (6). - Foto: Divulgação/Travis Scott Travis Scott, atração principal de domingo (7), ajuda a decifrar o fenômeno. O americano de 34 anos ajudou a dar tração ao movimento, marcado por batidas graves, ritmo desacelerado e, por vezes, voz “metálica” cuja função é justamente trazer um tipo de textura que corrobore com a estética sombria do som. Para se ter uma ideia da força movimentada pelo texano, seu hit “Goosebumps”, lançado no já distante ano de 2017, foi ouvido mais de um bilhão de vezes somente no YouTube.
Seu impacto pode ser sentido em aspectos, digamos, sísmicos. Num show em 2023, em Roma, quem estava no entorno do Circo Máximo, onde foi realizada a apresentação, acreditou sentir um tremor de terra semelhante a um terremoto. Mas era o impacto do público de 60 mil pessoas pulando ao som de músicas como “FE!N” (em parceria com o rapper Playboi Carti). A faixa é tão poderosa que chega a ser tocada diversas vezes pelo artista num único show.
No Brasil, outros artistas do trap são capazes de mover paixões de plateias fiéis. Entre eles, está o rapper Filipe Ret, de 40 anos, que abrirá as atividades no Palco Skyline. O artista afirma que não existem limites de temas no segmento e que a variedade de sons que o inspiram também é grande: vai da mistura de rap rock do Planet Hemp ao funk melody, sucesso no Rio.
— Sendo um gênero que deriva do rap, o trap permite ainda mais liberdade. Acho que o trap aborda absolutamente todos os assuntos, permite muito flow. Permite desenhos melódicos muito interessantes —diz Ret.
Envolto em polêmicas
Adailton Moura, jornalista musical especializado em rap, afirma que o trap, no Brasil, anda de braços dados com os artistas do funk. A junção é uma maneira brasileira de adaptar o ritmo, nascido em Atlanta, nos EUA, décadas após estouro causado pelo hip-hop em Nova York, seu berço original. No Brasil, a sonoridade guarda características próprias: há vertentes românticas e sons que falam de sexo ou ostentação. Canções de denúncia também aparecem nos repertórios.
— No Brasil, o trap anda sozinho, tem seu público. Muitas vezes quem escuta trap não ouve um rap que a gente pode considerar mais tradicional, mais combatente. Tem a molecada que não ouve nem o rap nem o funk, escuta os artistas de trap mesmo — avalia.
Com o apelo popular, o ritmo também acaba envolvido em polêmicas, como ocorreu na apresentação no Rock in Rio em que MC Cabelinho e MC Veigh apareceram com armas que disparam bolinhas de gel ao longo de seu show. A performance dividiu opiniões na ocasião.
Um desafio do ritmo no país é abrir espaço para mulheres arrebatarem públicos maiores. Elas estão na cena, claro, mas a maior parte dos que acumulam milhares de “plays” nas plataformas é do sexo masculino. A rapper baiana Duquesa, que sobe ao Palco Quebrada do The Town no dia 12, é uma das que notam a diferença.
— Nosso grande desafio é o público — diz Duquesa, que acaba de lançar o EP Six. — Meu ponto de vista sobre o mundo é uma mistura de sentimentos. Eu canto o que gostaria de ouvir.
Na segunda vez que o The Town acontece em São Paulo, no Autódromo de Interlagos, onde foi montada a Cidade da Música, a programação se estende até a semana que vem com 14 horas de atividade por dia, entre música, dança e atrações gastronômicas. Uma das novidades desta edição é o Palco Quebrada, onde a ideia é celebrar os sons da periferia paulistana. Passam por lá artistas como MC Hariel, Belo, Criolo e Black Pantera. Também tem a chamada The Tower, atração com 25 metros de altura de cenografia, com um dragão mecanizado capaz de cuspir fogo. Logo abaixo do animal gigante, bailarinos, orquestra e DJs embalarão o público ao fim do último show de cada dia.
As receitas do Market Square, por sua vez, serão assinadas pelo chef Henrique Fogaça. Serão seis restaurantes e 20 opções de receitas, entre doces, salgados e opções vegetarianas.
— Continuamos nos reinventando e renovando a cada festival, além, obviamente, de repetir atrações consagradas na primeira edição como o Palco Skyline da São Paulo Square (palco de jazz e blues). Mas apresentaremos novos conteúdos — diz Luis Justo, CEO da Rock World, criadora do Rock in Rio e do The Town. — Trouxemos os aprendizados da primeira edição. Na própria disposição dos palcos fizemos algumas alterações pensando nessa experiência de fluxo e circulação do público.
O festival ainda tem ingressos disponíveis no site da Ticketmaster. Os próximos dias de atividade contarão com shows de Backstreet Boys, Katy Perry, Mariah Carey, Ceelo Green, Jason Derulo, Jessie J, entre outras atrações nacionais e estrangeiras. Neste domingo (7), o Green Day subirá ao Palco Skyline. Antes deles, Bad Religion, Iggy Pop e Bruce Dickinson se apresentam no festival.

