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NEGÓCIOS

Ações da CVC disparam a reboque de mudança no comando e oferta de ações de R$ 200 milhões

Novo CEO já atuou na companhia

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As ações da CVC Corp, dona da operadora de turismo CVC, registram alta de 9,86% nesta sexta-feira (9), cotadas a R$ 4,57, a maior na B3. Em uma semana, os papeis da companhia saltaram quase 27%. É aumento que vem a reboque do anúncio do novo comando, agora nas mãos de Fabio Godinho; de um aporte de R$ 75 milhões que integra acordo de negociação das dívidas, com uma oferta de ações avaliada em R$ 200 milhões e divulgada na quinta-feira.

Todos eles são desdobramentos do acordo fechado pela companhia com seus debenturistas para reperfilamento da dívida com esses detentores de títulos — que encerrou março a R$ R$ 925,9 milhões. Esse acordo já previa uma oferta de ações a ser realizada até novembro.

Na quinta-feira, a CVC anunciou que contratou o Citi e o Itaú BBA para coordenarem potencial oferta pública de ações com o objetivo de captar R$ 200 milhões, devendo permitir ainda um bônus de subscrição aos investidores.

Essa oferta é ainda uma contrapartida ao aporte a ser feito por fundo de investimento de Guilherme Paulus, fundador e antigo controlador da CVC. O investimento anunciado de R$ 75 milhões foi acordado entre a companhia e a Mar Holding Participações — gestora de investimentos liderada por Gustavo Paulus, filho de Guilherme, e que administra os fundos da família.

O acordo com os debenturistas já havia permitido jogar para 2025 e 2026 o equivalente a 90% do pagamento da dívida, colaborando para a CVC alcançar o menor patamar de endividamento em cinco anos. Os resultados do primeiro trimestre, contudo, seguiam levantando preocupação no mercado.

Desafios para ganhar valor
Nos três primeiros meses do ano, houve prejuízo de R$ 128 milhões — abaixo da perda de R$ 166,8 milhões de igual período de 2022. Mas a chamada take rate, que é a taxa do ganho da CVC por embarque de passageiro, descontando o pagamento a fornecedores, ficou em 7,4%, recuando dos 9,7% registrados um ano antes.

E, no fim de maio, Leonel Andrade, que presidia a CVC Corp desde 2020, tendo conduzido os negócios em meio à paralisação do turismo na pandemia e atuado no acordo com os debenturistas, renunciou ao cargo.

No mercado, em paralelo à expectativa de crescimento do setor com a retomada do turismo, a volta de Guilherme Paulus ao negócio é vista como uma sinalização positiva.

“Damos boas-vindas ao anúncio (do nome de Godinho) já que ele traz um CEO experiente, que já conhece a empresa e que conta com vasta experiência no setor de turismo, ao mesmo tempo em que há o compromisso firme de ter cerca de 40% do aumento de capital acompanhado do retorno do fundador da companhia”, diz relatório assinado pelos analistas Joseph Giordano, Nicolas Larrain e Guilherme Vilela. do JP Morgan.

Eles ressaltam, porém, que o cenário das operações continua desafiador, o que limita o potencial de valorização das ações da CVC, por isso o JP Morgan não vai aumentar a fatia desses papeis em seu portfólio.

Executivo de vendas também de volta
A tradicional convenção de vendas da companhia, realizada entre os últimos dias 3 e 6, em Foz do Iguaçu, foi palco para a (re)estreia de Godinho no comando da CVC. Foram mais de mil participantes, com direito a show de encerramento com Ivete Sangalo.

Ele fundou a proptech MyDoor, que atua no mercado imobiliário de alto padrão, vendendo residências pelo sistema de multipropriedade, em maio de 2022, após deixar a presidência da GJP Hotéis e Resorts — grupo de hotelaria fundado por Guilherme Paulus e vendido no fim de 2021.

Mas Godinho tem duas passagens anteriores pela CVC, tendo sido diretor de Novos Negócios entre 2008 e 2009 — quando o fundo americano Carlyle comprou a companhia — e, depois, subido a vice-presidente de Produtos e Marketing, de 2012 a 2014. Entre esses dois períodos, ele liderou a Wejbet, aérea de baixo custo que pertenceu à CVC e foi vendida à Gol.

“O mercado de turismo vê com otimismo a volta de Paulus, de uma gestão mais focada na força da antiga CVC (forte em promoções e pacotes de viagens sobretudo a classes C e D)”, diz um executivo do setor.

Na convenção, Godinho acenou com a volta de outro nome à companhia: Valter Patriani, que deve atuar como consultor estratégico. Especialista em vendas e tendo presidido a CVC, o executivo fundou a Patriani, construtora voltada para o segmento de imóveis de médio e alto padrão e que atua no mercado do estado de São Paulo. “É o tipo de pessoa que vende geladeira para esquimó”, comentou um agente de viagens.

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