Carros high tech: saiba quais são as novas tecnologias que já saem das fábricas nos veículos zero km
Novidades estão disponíveis em veículos que custam a partir de R$ 100 mil
Com novas demandas dos consumidores por tecnologia, a indústria automotiva deixou o modo analógico e começou a produzir carros cada vez mais digitais nos últimos anos. Os chamados carros populares saíram de cena do mercado brasileiro para a entrada de veículos cada vez mais conectados e equipados com itens de segurança, como controles de estabilidade e tração (obrigatórios no Brasil desde o ano passado, assim como os airbags, desde 2014), sistemas de frenagem de emergência e alertas de saída de faixa.
— Uma das principais mudanças são os motores mais eficientes e com menos emissões. E, claro, a conectividade com sistemas que interagem com o motorista principalmente por telas grandes — diz Milad Kalume Neto, especialista no setor automotivo.
Mas, se antes alguns desses itens estavam restritos aos 'carros de luxo', agora eles estão disponíveis em modelos que custam a partir de R$ 100 mil. Para Antonio Jorge Martins, coordenador de cursos automotivos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o futuro aponta para carros cada vez mais conectados e tecnológicos. Um bom exemplo disso, são os veículos elétricos, especialmente os chineses, que a cada três meses agregam alguma nova tecnologia para atrair a atenção do consumidor.
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— E, em alguns casos, o motorista nem sabe que a tecnologia está disponível. Essas novidades têm que ser programadas e o motorista treinado — diz Martins.
Hábitos digitais
O diretor de marketing da Renault, Aldo Costa, conta que os novos hábitos de digitalização do consumidor vêm da interação que ele tem com celulares. O cliente, diz, busca também uma experiência sofisticada com os diversos dispositivos que interage no dia a dia, incluindo o automóvel.
Além disso, diversas regulamentações do setor, exigindo mais dispositivos de segurança, aceleraram a implementação de mais tecnologia nos veículos. No Brasil, os airbags e freios ABS são obrigatórios desde 2014. Para Costa, entretanto, nos últimos cinco anos, a indústria automotiva evoluiu mais do que nos últimos cem anos com o cliente mais exigente.
Desde 2020, a Renault lançou um plano estratégico para buscar mais valor agregado a seus veículos, com sistemas de tecnologia — e esse plano já chegou ao Brasil um mercado prioritário para marca. O Kardian, por exemplo, um SUV compacto lançado no ano passado, e fabricado em São José dos Pinhais, no Paraná, tem 13 sistemas de assistência ao motorista e um pacote de conectividade, que já estão em sua "genética". Não são opcionais.
Há desde controle de estabilidade, sistema mais básico, até o controle de velocidade adaptativo. Tem alerta de ponto cego, além de frenagem de emergência, um sistema de segurança que funciona, por exemplo, se o motorista sofre uma fechada e não consegue reagir a tempo.
— O carro vai regular a velocidade que o motorista 'setou' automaticamente em função do veículo que vai logo à frente. Então, se o carro que está à frente freia, o teu vai frear também para manter uma distância mínima que foi determinada dentro do sistema — explica Costa, lembrando que esses sistemas estão presentes em todos os modelos, com algumas adaptações, dependendo do segmento.
Milad Kalume observa que, além dos sistemas de controle de estabilidade e tração obrigatórios, a maioria dos modelos novos já têm sistemas de frenagem de emergência e alerta de saída de faixa, telas multimídia, algumas sensíveis ao toque, com conectividade, que o motorista espelha em seu celular. Alguns já têm chave de presença com partida por botão.
— E itens como ar condicionado e vidros e travas elétricas, que no passado eram opcionais, hoje já saem de fábrica — explica.
Gisele Tonello, vice-presidente de gestão de negócios de software para a América do Sul da Stellantis (dona das marcas Fiat, Peugeot, Citroen) explica que os veículos atuais são compostos por sistemas integrados, em que grande parte dos recursos ao consumidor é processada e gerada por centrais eletrônicas.
Mais segurança
Em alguns casos, mais de 50 centrais estão instaladas, gerenciando funções como sistemas de proteção ativa e passiva (freios ABS, controle de estabilidade, controle de tração, anti-capotamento, airbags), detectores de fadiga do motorista, frenagem de emergência e controle de velocidade adaptativo, além de conectividade.
— A tecnologia embarcada proporciona mais segurança, comodidade e conectividade para o motorista e para os passageiros, muitas vezes de forma imperceptível no dia a dia. Uma ampla gama dos itens listados acima já é oferecida de série nos produtos da Stellantis — diz Tonello, que lembra que sistemas de frenagem de emergência nos carros da Stellantis utilizam câmeras e radares que detectam pedestres e ciclistas, intervindo automaticamente em casos de potencial colisão.
A marca também já tem sistemas de detecção de fadiga e sonolência, que alertam o motorista em situações críticas indicando uma pausa.
Em alguns carros da Volkswagen, o motorista encontra sistema de frenagem de emergência e de assistência, como manter o veículo na faixa, ou numa distância segura do carro à frente, além de detector de ponto cego e assistente traseiro de saída de vaga. Há internet integrada na central multimídia, em que é possível fazer instalações de aplicativo, espelhamento e compartilhamento do celular na tela multimídia
Os elétricos atraíram o consumidor brasileiro oferecendo itens de tecnologia sofisticados. No caso do Dolphin Mini, elétrico da BYD, com preços a partir de R$ 115 mil, há câmera de ré carregador de celular por indução, duas entradas USB dianteiras, sistema multimídia com tela de 10,1" e rotação elétrica.
O carro já vem com pacote com conexão 4G, com dois anos gratuitos, tem freio de estacionamento eletrônico, assistente de partida em subida, sensores de estacionamento traseiro.
— A conectividade nos elétricos é fundamental para, por exemplo, traçar rotas onde seja possível encontrar pontos de recarga — diz Aldo Costa, da Renault.

