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FEIRA

Hospitalar discute saúde sob o olhar da IA e novas tecnologias durante feira em São Paulo

Evento promove tendências, negócios e discussões sobre o seguimento da saúde para profissionais da área

29ª edição Hospitalar, em São Paulo29ª edição Hospitalar, em São Paulo - Foto: Isabelle Barbosa/Portal Folha de Pernambuco

Tecnologia, inovação, serviços e produtos para atender as mais diversas necessidades do setor da saúde. Essa é a proposta da Hospitalar, principal evento do segmento da América Latina, que reúne 1.200 expositores de mais de 30 países em São Paulo.

A 29ª edição, que começou na terça (21) e segue até esta sexta-feira (24), apresenta tendências e promove negócios e discussões para profissionais da área de saúde, desde gestores hospitalares, distribuidores, fornecedores, a médicos e enfermeiros.

O evento acontece no pavilhão do São Paulo Expo, na Zona Sul da capital paulista, em uma área com mais de 100 mil m², que, além de expositores, também hospeda três arenas voltadas para a geração de conteúdo de Engenharia Clínica, Distribuidores e Hospitalar Hub e Indústria.

29ª Hospitalar - Foto: Isabelle Barbosa/Folha de PernambucoFoto: Informa Markets/Divulgação

Ao todo, o evento conta com 780 palestrantes nacionais e internacionais. Nesta quinta-feira (23), foram promovidos cinco congressos sobre Tecnologia, Serviços em Saúde, Hotelaria e Facilities, Atenção Domiciliar e Reabilitação e Ortopedia, para apresentar novidades de cada área.

Um dos assuntos mais discutidos na feira é o uso da Inteligência Artificial (IA) em diversas práticas do setor, seja na conversão de dados clínicos, na busca por mais transparência e melhor entendimento do paciente, seja no suporte aos médicos para consultas presenciais ou virtuais, e, ainda, o impacto da IA na expansão da biotecnologia molecular e genômica.

Chip para monitorar glicemia
Entre as inovações apresentadas na feira, está o lançamento de monitor de glicemia, em formato de chip, que monitora a glicose do paciente 24 horas por dia e transmite os dados para um aplicativo, podendo as informações serem acessadas de qualquer lugar. 

Smart é um monitor de glicemia - Foto: Isabelle Barbosa/Folha de PernambucoSmart é um monitor de glicemia - Foto: Isabelle Barbosa/Folha de Pernambuco

“O Smart é um monitor de glicemia. É o primeiro lançado no Brasil com essas características tecnológicas. É algo bem simples e indolor, que fica no braço do paciente. Essas informações são transmitidas para o aplicativo, que pode ser acessado, para o médico saber exatamente qual é a necessidade de interação imediata e, através disso, fazer com que o paciente tenha uma qualidade de vida”, destacou o diretor comercial Fernando Marinheiro, da Med Levensonhn, fabricante do produto.

A transmissão dos dados acontece via Bluetooth, a cada cinco minutos. O Smart não precisa ser recarregado. O chip possui durabilidade de quatro anos e estará disponível para venda em farmácias de todo o Brasil nos próximos dias ao preço de, aproximadamente, R$ 290. 

Um outro produto inovador em fase final de desenvolvimento é o G.T Papo, que busca promover uma melhor satisfação dos pacientes por meio da interação com a Alexa. 

“A ideia é escutar o paciente através da Alexa e, com a inteligência artificial, entender o que o paciente solicitou e trabalhar essa informação direcionada para a área devida. Assim, diminuindo o tempo de atraso, e atendendo o paciente o mais rápido possível”, destacou o gerente de desenvolvimento, Daniel Rodrigues, da Globalthings, empresa que desenvolve a tecnologia.

Microsoft busca soluções para saúde dos pacientes e bem-estar dos profissionais
Nesta quinta-feira (23), a líder de Indústria, Saúde e Ciências da Vida na Microsoft, Kathy VanEnkvort, apresentou na Hospitalar 2024 uma palestra sobre o assistente de Inteligência Artificial Copilot para a Saúde, que busca oferecer suporte aos médicos por meio de consultas presenciais ou virtuais. 

Ela conversou com a Folha de Pernambuco com exclusividade sobre o impacto que a Inteligência Artificial vem causando no atendimento à saúde e como a tecnologia está sendo usada atualmente.

Kathy VanEnkvort, líder de Healthcare e Ciências da Vida da Microsoft - Foto: Informa Markets/divulgaçãoKathy VanEnkvort, líder de Healthcare e Ciências da Vida da Microsoft - Foto: Informa Markets/Divulgação
 
“O que a Microsoft está trazendo é uma ferramenta que ajuda cada pessoa no Brasil a alcançar mais coisas, ter mais informações. Nós temos que fazer mais com menos, nós temos hoje mais prejuízo na saúde do que já tivemos por causa de falta de pessoal, profissionais mais cansados e com síndrome de Burnout, ou seja, com menos pessoas para entregar resultados. Os pacientes esperam um atendimento melhor, mas os médicos ficam tão estressados que acabam até deixando a profissão”, destacou Kathy VanEnkvort.

Partindo do uso das tecnologias e da IA, Kathy aponta que é possível reduzir todo o trabalho burocrático e facilitar a vida das pessoas que trabalham com a saúde. 

“Temos uma chance de realmente reduzir o peso da carga atual e servir melhor esses pacientes. O que a Microsoft fez é dizer que precisamos ajudar cada pessoa, não apenas médicos, não apenas enfermeiras. Precisamos dos CEOs, do pessoal da linha de frente no atendimento, precisamos de cada uma dessas pessoas delegando tarefas burocráticas para o computador, deixando que cada uma delas use seus QIs para aumentar a qualidade do trabalho que precisam fazer”, reforçou a representante da Microsoft.

Tecnologia em reabilitação
No evento, a empresa HTM apresentou o Recovery, equipamento de reabilitação, que atua no trabalho de hipertrofia muscular, redução de medidas, disfunção do assoalho pélvico, incontinência urinária, tonificação e flacidez muscular, por meio do campo eletromagnético de alta intensidade.

“Eu consigo trabalhar com dor aguda, com a parte inflamatória, tanto aguda quanto crônica, fortalecimento no geral, consigo trabalhar também relaxamento muscular, mobilização articular, os efeitos circulatórios no geral e tanto essa parte ortopédica quanto a parte, fisioterapêutica no geral”, explicou o fisioterapeuta e consultor da HTM, Endricky Cota.

Um dos grandes diferenciais do produto é a reabilitação pélvica, para atender os pacientes com incontinência urinária, disfunção ou progressão na região, e também pós-parto.

“O equipamento trabalha com 21 protocolos para essa área de reabilitação, mais oito só para a parte pélvica de reabilitação. O equipamento possui um braço articulado, que posiciona melhor onde eu quero trabalhar. Então, seja o paciente sentado, deitado ou de pé, eu consigo modular da forma que eu quiser”, destacou Endricky Cota.

Segundo o profissional, o campo eletromagnético, quando em contato com o músculo trabalhado, gera contrações. Essas contrações geram uma superativação muscular e, consequentemente, efeito tanto em hipertrofia quanto em hiperplastia muscular, fortalecendo o local.

“E nas disfunções gerais, tanto de dor e inflamação, a gente, através do músculo, consegue modular substâncias inflamatórias, modular essa sinapse da dor, eu consigo controlar tanto o quadro álgico como também o quadro inflamatório”, informou Endrick Cota. 

MV: inteligência artificial para reduzir burocracia
A empresa MV, que possui sede no Recife há 35 anos e desenvolve softwares para facilitar a gestão de hospitais, clínicas, operadoras de planos de saúde, centros de diagnóstico e redes de atendimento público e privado, também está na Hospitalar, em São Paulo.

No evento, a MV realiza palestras sobre diversos temas da área de saúde, incluindo Inteligência Artificial, e disponibiliza expositores que demostram alguns serviços ofertados, a exemplo de prontuários médicos.

“A gente trouxe para a feira o que há de mais moderno no cuidado da saúde das pessoas e do ecossistema inteiro de saúde, porque a MV tem tecnologia para hospital, para operadora, para saúde pública, para os hospitais filantrópicos e privados”, lembrou o CEO da MV, Paulo Magnus.

Entre os destaques apresentados pela empresa está o desenvolvimento de um sistema que possibilita o uso da IA para melhorar a vida do médico, e que busca proporcionar ao profissional mais tempo para cuidar dos pacientes, sem precisar preencher burocracia. 

"A gente investiu muito, já faz um ano. Estamos pendentes de uma autorização da Anvisa para poder disponibilizar esse serviço para os nossos clientes utilizarem. O médico gasta muito tempo preenchendo requisições, formulários de companhia. A gente criou artefatos com inteligência artificial para solicitar uma guia de convênio, por exemplo. A inteligência artificial vai gerar a guia sozinha. O médico não vai precisar gastar tempo”, detalhou Paulo Magnus.

Câmeras hiperbáricas em destaque

O público que compareceu na Hospitalar também pode conferir de perto câmaras hiperbáricas tecnológicas. A diretora comercial da empresa Oxy Câmeras Hiperbáricas, Patrícia Siqueira, explica como o equipamento funciona.

“As nossas câmeras são monopacientes. Elas tratam através de oxigenioterapia hiperbárica, ou seja, o oxigênio é 100% puro, através de uma pressão que a câmara faz, simula-se como se estivesse mergulhando a 15, 20 metros de profundidade. Então, isso proporciona um processo de cicatrização mais rápido”, informou Patrícia Siqueira.

“Na nossa câmara, o paciente fica com total conforto, deitado, assistindo uma televisão, uma série, enquanto realiza as sessões, que duram, em média, de uma hora a uma hora e meia. A indicação do tratamento é médica”, ressalta a diretora comercial, informando que a tecnologia pode ser adquirida por investimento que varia entre R$ 500 mil e R$ 600 mil.

UTIs monitoradas via internet

Uma das novidades apresentadas na Hodpitalar é uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 100% monitorada de maneira remota, como explica a gerente de negócios da LifeMed, Silmara Formenti.

“A plataforma Integrare é uma plataforma de saúde digital na qual o profissional de saúde, por meio da internet, acessa um site, com login e senha, a sua UTI, ou seja, todos os equipamentos que estão lá na beira de leito, é possível essa visualização remota por meio da plataforma Integrare”, afirmou Silmara. 

Segundo a profissional, é possível acompanhar a frequência cardíaca do paciente, eletrocardiograma, ventilador, bomba de infusão. Há, ainda, câmeras de monitoramento, em que é possível visualizar o paciente.

“Temos um banco de dados onde é salvo todos esses valores e, a partir disso, a gente consegue utilizar a inteligência artificial pra predizer situações que possam culminar com o agravamento de saúde do paciente. Essas informações são encaminhadas em forma de alerta para sinalização para o profissional de saúde que o paciente tem um risco de ter uma deterioração clínica nas próximas horas, que aquele paciente precisa de mais atenção. E o profissional que está remoto, por exemplo, ele pode estar até em outro país que ele consegue fazer essa avaliação. Ele entra em contato com por meio da videochamada na plataforma então ele consegue se comunicar com o time que está lá in loco na UTI”, destacou a gerente de negócios da LifeMed.

Tradição

Juliana Vicente - Foto: Informa Markets/divulgaçãoJuliana Vicente - Foto: Informa Markets/Divulgação

Segundo a head de portfólio de Saúde da Informa Markets Latam - que realiza o evento - , Juliana Vicente, a Hospitalar está entre as quatro maiores feiras de negócios para o setor de saúde do mundo. 

“A Hospitalar desempenha na América Latina um papel fundamental, onde realmente o setor da saúde busca inovação, tecnologia, faz muitos negócios. Não é só o público brasileiro que vem aqui para fazer negócios, é toda a América Latina, e, curiosamente, a gente, além de receber o público de todos os países da América Latina, a gente recebe visitantes de 60 países”, afirmou Juliana Vicente.

Ainda de acordo com ela, o sucesso da Hospitalar mostra o quanto os mercados brasileiro e latino-americano no setor da saúde se tornaram importantes para todo o mundo.

“Esse tipo de feira faz com que a gente mostre o quanto o nosso país tem relevância, o quanto a indústria nacional consegue fornecer para o mundo todo. Isso nos dá um grande orgulho. A gente está há 31 anos no mercado e sempre foi assim. A Hospitalar é um grande palco, e o ponto de encontro do setor de saúde durante esses quatro dias no ano”, informou a head.

29ª Hospitalar - Foto: Isabelle Barbosa/Folha de PernambucoFoto: Informa Markets/Divulgação

Juliana disse ainda que não é possível precisar quanto o evento movimentou financeiramente, soma que só será feita ao fim da Hospitalar, nesta sexta, mas destaca que os negócios realizados devem superar a casa dos “muitos milhões”.

“Uma feira dessa movimenta o setor de várias formas. Ela movimenta o setor de saúde, com os negócios realizados aqui, movimenta os negócios e o setor de turismo na cidade de São Paulo de uma maneira fortíssima. A gente gera muitos negócios”, afirmou a head da Informa Markets Latam.

A programação segue até esta sexta-feira (24), com troca de saberes sobre diversas temáticas do universo da saúde e a realização de congressos com especialistas. Interessados em participar, devem realizar inscrição no site da Informa Markets, que organiza o evento.

A Hospitalar é realizada em parceria com a Sociedade Internacional de Qualidade em Cuidados de Saúde (ISQua) e a Organização Nacional de Acreditação (ONA).

A ONA é uma entidade não governamental, que atua há quase 25 anos na promoção da qualidade e segurança do paciente, por meio de avaliação externa independente de unidades de saúde, baseada em sistemas de padrões, para que sejam definidas as melhores práticas de qualidade em saúde.

“A acreditação faz justamente a verificação independente da conformidade dos serviços de saúde com relação a esses padrões que foram previamente estabelecidos pela sociedade. A acreditação significa prestar credibilidade, dar conformidade a um conjunto de exigências e padrões que se entende que seja a melhor prática para o processo de cuidados das pessoas, de assistência médica, de assistência de enfermagem, de oferta do serviço de saúde em qualquer âmbito, seja na atenção hospitalar, seja na atenção ambulatorial, seja na hemoterapia, seja no laboratório, na radiologia”, afirmou o presidente da ONA, Fábio Gastal.

Das mais de 380 mil organizações de saúde instaladas no Brasil, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), 1712 são acreditadas. Deste total, a ONA é responsável por 72,1% no mercado de acreditação, o que corresponde a mais de 1.300 organizações de saúde acreditadas pela entidade.

“A ONA já certificou mais de cinco mil organizações. Nós temos um conjunto em torno de 16% dos leitos hospitalares brasileiros acreditados, o que significa que o cidadão brasileiro, seja o usuário do SUS, seja da saúde suplementar, tenha um conjunto de hospitais bem relevantes, que garantem a qualidade e a segurança do paciente a partir das suas referências técnicas e desses padrões”, informou o CEO.

Fábio Gastal explica que a ONA é a desenvolvedora dos padrões, e, para o processo de certificação das organizações, a ONA credencia um conjunto de entidades especializadas e independentes, que se comprometem a usar rigorosamente os padrões de acordo com a metodologia estabelecida.

Na Hospitalar, a entidade preparou uma série de palestras em seu próprio stand, em parceria com Instituições Acreditadoras Credenciadas pela ONA, para abordar a segurança do paciente e outras temáticas da saúde. 

Em 2025, a ONA será a anfitriã do 41° Congresso Internacional ISQua (Sociedade Internacional para Qualidade nos

Cuidados de Saúde), previsto para acontecer em São Paulo, no segundo semestre. 

*A jornalista viajou a convite da Hospitalar.

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