PF prende suspeitos de burlar sistema de biometria e acessar contas de usuários na plataforma gov.br
Polícia investiga o tamanho do prejuízo, mas calcula que o grupo invadiu pelo menos 3 mil contas
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (13), uma operação com o objetivo de desarticular um grupo suspeito de fraudar contas digitais vinculadas à plataforma gov.br, utilizando técnicas de alteração facial para burlar sistemas de autenticação biométrica.
A plataforma centraliza a maior parte dos servidos do governo federal, como consultas a dados fiscais e inscrição em programas sociais. Também é por meio do gov.br que é possível acessar plataformas como o Meu INSS.
Três pessoas foram presas, e duas estão foragidas. As prisões foram autorizadas pela Justiça Federal em Brasília.
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As investigações revelaram que os suspeitos simulavam traços faciais de terceiros para obter acesso indevido às contas digitais das vítimas, assumindo o controle total dos perfis e, consequentemente, de serviços públicos e informações pessoais sensíveis.
A PF suspeita que 3 mil contas tenham sido alvo. O tamanho do prejuízo ainda está sendo calculado.
Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Paraíba, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Tocantins.
Os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático qualificada e associação criminosa.
O grupo atuava em duas frentes principais, segundo os investigadores. Por meio de contas de pessoas falecidas, que eram violadas para acessar valores a receber do Banco Central. E por meio contas de pessoas vivas, nas quais os investigados acessavam valores do Banco Central e autorizavam consignações no aplicativo "Meu INSS".
A assinatura por biometria facial é legalmente reconhecida no Brasil e se enquadra como eletrônica avançada. No caso dos empréstimos consignados para beneficiários do INSS, uma instrução normativa de 2022 estabeleceu a exigência de que a selfie usada na contratação tivesse que passar por uma validação com checagem de vivacidade (liveness), o que nem sempre acontece, como mostrou O Globo nesta semana.

