Tarifaço: exportações aos EUA param e Taurus antecipa férias de funcionários em fábrica no RS
Medida atinge 40 trabalhadores
A Taurus antecipou férias de parte dos funcionários da fábrica de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, numa nova tentativa de reduzir os impactos do tarifaço de 50% imposto pelo presidente Donald Trump às exportações brasileiras. A medida acontece dias após a fabricante brasileira de armas anunciar a transferência de sua principal linha de montagem para os Estados Unidos.
Ao todo, são 2,2 mil funcionários nas duas unidades de produção da Taurus, uma em São Leopoldo e outra na cidade de Montenegro. Cerca de 40 trabalhadores tiveram as férias antecipadas. Eles atuam na linha de armas longas da Companhia Brasileira de Cartuchos, parte do grupo Taurus.
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Presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Leopoldo e Região (STIMMME SL), que representa os trabalhadores da Taurus, Valmir Lodi explica que esses funcionários trabalham na fabricação de peças de armas longas, como rifles, espingardas e carabinas.
— A empresa disse que as exportações de armas longas pararam e por isso decidiram antecipar as férias desse grupo. Mas ainda não cogitam expandir isso para mais trabalhadores — relata Lodi.
A Taurus foi procurada, mas ainda não respondeu.
No último dia 8, a fabricante decidiu transferir a linhas de montagem de armas da família G — de pistolas de uso civil, sua principal linha de produtos — da fábrica no Rio Grande do Sul para os Estados Unidos. Com o anúncio, as ações da empresa caíram, e a Taurus perdeu R$ 33 milhões em valor de mercado, alcançando R$ 705 milhões no dia.
Lodi, do sindicato dos trabalhadores, avalia que a transferência da montagem pode causar poucos impactos na operação brasileira:
— Se transferir de fato, estamos falando de 28 profissionais.
O mercado americano responde por cerca de 90% das vendas da Taurus, com foco no mercado civil, via distribuidores locais. Em comunicado no início do mês, o CEO global da fabricante de armas, Salesio Nuhs, afirmou que, desde que as discussões sobre o tarifaço começaram, a empresa vem tomando providências para minimizar os efeitos das taxas.
Ele citou que, desde abril, a Taurus começou a reforçar preventivamente o estoque de produtos acabados nos Estados Unidos. Além disso, para evitar a taxação de 50%, a companhia antecipou exportações de algumas peças e partes de armas para os EUA, em especial carregadores.
A companhia ainda tem unidades em Haryana, na Índia, e em Bainbridge, no estado americano da Geórgia. Lá, são fabricadas apenas 25% das armas da Taurus, especificamente pistolas TX22, de uso recreativo e esportivo, e revólveres Heritage, marca americana incorporada pela Taurus há 32 anos.

