CBF confirma que registro de traficante foragido que atuava como jogador era falso
Sebastian Marset usava o nome de Luis Paulo Amorim Santos para se passar por atleta
O registro que o narcotraficante uruguaio Sebastian Marset usava para atuar como jogador de futebol é falso, como confirmou à CBF após pedido de informações da Federação Boliviana de Futebol. A entidade enviou um ofício à confederação brasileira solicitando informações sobre o registro de Marset, que utilizava o nome Luis Paulo Amorim Santos, com documento de identidade que supostamente teria sido emitido em Pernambuco.
Leia também
• Em tarde de Dalberson, Náutico empata sem gols com o CSA, nos Aflitos, pela Série B do Campeonato Brasileiro
• Pernambuco faz parceria com fundação holandesa para elaborar Plano Estadual pela Primeira Infância
• Narcotraficante que jogava futebol com registro falso da CBF é protegido por milícia brasileira
Marset é um dos homens mais buscados da América do Sul. Procurado pela Interpol e pela DEA (agência antidrogas dos EUA), tem pedidos de prisão decretados no Uruguai, seu país natal, Paraguai e Bolívia. Foi neste último país que ele foi encontrado na última segunda-feira (31), mas conseguiu fugir. Na Bolívia, ele atuava pelo Los Leones El Torno, de uma liga regional da cidade de Santa Cruz de La Sierra.
Em reposta, a CBF informou que não há e não houve registros do nome de Luis Paulo Amorim Santos em sua base de dados e que o documento falsificado na Bolívia seria o RG, e não um da confederação brasileira.
Vida de luxo e várias fugas
O criminoso vivia uma vida de luxo em Santa Cruz de La Sierra, onde se disfarçava como jogador de futebol. Com suas partidas documentadas em transmissões por redes sociais, que exibiam vídeos de suas atuações, Marset jogava profissionalmente.
Com o número 23 às costas e um bom porte físico, o criminoso de 31 anos não fazia feio nas partidas, como mostram vídeos que estão sendo recuperados, após o informe da polícia sobre seu esconderijo e fuga.
Segundo o ministro de Governo da Bolívia, Eduardo Del Castillo, Marset entrou no país em setembro do ano passado e, com muito dinheiro, conseguiu fundar um clube para chamar de seu. Além de meio-campo, ele também era dono e gerente da equipe. Em um vídeo que circula nas redes, o narcotraficante dá até entrevistas antes de uma importante partida.
Nos dados das súmulas das partidas, ele aparece na súmula como atleta registrado no Brasil, com o nome completo de Luis Amorim Santos, e registro na Confederação Brasileira de Futebol. Os documentos são falsificados. Esta não é a única ligação do narcotraficante com o Brasil: suspeito de ter relações com o PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo, Marset é o chefe de outra facção criminosa, a PCU (Primeiro Comando Uruguaio), que é acusada de liderar o escoamento da produção de cocaína do Paraguai através do Rio Paraná. De vários pontos do continente, a droga era enviada para países como Bélgica e Holanda.
Organizadora do campeonato, a Associação de Futebol de Santa Cruz disse que está disposta a cooperar com as autoridades e com a investigação, "ao mesmo tempo que refutamos contundentemente algum grau de vinculação com o crime investigado".

