Consulta pública discute proteção do último manguezal conservado de Pernambuco
Reunião acontece nesta terça-feira (6) e marca etapa decisiva para a criação da Resex do Rio Formoso
Nesta terça-feira (6), às 9h, será realizada a consulta pública para a criação da Reserva Extrativista (Resex) do Rio Formoso.
A reunião acontecerá no auditório do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (Cepene/ICMBio), em Tamandaré, Litoral Sul de Pernambuco.
A consulta pública é uma etapa legal e essencial no processo de criação de unidades de conservação no país. O encontro contará com a participação de representantes das comunidades locais, pescadores, marisqueiras, organizações da sociedade civil e instituições parceiras.
A expectativa é de que a Resex do Rio Formoso passe a integrar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), fortalecendo a conservação do clima, da biodiversidade e os direitos territoriais das populações tradicionais.
“A proposta da Resex é fruto de mais de uma década de mobilização de comunidades tradicionais pesqueiras e quilombolas dos municípios de Tamandaré, Rio Formoso e Sirinhaém, que dependem diretamente dos recursos naturais do manguezal, dos estuários e dos rios da região”, explicou Nátali Piccolo, diretora de Conservação Marinha e Costeira da Conservação Internacional.
Leia também
• Quando será Corpus Christi? Saiba se data é feriado em Pernambuco e confira lista dos próximos
• Operação Dia do Trabalho: PRF divulga balanço das ações em Pernambuco
A área proposta abrange 2.615 hectares de manguezal, considerados o último remanescente não urbano e conservado desse ecossistema em Pernambuco.
Ainda de acordo com Nátali, a Resex, além de proteger um território de grande valor ecológico, tem como objetivo garantir a gestão sustentável do território e o direito das populações locais de manter seus modos de vida.
Os modelos de vida das populações locais são baseados na agricultura familiar, no turismo de base comunitária e na cultura quilombola. Além disso, a pesca artesanal também tem uma importante função para a comunidade, como relata Cícera Batista, liderança da colônia de pescadores Z-07 de Rio Formoso.
“Fazemos um trabalho de conservação do meio ambiente no nosso estuário do Rio Formoso, cuidando dos manguezais que sustentam a vida por aqui. Muitas mulheres pescadoras são chefes de família — muitas vezes sozinhas — e é da pesca que tiram o sustento dos seus filhos”, explicou.
Super ecossistema marinho
A região abriga um dos mais importantes complexos ecológicos do estado: a conexão entre manguezais, estuários e recifes de corais até a quebra da plaforma, e forma um verdadeiro “super ecossistema marinho”, que serve de berçário para inúmeras espécies.
Entre essas espécies estão o peixe-boi, o cavalo-marinho e o mero — vulneráveis ou ameaçadas —, além de caranguejos, moluscos e pescados que sustentam a pesca artesanal e a soberania alimentar das comunidades locais.
O território também se destaca pelo acúmulo de conhecimento ecológico tradicional, como destaca a pesquisadora Beatrice Padovani, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE/PELD TamS e Meros do Brasil).
“A gente encontrou aqui um conhecimento riquíssimo por parte da comunidade que realiza pesca e coleta, conhecimentos que têm norteado as pesquisas e ajudado no levantamento de várias hipóteses e estudos. Tudo mostra que a integração entre conhecimento de quem pesca e o conhecimento científico é um patrimônio que também precisa ser conservado”, pontuou.
Além de sua importância ecológica e social, os manguezais cumprem um papel vital no enfrentamento da crise climática. Esses ecossistemas são grandes reservatórios de carbono — o chamado “carbono azul” — e funcionam como barreiras naturais contra tempestades e a erosão costeira, protegendo populações e cidades do litoral pernambucano.
Serviço:
Consulta Pública – Criação da Resex do Rio Formoso
Data: 06 de maio de 2025 (terça-feira)
Horário: 09h
Local: CEPENE/ICMBio – Rua Samuel Hardman, s/n, Tamandaré – PE

