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EDUCAÇÃO

Enade: avaliação de Medicina piora em quatro anos e chega a 20% dos cursos sem qualidade adequada

Ainda assim, essa é a área em que mais graduações (45%) conseguiram as melhores faixas de qualidade

EstetoscópioEstetoscópio - Foto: Pixabay

Dados do Exame Nacional de Desempenho Estudantil (Enade) de 2023 mostram que os cursos de Medicina pioraram em relação à última avaliação, realizada em 2019. No ano passado, 20% não atingiram patamar considerado satisfatório. Mas, ainda assim, é a área em que mais graduações conseguiram as melhores faixas de qualidade. São 45% nas notas 4 (boa) e 5 (ótima). Quatro anos atrás, essas proporções foram de 13% e 51%, respectivamente.

O Enade 2023 avaliou 9,8 mil cursos de 23 bacharelados e seis tecnólogos (veja abaixo a lista completa). O conceito é o resultado da prova, aplicada a todos os formandos. Eles precisam responder 40 questões, sendo dez delas de conhecimentos gerais e 30 de conteúdos específicos da sua área. Um grupo de cursos é avaliado a cada três anos e, em 2023, as engenharias e as formações ligadas à saúde passaram pelo teste.

Na outra ponta, a graduação com pior desempenho foi Engenharia Mecânica. Mais da metade (51%) dos cursos avaliados tiraram notas 4 e 5, o que é considerado insuficiente. E só 18% conseguiram obter os maiores patamares de desempenho, 1 e 2. Já na área da Saúde, Biomedicina se destacou negativamente com 48% nas piores notas e 18% nas melhores.

Faculdades de Medicina
A quantidade de faculdades de medicina no país quintuplicou desde 1990, grande parte dessa ampliação ocorre no setor privado. Essa explosão tem causado preocupações em relação à qualidade desses cursos.

Por isso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) defende a criação de um Exame Nacional de Proficiência em Medicina. A prova seria semelhante ao que já acontece com os advogados, por exemplo. Para exerceram a profissão, estudantes do curso de Direito precisam ser aprovados em um exame aplicado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A criação da prova, no entanto, está em debate no Senado. Ela, no entanto, encontra resistências em diferentes setores.

Atualmente, há 390 faculdades de medicina no país, sendo 80% privado. O interesse do setor é a forte concorrência para o ingresso nas faculdades públicas. Atualmente, 175 mil estudantes estão matriculados em cursos particulares, que movimentam cerca de R$ 26,4 bilhões por ano, o equivalente a 40% do mercado de ensino superior.

Em 2018, o Ministério da Educação (MEC) suspendeu a publicação de novos editais para criação de cursos de medicina durante cinco anos e o pedido de aumento de vagas em cursos já existentes, argumentando que as metas para expansão já haviam sido atingidas. Além disso, o governo afirmou que a iniciativa visava garantir a qualidade do ensino.

Desde então, parte importante das decisões sobre a operação das faculdades passou ao âmbito judicial. Sem a autorização do Ministério, muitas instituições recorreram a tribunais para oferecer seus cursos, com liminares permitindo a atuação em uma série de casos.

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