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Comércio

Lojistas da rua das Calçadas reclamam da falta de liberação dos imóveis após incêndio

Sinistro aconteceu há 15 dias, interditando diversas lojas do bairro de São José

Loja Lin Lin Festas, no Bairro de São JoséLoja Lin Lin Festas, no Bairro de São José - Foto: Arthur Botelho/Folha de Pernambuco

Há exatas duas semanas, um incêndio de grande proporção tomou conta de dois imóveis da Lin Lin Festas, loja de material de festas localizada na rua das Calçadas, no bairro de São José, zona central do Recife.

Desde então, os comerciantes vivem à espera da definição por parte poder público, enquanto convivem com dificuldades financeiras. 

Após o Corpo de Bombeiros conter as chamas e passado todo o período de rescaldo, 13 estabelecimentos foram interditados pela Secretaria Executiva de Controles Urbano do Recife (Secon) e a Defesa Civil devido à possibilidade de queda da estrutura atingida, entre as ruas das Calçadas e Direita.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Posicionamentos
Por meio de nota, a Defesa Civil do Recife afirmou que três estabelecimentos foram liberados, mas que as demais liberações só serão realizadas após realização de ações que acabem com os risco de novos sinistros. 

“A Defesa Civil do Recife informa que liberou os imóveis de números 132, 133 e 138 da Rua Direita. Com isso, permanecem interditados, por motivo de segurança, dez imóveis das ruas Direita e das Calçadas. As interdições só devem ser suspensas quando o risco estiver mitigado. Vale lembrar que, por se tratar de imóveis particulares, a responsabilidade pela execução dos reparos necessários, bem como eventuais indenizações, não é do poder público”, explicou.

Incêndio em lojas no bairro de São JoséResultado do incêndio na rua das Calçadas | Foto: Davi de Queiroz/Folha de Pernambuco

Por sua vez, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) afirmou que a área está no entorno de bens tombados ao nível federal e o imóvel em questão possui tombamento estadual e está situado em área de preservação municipal.

“O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) esclarece primeiramente que o imóvel incendiado não é tombado pelo Instituto, mas está localizado na área de entorno de bens tombados em nível federal,  como a Igreja de São Pedro dos Clérigos, o Pátio de São Pedro e o Mercado de São José. O imóvel possui tombamento estadual e está situado em área de preservação municipal", diz o Iphan. 

Além disso, afirmou que realizou vistoria técnica no local, para verificar eventuais riscos e autorizou a realização de intervenções imediatas:

“No dia 19 de maio, o Iphan realizou vistoria técnica no local, para verificar eventuais riscos que o incêndio poderia causar aos bens tombados, em conjunto com os demais órgãos de preservação estadual, como a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e a Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural (DPPC). O Instituto recebeu o parecer técnico preliminar da Defesa Civil de Recife e autorizou a realização de intervenções imediatas no imóvel para consolidação e mitigação de riscos, para posterior restauro pelo proprietário ou responsável. Destaca-se que intervenções em imóveis e espaços em área de entorno de bens tombados devem ser feitas mediante autorização prévia do Iphan”.

Incêndio no Bairro de São José, Centro do Recife, em 16 de maio de 2025Incêndio no Bairro de São José, Centro do Recife, em 16 de maio de 2025 | Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco 

Depois de 15 dias, os lojistas vivem um cenário de incerteza e seguem esperando uma definição por parte dos órgãos competentes. Segundo ressaltou o diretor institucional da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Recife), Paulo Monteiro, os prejuízos para os lojistas são enormes, ficando difícil tomarem medidas individuais sobre a reestruturação. 

“As consequências são as piores possíveis, os prédios estão completamente destruídos, os comerciantes tiveram um prejuízo astronômico e até o momento não se tem nenhuma posição dos poderes públicos do que vai se fazer. Nós entendemos e estamos cobrando uma medida imediata. Se faz necessário a retirada dos entulhos, o escoramento das paredes, principalmente dos prédios afetados”, iniciou. 

“Nós entendemos que os comerciantes perderam tudo e fica difícil que eles aportem recursos para fazer esses processos. Nós fazemos um apelo aos poderes públicos para que esse serviço seja feito por eles, uma vez que se trata de empresários que são arrecadadores de impostos, geradores de emprego e que estão em uma situação muito difícil”, concluiu o diretor. 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Lojistas
Em contato com os lojistas, foi revelado um possível impasse entre órgãos, que não conseguiriam entrar em um acordo em comum. 

“Temos um problema com o poder público, a Defesa Civil, o Iphan e a prefeitura, que ninguém resolve nada e a gente está a mercê do tempo deles, quando eles vão resolver, quando vão deixar de resolver, então fica complicado para gente”, disse um lojista sem se identificar. 

Enquanto isso, diversos comerciantes passam a sentir ainda mais o impacto da impossibilidade de abrir seus comércios. “O número de vendas na minha loja caiu 80%. Dessa forma, será difícil manter o emprego dos colaboradores nessa situação”, comentou um comerciante. 

Ainda com alguns acessos fechados pela região, mesmo os comerciantes mais afastados estão sentindo o peso do problema. 

Bairro de São José: Defesa Civil interdita 18 imóveis após incêndio no antigo Cine GlóriaDiversas lojas foram interditadas após o incêndio do antigo Cinema Glória | Foto: Matheus Ribeiro/Folha de Pernambuco

“O fato que as lojas estão fechadas, o acesso da rua Direita está vedado, então o local como um todo está sendo muito prejudicado, mesmo os comércios mais distantes, porque o fluxo de pessoas diminuiu significativamente”, comentou Paulo Monteiro da CDL. 

Dessa forma, muitos funcionários passam a temer por seus empregos, já que pouca ou nenhuma renda vem sendo produzidas por seus empregadores. 

“Temos uma dezena de lojas fechadas, sem poder funcionar, seus empregados sem trabalhar, temos recebidos muitas reclamações (dos lojistas) pedindo ajuda e intercessão da CDL aos poderes públicos porque há o risco da ameaça de demissão de funcionários, já que os lojistas não podem estar fechados, sem faturamento e ter que bancar o custo dos seus trabalhadores sem estar produzindo”, relatou o diretor da CDL.  

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Reuniões 
Ainda conforme revelou Paulo Monteiro, durante a próxima semana, a CDL terá uma série de reuniões com os órgãos competentes para pensar em um plano de ação preventiva para novos acidentes como esses sejam evitados ou mitigados. 

“Nesse evento já estão confirmadas a presença do Corpo de Bombeiros Militar, a presença do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE), a presença da Neoenergia, da Prefeitura da cidade do Recife e do Recentro. A ideia, juntamente com alguns lojistas, também é discutir a criação de um plano de ação preventiva para tentar, a partir da implantação desse plano, a gente é minimizar a possibilidade de acidentes e tragédias dessa natureza”, afirmou. 
 

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