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REPERCUSSÃO

Mãe de advogada que morreu em naufrágio agradece mensagens de apoio: "Maior dor da minha vida"

Graça Medeiros, que é otorrinolaringologista, afirmou ter recebido palavras de consolo desde que a tragédia aconteceu

Corpo da advogada foi encontrada no dia 24 de junhoCorpo da advogada foi encontrada no dia 24 de junho - Foto: Instagram/Reprodução

Após a tragédia que vitimou fatalmente a advogada Maria Eduarda Carvalho de Medeiros, de 38 anos, a mãe dela, a médica otorrinolaringologista Graça Medeiros, se pronunciou, agradecendo pelo volume de mensagens de carinho e apoio que tem recebido. A fala dela foi feita nessa segunda-feira (30), nas redes sociais, onde ela possui pouco mais de 2.300 seguidores.

Com uma foto junto à filha, durante uma viagem, Graça se dirigiu aos seguidores que, comovidos com o fato e a repercussão do caso, manifestaram pesar e prestaram os sentimentos, desde que tudo aconteceu.

Maria Eduarda morreu após o naufrágio de um barco veleiro, em Suape, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, no último dia 21 de junho. Ela estava na embarcação junto com o namorado, o médico urologista Seráfico Pereira Cabral Júnior, de 55 anos, e uma cachorrinha. O corpo da advogada foi encontrado após quatro dias de buscas, na praia de Calhetas.

“Em meio à maior dor da minha vida, quero deixar aqui um agradecimento do fundo do coração. Cada palavra de carinho, cada mensagem, cada oração — de amigos e até de desconhecidos — tem chegado até mim como um abraço silencioso, e tem feito diferença. Saber que não estamos sozinhos traz um consolo difícil de explicar”, afirmou ela na publicação.

Ainda na postagem, Medeiros pediu perdão por não ter conseguido responder a todos os seguidores que demonstraram apoio. Contudo garantiu que tem lido tudo e se sentido acolhida e recebido cada gesto com gratidão.

“As redes sociais, que tantas vezes são ruído, têm sido agora um canal de amor verdadeiro. Sigo com fé no reencontro. Amo minha Duda com um amor que não tem fim”, finalizou ela.

Relembre o caso
Foi ao lado de Seráfico que a advogada conhecida como “Duda” viveu os últimos momentos de vida. Naquele sábado, contou o advogado do médico, Ademar Rigueira, ela havia sido pedida em casamento. O casal, que estava junto há seis meses, vivia um momento feliz, contou o advogado. 

“Seráfico está completamente arrasado. Ele já tinha vivido um relacionamento anterior. Ele me relatou que ela queria muito ter um filho. Ele tinha mais de um, ela não tinha ainda. Ele tinha concordado com isso e disse que ‘não imaginava que, depois de 55 anos, teria outro filho’. Eles estavam muito felizes”, pontuou Rigueira, durante coletiva de imprensa, na última sexta-feira (27).

A última imagem
Durante o passeio de barco, Maria Eduarda fez um vídeo para enviar à mãe, onde ela mostra a cachorra e o namorado. A Folha de Pernambuco teve acesso ao conteúdo. Os dois aparentavam estar felizes. Eles passeavam ao som da música ‘Simples Assim’, do cantor Lenine. A composição diz que “viver é uma questão de inicio, meio e fim”.

Veja o vídeo

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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O veleiro
A embarcação que ele conduzia era do tipo Dinghy monocasco com vela bermudiana, que é classificada como "miúda de propulsão exclusivamente à vela". Já pertenceu a ele, mas foi doado ao condomínio onde o casal estava.

Segundo o regulamento náutico, barcos desse tipo, sem motor e com comprimento inferior a seis metros não necessitam de habilitação em áreas protegidas. O que levava Seráfico e Maria Eduarda era considerado pequeno e tinha apenas dois lugares. Contudo, o barco não possuía coletes salva-vidas. Mesmo com essa informação, o advogado não acredita que o urologista será indiciado pela polícia por crime de homicídio doloso, que é quando há intenção de matar.

Percurso
Ainda segundo o representante do urologista, que está à frente da defesa desde a última quarta (25), Seráfico explicou que o casal estava no Condomínio Narguilé, em Muro Alto, em Ipojuca, Litoral Sul de Pernambuco, e foi velejar numa área considerada como "extremamente protegida", com aproximadamente 1,5 metro de profundidade.

Eles pretendiam passear somente pelo local, que é protegido, inclusive, por pedras e tem apenas uma abertura que dá acesso ao porto de Suape, chamada de "Boca da Barra".

Já perto deste local, Seráfico, que conduzia o barco, estava prestes a fazer uma curva, quando a embarcação perdeu força, foi impelida pelo vento e virou. A cachorra do casal também estava a bordo. Neste momento, a embarcação ainda girou, mas no sentido Porto, e foi sugada pelo rio.

“O barco bateu nas pedras, virou e eles caíram no mar. Eles colocaram a cachorra em cima do barco [virado] e eles [o casal] saíram, cada um de um lado [da embarcação já virada], equilibrando, e o barco vai puxando. Tem uma hora que o veleiro começa a afundar. É quando ele a orienta, porque a correnteza era forte. Seráfico disse ‘não nade agora. Vamos deixar a correnteza nos levar’. Eles chegam no meio do mar e, em determinado ponto, os dois param de nadar. É aí que Seráfico aconselha Duda a nadar na linha das ondas, até chegar à costa. A ideia dele era chegar perto do Porto de Suape, onde achava que era o lugar certo, naquele momento”, explicou.

Morte de Maria Eduarda
Ainda segundo o relato de Ademar, Seráfico e Maria Eduarda permaneceram juntos por cerca de duas horas depois que o barco afundou. A advogada pediu para que ele não soltasse a cachorra, que, agora, estava nos braços dele, uma vez que o barco já havia afundado. “Não solte a cachorra, senão eu paro de nadar”, ela teria falado.

Em dado momento, perto do paredão do Porto de Suape, a correnteza os lançou contra as pedras.

“Ele só separa da cachorra depois que leva a primeira pancada [batendo contra o paredão]. Antes, ele havia orientado Maria Eduarda, dizendo que ia bater, mas que era preciso se agarrar nas pedras e, caso não conseguisse, repetisse o processo. Quando ele foi empurrado contra o paredão, bateu com a testa e não viu mais nem a namorada e nem a cachorra”, complementou. 

Relação entre as duas famílias
Na quarta-feira (25), os familiares de Seráfico compareceram ao sepultamento da advogada. Por conta das investigações, ela não pôde ser cremada. A proibição partiu do Plantão Judiciário do Cabo de Santo Agostinho, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

Seráfico não pôde ir, pelo fato de ter ficado internado. As relações entre os dois grupos parentais têm sido boas.

A mãe de Maria, inclusive, o visitou no hospital e pediu para que ele comparecesse à missa de 7º dia dela. A cerimônia aconteceu na última sexta-feira (27), às 19h, na Igreja Madre de Deus, no Centro do Recife.

Investigações
Por meio de nota, a Polícia Civil de Pernambuco frisou que instaurou inquérito policial para investigar o naufrágio para esclarecimento de todos os fatos e que mais informações serão divulgadas em momento oportuno, para não atrapalhar as diligências, que estão em andamento.

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