Mais de 80 caixas com material nazista da Segunda Guerra são encontradas na Suprema Corte argentina
Cartões-postais, fotografias, documentos e objetos foram achados durante os preparativos para a criação de um museu do tribunal
Cartões-postais, fotografias, documentos e objetos de propaganda nazista confiscados por autoridades argentinas na Segunda Guerra Mundial foram redescobertos no domingo por funcionários da Suprema Corte da Argentina no porão do edifício. Trata-se de 83 caixas, originalmente confiscadas pelas autoridades em 1941, que permaneceram guardadas por mais de oito décadas. A informação foi revelada pelo jornal argentino Clarín.
As caixas foram achadas durante os preparativos para a criação de um museu da Suprema Corte, segundo a agência Associated Press (AP). Em comunicado, o tribunal confirmou a origem do material: "os pacotes chegaram a Buenos Aires em 20 de junho de 1941, enviados pela Embaixada Alemã em Tóquio a bordo do navio a vapor japonês 'Nan-a-Maru'".
“Ao abrir uma das caixas, identificamos material destinado a consolidar e propagar a ideologia de Adolf Hitler na Argentina durante a Segunda Guerra Mundial”, afirmou o tribunal. Alguns documentos estão muito deteriorados e outros em bom estado de preservação.
Leia também
• "Salvemos a comunicação de todo preconceito, rancor, fanatismo e ódio", diz Papa Leão XIV
• Fisiculturista que morreu durante competição após parada cardiorrespiratória sofria de pressão alta
• Controvérsia: Milei publica imagem de 'Papa Leão' gerada por IA
Entre os materiais, também foram encontrados milhares de cadernos pertencentes ao partido de Adolf Hitler. O conteúdo foi imediatamente confiscado por um juiz federal e encaminhado à Suprema Corte, onde permaneceu arquivado e esquecido por mais de 80 anos.
Em 1941, o grande carregamento chamou a atenção das autoridades, que temiam que seu conteúdo pudesse afetar a neutralidade da Argentina na guerra. Embora diplomatas alemães alegassem que se tratava de itens pessoais, agentes alfandegários inspecionaram cinco das caixas de forma aleatória e descobriram cartões-postais, fotografias e vasta quantidade de material de propaganda nazista.
Agora, os documentos foram transferidos para uma sala com medidas extras de segurança, e o tribunal convidou o Museu do Holocausto de Buenos Aires a colaborar na catalogação e preservação do material.
— Parte do material pretendia consolidar e propagar a ideologia de Adolf Hitler na Argentina, em plena Segunda Guerra Mundial — afirmou uma autoridade judicial à AP, sob condição de anonimato.
Na Segunda Guerra, a Argentina permaneceu neutra até 1944, quando rompeu relações com as potências do Eixo, declarando guerra à Alemanha e ao Japão no ano seguinte. Segundo o Museu do Holocausto, entre 1933 e 1954, cerca de 40 mil judeus se refugiaram na Argentina para escapar da perseguição nazista. Atualmente, o país abriga a maior população judaica da América Latina.

