Mpox: paciente de SP com infecção causada pela nova cepa passa bem e deve ter alta nesta semana
Governo do Estado fez reunião hoje com o Ministério da Saúde para falar sobre vigilância da doença; não há até esse momento indicativos de outros casos
A paciente de 29 anos que foi identificada com a cepa Clado 1b Mpox na região metropolitana de São Paulo nas últimas semanas evolui bem, tem lesões já cicatrizadas e deve ter alta entre quinta e sexta-feira.
Em paralelo, o governo do Estado informou que mantém a busca por contactantes da jovem para identificar eventuais outros casos da infecção. Até esse momento, porém, não há outras suspeitas dessa cepa na capital.
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A secretaria de Saúde de São Paulo realizou hoje uma reunião com o Ministério da Saúde para justamente falar sobre a vigilância da mpox no estado. A reunião tratou do aparecimento do primeiro caso de Clado 1 (até então inédito no Brasil).
— Foi uma reunião estratégica para que a gente pudesse mostrar ao Ministério da Saúde, que é quem faz a notificação de casos à Organização Mundial de Saúde (OMS), que o estado de São Paulo fez sua preparação e que tem um plano de contingência de mpox desde o ano passado e que se mantém atualizado. Falamos de como nossa vigilância laboratorial se mantém trabalhando de maneira ininterrupta nos casos de mpox. Foi uma estratégia de alinhamento — afirma Regiane de Paula, coordenadora de Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde de SP.
A especialista lembra que casos de mpox já se fazem presentes no estado de SP, e em diversas outras regiões do país, desde 2022. Todos esses registros, porém, foram causados pela linhagem conhecida como "clado 2", responsável pela epidemia há três anos. A doença é considerada endêmica, ou seja, circula de maneira constante na região.
No ano passado, para se ter uma ideia, foram identificados 1.126 casos de mpox em todo o estado, sem mortes associadas à doença. De acordo com o painel do governo do estado, foram 120 casos esse ano, todos da cepa anterior.
— Manteremos a vigilância para garantir que se houver outro contato (da primeira paciente com clado 1b) essa pessoa seja rapidamente tratada — afirma Regiane. — Por meio dessa paciente temos rastreado seus familiares e falado com eles. Nenhum deles tem sintomas e lesões características à mpox.
Quais são as cepas do vírus mpox?
A mpox é uma doença viral da mesma família da varíola erradicada em 1980, embora mais rara e geralmente mais leve. Existem duas principais cepas conhecidas, uma associada à África Central na região do Congo (que era chamada de Central African clade ou Clado do Congo) e outra à África Ocidental na região da Nigéria (chamada de West African clade ou Clado da Nigéria).
Elas foram renomeadas, respectivamente, para Clado 1 e Clado 2 no final de 2022, no mesmo movimento que trocou o nome da doença de "varíola dos macacos" para mpox. A 2, que é mais branda, foi a responsável pela propagação global em 2022 depois que uma nova versão, chamada de 2b, ganhou a habilidade de se disseminar via relações sexuais.
Na época, a OMS também decretou ESPII, e o Brasil foi um dos países mais afetados – o primeiro a relatar um óbito fora da África. Essa cepa (2b) continua a circular e a provocar casos pelo mundo, inclusive no Brasil, porém de forma mais fraca e sem um cenário de emergência global.
No entanto, em setembro de 2023, pesquisadores detectaram uma nova variante do vírus da mpox, dessa vez derivada do Clado 1, que é mais grave, com estimativas que chegam a 10% de letalidade. A cepa também parece ter adquirido a capacidade de ser transmitida sexualmente e recebeu o nome de 1b.
Como a mpox é transmitida?
Segundo a OMS, a mpox pode ser transmitida aos seres humanos por meio do contato físico com alguém que esteja transmitindo o vírus, com materiais contaminados ou com animais infectados. No entanto, uma das vantagens evolutivas que fez o vírus se disseminar globalmente de forma inédita em 2022 foi a disseminação via relações sexuais.
Agora, as evidências apontam que o Clado 1 também conseguiu se propagar pelo sexo. Em entrevista ao Globo, o diretor executivo da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI), Richard Hatchett, que esteve no Rio de Janeiro no ano passado para a 2º Cúpula Global de Preparação para Pandemias, já havia feito um alerta sobre os riscos de uma nova propagação da mpox por causa de relações sexuais.
Quais os sintomas da mpox?
Sintomas iniciais comuns da mpox envolvem febre, dores musculares, cansaço e linfonodos inchados.
Uma característica comum da doença é o aparecimento de erupções na pele (lesões), como bolhas, que geralmente começam no rosto e se espalham para o resto do corpo, principalmente as mãos e os pés. Porém, no caso de transmissão sexual, surgem nas genitálias.
Os sintomas aparecem entre 6 e 13 dias após a contaminação, mas podem levar até três semanas da exposição para se manifestarem. Geralmente, quando a doença é leve, e os sintomas desaparecem sozinhos dentro de duas a três semanas

