Seg, 22 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
ESTADOS UNIDOS

Navio mexicano envolvido em acidente fatal acelerou antes de atingir ponte em Nova York; entenda

O Cuauhtémoc partiu de Acapulco em 6 de abril

Veleiro da Marinha Mexicana colide com ponte em Nova YorkVeleiro da Marinha Mexicana colide com ponte em Nova York - Foto: Reprodução / X

Um navio da Marinha do México colidiu com a Ponte do Brooklyn após acelerar repentinamente na direção errada no rio East, em Nova York, resultando na morte de dois tripulantes. A informação foi divulgada nesta segunda-feira por autoridades federais de transporte dos Estados Unidos.

Segundo Brian Young, do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês), o navio Cuauhtémoc havia deixado um píer no sul de Manhattan na noite de sábado com a ajuda de um rebocador, navegando a cerca de 2,3 nós.

A embarcação de 91 metros de comprimento, com 277 pessoas a bordo, manteve essa velocidade por algum tempo antes de começar a acelerar. Menos de cinco minutos após zarpar, o navio atingiu a ponte a uma velocidade de seis nós.

Young afirmou que ainda não está claro o que provocou essa aceleração repentina, mas o fator será um dos pontos centrais da investigação, que está em fase inicial e pode levar até dois anos para ser concluída.
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Folha de Pernambuco (@folhape)


"Estamos apenas no início de um longo processo”, declarou Michael Graham, membro do conselho do NTSB, em entrevista coletiva. Ele afirmou que um relatório preliminar deverá ser divulgado em até 30 dias e ressaltou que, por ora, o órgão não tirará conclusões nem fará especulações.

 

As autoridades norte-americanas estão colaborando com representantes mexicanos para obter acesso ao navio, que agora está atracado no Pier 36, em Manhattan.

O objetivo é inspecionar os motores, entrevistar os tripulantes e recuperar possíveis gravadores de dados da embarcação. “Estamos otimistas de que teremos esse acesso em breve”, disse Graham.

O navio Cuauhtémoc havia partido de Acapulco em 6 de abril em uma missão diplomática, com paradas previstas em Nova York, Jamaica, Cuba, Barbados, Escócia, Espanha e Londres. Após deixar Manhattan, seu próximo destino seria Reykjavík, na Islândia.

Segundo o cronograma apresentado por Young, o navio começou a se afastar do Pier 17 às 20h20 de sábado, com o auxílio de um rebocador. O plano era seguir rio abaixo, em direção ao porto de Nova York, com uma parada no litoral do Brooklyn para reabastecimento. Um boletim meteorológico preliminar indicava condições de crepúsculo, ventos de oeste a cerca de 10 nós e correnteza de 0,3 nós em direção à ponte.

No entanto, em vez de seguir para o sul, o navio começou a se mover para trás, ganhando velocidade em direção à ponte. Às 20h24, um chamado de rádio solicitava ajuda de outros rebocadores na área. Duas outras chamadas de emergência foram feitas logo em seguida, até que, às 20h24 e 45 segundos, os mastros do Cuauhtémoc atingiram a parte inferior da Ponte do Brooklyn. Às 20h27, a embarcação parou completamente, e três minutos depois, equipes de emergência chegaram ao local.

A investigação pretende ouvir, entre outros, o prático do porto — responsável por ajudar a embarcação a navegar pelas difíceis correntes e pelo tráfego marítimo de Nova York — e representantes da empresa responsável pelo rebocador. “Ainda não tivemos a oportunidade de realizar entrevistas”, explicou Graham.

Um vídeo obtido pelo The New York Times mostra o rebocador, operado pela McAllister Towing, ao lado do Cuauhtémoc enquanto o navio recua para o rio. O rebocador parece tentar posicionar o navio com a proa voltada para o sul, conforme planejado.

No entanto, pouco depois, o Cuauhtémoc começa a se mover na direção oposta. O rebocador acelera ao lado da embarcação, possivelmente tentando impedi-la de atingir a ponte, cujos vãos têm uma altura de navegação de 127 pés (aproximadamente 38 metros), enquanto os mastros do navio chegam a cerca de 160 pés (quase 49 metros).

Em nota divulgada no domingo, a McAllister Towing afirmou estar “cooperando integralmente com as autoridades competentes”.

Salvatore R. Mercogliano, professor adjunto na Academia da Marinha Mercante dos EUA, disse ao Times que, ao analisar o vídeo, notou a presença de uma esteira atrás do navio, o que pode indicar que as hélices estavam funcionando em marcha à ré, impulsionando a embarcação mais rapidamente em direção à ponte.

As autoridades mexicanas identificaram os dois mortos como América Yamileth Sánchez Hernández, cadete de 20 anos, e Adal Jair Maldonado Marcos, marinheiro de 23 anos. Pelo menos outras 22 pessoas a bordo ficaram feridas.

Graham informou que 179 tripulantes já retornaram ao México, enquanto 94 permanecem no navio. Dois tripulantes seguem internados em hospitais de Nova York.

Inspeções conduzidas pela equipe do NTSB em conjunto com o Departamento de Transportes da cidade indicaram que a colisão não causou “danos estruturais significativos” à Ponte do Brooklyn, segundo Graham.

Veja também

Newsletter