Dom, 21 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
Segurança hídrica

Pernambuco recebe mais de 3 mil cisternas da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)

Organizações construíram tecnologias sociais de captação e armazenamento de água no semiárido do estado

Famílias do Semiárido Brasileiro receberam cisternas para o consumo de águaFamílias do Semiárido Brasileiro receberam cisternas para o consumo de água - Foto: Arnaldo Sete/ASA Brasil

Organizações da sociedade civil que compõem a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) construíram, este ano, 30.466 tecnologias sociais de captação e armazenamento de água no território mais vulnerável à emergência climática no Brasil.

Foram entregues cisternas de placas e barragens subterrâneas que garantem segurança hídrica e um futuro melhor para mais de 150 mil pessoas que vivem no interior do Nordeste e de Minas Gerais.

Somando a capacidade máxima de armazenamento das cisternas construídas, famílias do Semiárido conquistaram a estrutura necessária para estocar juntas mais de 580 mil litros cúbicos de água.

O número seria equivalente a uma barragem considerada de pequeno a médio porte no contexto das grandes infraestruturas hídricas do país ou a mais de 300 mil piscinas olímpicas.

Em Pernambuco, 3923 cisternas com capacidade para 16 mil litros foram entregues para as famílias.

Uma delas foi a de Maria Adriana Ribeiro Silva, de 32 anos. Moradora da comunidade da Serra do Simões, em Araripina, no Sertão de Pernambuco, que agora tem uma cisterna para água destinada ao consumo humano.

"Estou muito feliz que até me faltam palavras para explicar o quanto é bom ter essa cisterna, uma coisa que eu não tinha condições [financeiras] de fazer e graças a Deus hoje nós temos", comemorou.

Política pública de acesso à água
Os reservatórios de Maria Adriana e dos mais de 30 mil beneficiários foram implementados por meio do Programa Cisternas, do Governo Federal.

A ação foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e é coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), em parceria com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Fundação Banco do Brasil.

Essa política pública de democratização da água no Semiárido, que existe desde 2003, é dividida pelas organizações executoras da ASA em duas frentes de atuação: o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e o Programa Uma Terra Duas Águas (P1+2).

O P1MC garante a implementação de reservatórios com capacidade para 16 mil litros destinados ao consumo humano (primeira água) das famílias e de 52 mil litros para abastecer unidades de ensino por meio do projeto Cisternas nas Escolas.

Ao todo, 14 escolas de Pernambuco receberam a tecnologia. 

Já o P1+2 é responsável pela construção de tecnologias de 52 mil litros para irrigação da produção agrícola e criação de animais (segunda água). No estado, 305 locais foram contempleados pela ação.

Desde a retomada do Programa Cisternas, em 2023, além das cisternas de segunda água ou barragens subterrâneas, as famílias contempladas pelo P1+2 também recebem recursos do Programa Fomento Rural.

A iniciativa garante um repasse de R$ 4,6 mil para o desenvolvimento de um projeto produtivo de agricultura familiar como a instalação de apiários, plantios de hortas e estruturação de apriscos, que geram emprego e renda no campo.

"Essas tecnologias fortalecem a autonomia das famílias, permitem que elas convivam com o Semiárido com mais dignidade e segurança, e mostram que é possível enfrentar a desigualdade hídrica com soluções simples, eficazes e construídas junto às comunidades. Cada tecnologia representa mais justiça social", afirmou a coordenadora executiva da ASA, Jardenes Matos.

Segundo Jardenes, a ASA entende a tecnologia não apenas como uma solução técnica, mas como parte de um processo de mobilização e transformação social.

"Além disso, ter um governo que coloca em pauta a convivência com o Semiárido, possibilita que ações, como o Programa Cisternas, tenham competência para atender as demandas das famílias rurais que historicamente foram deixadas de fora das políticas públicas", reforçou Jardenes.

Nos últimos dois anos, foram 77.757 tecnologias sociais de segurança hídrica implementadas pela Rede ASA, o que significa que são quase 390 mil pessoas com acesso à água para beber, cozinhar e produzir alimentos no Semiárido brasileiro.

Em 2026, as organizações da ASA começarão a construir mais 50 mil cisternas de primeira e segunda água, e a restaurar 2,5 mil antigos reservatórios.

De acordo com o contrato assinado pela Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC)  personalidade jurídica da ASA  e o MDS, o investimento total será de R$ 500 milhões.

Veja também

Newsletter