Dom, 07 de Dezembro

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Tráfico de animais

Polícia Civil do Rio faz maior operação do país no combate ao tráfico de animais silvestres

Mais de mil policiais estão nas ruas para cumprir 40 mandados de prisão e 270 de busca e apreensão

Tartarugas apreendidas em operação no Rio de JaneiroTartarugas apreendidas em operação no Rio de Janeiro - Foto: Reprodução

Mais de mil policiais civis do Rio realizam, nesta terça-feira, a Operação São Francisco, classificada pela polícia como a maior operação da história do país no combate ao tráfico de animais silvestres. Coordenada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), a ação é resultado de um ano de investigações que revelaram a maior organização do Estado do Rio de Janeiro especializada neste crime, além de suas conexões com criminosos de outros estados. As equipes estão nas ruas para cumprir mais de 40 mandados de prisão e 270 de busca e apreensão na capital, Região Metropolitana, Baixada Fluminense, Região Serrana, Região dos Lagos e também em São Paulo e em Minas Gerais.

A operação tem o apoio de delegacias dos Departamentos-Gerais de Polícia Especializada (DGPE), da Capital (DGPC), da Baixada (DGPB) e do Interior (DGPI), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte), além da Secretaria estadual do Ambiente e Sustentabilidade (Seas) e do Ministério Público. Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Ibama colaboraram com as investigações.

Ao todo, 145 suspeitos foram identificados. O grupo, de acordo com a polícia, explora há décadas o tráfico de animais silvestres no estado, sendo o principal responsável por fornecer espécimes vendidos em feiras clandestinas. Um dos núcleos da organização criminosa é composto pelos caçadores, responsáveis pela caça em larga escala de animais silvestres em seus habitats naturais. Após serem sequestrados da natureza, os animais eram transportados por integrantes do chamado núcleo de atravessadores: eles tinham a função de entregar os espécimes nos centros urbanos para a comercialização.
 

Havia ainda um núcleo especializado em primatas, que caçava, dopava e vendia macacos para outros integrantes do grupo. Muitos dos animais eram retirados das matas fluminenses, como o Parque Nacional da Tijuca e o Horto.

Outro núcleo identificado é o dos falsificadores, que vendia anilhas, selos públicos, chips e documentos falsos para mascarar a origem ilícita dos animais. O grupo também tinha um núcleo de armas, responsável pelo fornecimento de armamento e munição para a organização. Os investigadores também identificaram diversos consumidores finais, que adquiriram animais silvestres de forma ilegal, alimentando a cadeia criminosa.

Os animais eram oferecidos e negociados em grupos de redes sociais. Numa das conversas flagradas pela polícia, um macaco mão-de-ouro (Saimiri sciureus), também conhecido como macaco-de-cheiro, é oferecido por R$ 3.500. "Macaco mão de ouro, raridade no Rio", diz a mensagem, frisando que o preço do animal é "pra sair hoje".

Em outra postagem, um filhote de macaco-prego (Sapajus apella) é oferecido por R$ 4.500, com retirada do animal nos complexos do Alemão ou da Penha.

O inquérito aponta ainda que os traficantes de animais se utilizam de relações próximas com facções criminosas, garantindo a venda em feiras clandestinas realizadas em áreas exploradas pelo tráfico de drogas.

Para dar apoio à operação, foi montada na Cidade da Polícia uma base para onde os animais serão encaminhados. Lá, receberão atendimento médico veterinário por profissionais voluntários e serão avaliados por peritos criminais. Em seguida, serão levados para centros de triagem, a fim de garantir a reintrodução na natureza.

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