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RECIFE

"Podia ter caído", diz João Campos sobre Ponte Giratória, que deve ser reaberta em março de 2026

Em entrevista à Rádio Folha FM, prefeito do Recife disse que ponte apresentava falhas estruturais desde a construção, nos anos 1970

Ponte Giratória, no Recife, está fechada desde setembro de 2023Ponte Giratória, no Recife, está fechada desde setembro de 2023 - Foto: Edson Holanda/PCR

A retomada do funcionamento da Ponte 12 de Setembro, mais conhecida como Ponte Giratória, é uma grande preocupação e pedido da população do Recife. O equipamento está em obras desde setembro de 2023 e, segundo o prefeito da cidade, João Campos, poderia até ter caído se seguisse sem receber os reparos devidos.

"Se você perguntar: 'João, você acha bom fechar a ponte?'. É lógico que não. Mas não é questão de achar bom ou ruim. É o que é certo para fazer, e quem diz isso é um engenheiro calculista industrial, que por sinal é o melhor de Pernambuco. Ele fez uma série de ensaios, um novo projeto. Depois de três meses, licitamos uma nova obra, que dá mais uns três meses, e começamos uma nova obra. Tinha um risco iminente da ponte ter caído. Se nós não tivéssemos feito isso, a ponte podia ter caído", disse o prefeito, em entrevista na Rádio Folha 96,7 FM, na última quarta-feira (19).

A Ponte Giratória é uma importante via de ligação entre os bairros de São José e do Recife. O equipamento também funciona como rota de escape para a Zona Sul da cidade, além de possibilitar a passagem de pedestres.

Desde o fechamento, no entanto, quem passa pela área precisa lidar com um fluxo intenso de veículos, já que o esquema de trânsito foi readequado enquanto o equipamento não é reaberto. O prazo atual é de entrega da obra em março de 2026, segundo a Prefeitura do Recife.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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O que aconteceu
Os serviços na ponte começaram em setembro de 2023, há mais de dois anos. Inicialmente, as obras tinham prazo de quatro meses para realização, mas uma nova licitação precisou ser lançada após serem constatados mais problemas estruturais. Com a atualização, o investimento passou de R$ 9,4 milhões para R$ 14,3 milhões.

"A gente estava fazendo a recuperação da Ponte Giratória. Com 65% da obra concluída, foi feito um processo de quebra do concreto para colocar uma armadura de ferro. Quando o concreto foi quebrado, foi identificado que cabos de aço da área protendida da ponte, um cabo de aço esticado, tinha desaparecido. Ele foi 100% corroído. A ferrugem comeu ele inteiro", explicou o prefeito João Campos, na entrevista à Rádio Folha. Assista ao trecho:

A Ponte Giratória foi inaugurada em 1923, mas foi substituída por uma estrutura de concreto em 1971. O equipamento tem extensão total de 195,25 metros com cinco vãos, três deles centrais que medem 41,45 m, 43,35 m e 41,45 m, e vãos de 34 m nas extremidades.

A ponte é formada por um tabuleiro único, contínuo, com seção transversal tipo caixão ao longo de toda a extensão, e possui transversinas e altura variável em cada apoio. Transversalmente, o equipamento tem uma largura total de 22 metros, e ambos os lados contemplam um passeio de pedestres de 3 m no lado norte e 2 m no lado sul, duas faixas de rolamento em torno de 4 m e guarda rodas de 0,23 m em cada passeio.

Obra de recuperação da Ponte GiratóriaObras de recuperação na ponte começaram em 2023. - Foto: Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco

Segundo o prefeito João Campos, possivelmente a obra na década de 1970 teve uma falha, o que acarretou no problema atual.

"Não tem como você descobrir se você não quebrar", afirmou.

"Estava sendo executada uma obra e só se descobriu isso durante essa obra. Quando descobriu, imediatamente o projetista disse que era preciso parar 100% do fluxo de carros sobre a ponte para que a gente possa fazer mais de 30 ensaios para ver se a ponte tem estabilidade ou não", acrescentou.

Exemplos a não serem seguidos
Na entrevista, o prefeito relacionou a situação da Ponte Giratória com a queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que ligava os estados do Tocantins e do Maranhão, em dezembro de 2024.

O desabamento deixou 14 mortos. O laudo final da Polícia Federal (PF) apontou que a queda foi provocada pela deformação do vão central, causada pelo excesso de peso dos veículos. O processo de colapso durou cerca de 15 segundos, enquanto o vão caiu em menos de um segundo.

Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que ligava os estados do Tocantins e do Maranhão, desabou em dezembro de 2022.Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que ligava os estados do Tocantins e do Maranhão, desabou em dezembro de 2024 | Foto: Luiz Henrique Machado/Corpo de Bombeiros

Segundo João Campos, os serviços como os que estão sendo realizados na Ponte Giratória deveriam ter sido feitos na Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. Se não fosse pela nova obra, no Recife, o desfecho das duas histórias poderia ter sido semelhante.

"Imagina o que seria um sábado ou domingo de Carnaval, depois do Galo, o pessoal indo à noite para o Marco Zero. 2 mil pessoas em cima da ponte e a ponte cai. Podia ter acontecido isso. A gente não pode achar que isso é normal", afirmou.

"Cria um transtorno? Cria. Agora a gente vai inaugurar a ponte na virada do ano. Ela vai estar segura, reestabelecida, e não vai acontecer aquilo que aconteceu no Tocantins, onde deixaram uma ponte danificada em funcionamento e ela caiu", completou João Campos.

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