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América do Sul

Presidente da Guiana fala em defender território "custe o que custar" e não descarta base dos EUA

Em entrevista a BBC News, Mohamed Irfaan Ali disse manter contato com uma série de aliados

Irfaan Ali, presidente da GuianaIrfaan Ali, presidente da Guiana - Foto: Sergio Lima/AFP

O presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, afirmou que o país fará o necessário para garantir sua integridade territorial e não descartou a instalação de uma base militar dos Estados Unidos na América do Sul, diante da ameaça da Venezuela sobre o território contestado do Essequibo, na fronteira entre os países.

— Faremos tudo o que for necessário para garantir a soberania e a integridade territorial da Guiana — disse Irfaan Ali ao ser questionado durante uma entrevista exclusiva à BBC News e BBC News Brasil sobre a possibilidade de instalação de uma base americana na região. — Custe o que custar, custe o que custar, com os nossos parceiros bilaterais, com os nossos parceiros internacionais para proteger a segurança, a integridade territorial e a soberania da Guiana, nós o faremos.

Em meio à escalada de tensões entre Venezuela e Guiana sobre a soberania do Essequibo, Georgetown ameaçou permitir que os EUA instalassem uma base permanente na América do Sul, logo após Caracas realizar o referendo sobre a anexação do território. A instalação de uma base americana afrontaria diretamente os interesses do regime de Caracas na região, que sofre com uma série de embargos de Washington.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, condenou o envolvimento americano na controvérsia sobre o território — atualmente, a disputa é analisada pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, mas a Venezuela contesta a competência do órgão no caso.

"Aspiro que, neste encontro de alto nível, possamos abordar as principais ameaças à paz e à estabilidade dos nossos países, entre elas o envolvimento do Comando Sul dos Estados Unidos, que iniciou operações no território em controvérsia", declarou Maduro, em carta publicada em sua conta no X (antigo Twitter). "[A presença dos EUA] é contrária] à nossa aspiração de manter a América Latina e o Caribe como uma zona de paz, livre de conflitos, sem interferência de interesses alheios.

Na semana seguinte à realização do referendo sobre o Essequibo pelo governo chavista, autoridades da Guiana subiram o tom e acenaram com a possibilidade de um sinal verde para instalação de bases militares estrangeiras em seus território.

— Nunca estivemos interessados em bases militares, mas temos de proteger o nosso interesse nacional —disse o vice-presidente guianense, Bharrat Jagdeo, durante uma coletiva de imprensa em 24 de novembro. — Temos interesse em manter a paz no nosso país e nas nossas fronteiras, mas temos trabalhado com os nossos aliados para garantir um plano para todas as eventualidades.

Jagdeo confirmou, na época, a visita de representantes do Departamento de Estado dos EUA ao país, para discutir as opções de segurança para a região. Na entrevista à BBC News, Ali disse que outros países, como Reino Unido, França e Brasil estão mantendo contatos em nível de Defesa com Georgetown e teriam esboçado interesse em ajudar a manter a paz na região.

Maduro e Ali vão se reunir em São Vicente e Granadinas na próxima quinta-feira, em um encontro promovido pela Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe (CELAC) e pela Comunidade do Caribe (CARICOM).

 

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