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SAÚDE

Qual é a diferença entre probióticos e prebióticos? Um nutricionista explica

Ambos incentivam uma comunidade equilibrada de diferentes micro-organismos que vivem dentro ou sobre o seu corpo

O iogurte grego é uma rica fonte de proteínas e probióticos O iogurte grego é uma rica fonte de proteínas e probióticos  - Foto: Freepik

Seja numa farmácia ou mercado, os probióticos e prebióticos fazem parte da nossa rotina. Isso porque, estão presentes em alguns alimentos, naturais ou não, mas também disponíveis em suplementos que podem ser ingeridos como bebida ou cápsulas. Talvez você tenha uma noção vaga de que eles sejam saudáveis, ou u já tenha ouvido que eles fazem bem para o seu “microbioma”. Mas o que exatamente é o seu microbioma? E qual é, afinal, a diferença entre probióticos e prebióticos?

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) definem probióticos como “micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde”. Esses micro-organismos são as bactérias e leveduras presentes em alimentos como iogurte, chucrute (sauerkraut), kombucha e em suplementos.

 

Já os prebióticos se referem ao “alimento” de que os probióticos precisam para sobreviver e se multiplicar.

Os prebióticos são mais conhecidos como fibras alimentares. Incluem tipos específicos de fibras como frutanos (carboidratos complexos formados por cadeias de moléculas de frutose) do tipo inulina, galacto-oligossacarídeos, amido resistente e pectina. Os prebióticos ocorrem naturalmente em alimentos vegetais, são adicionados a produtos industrializados (como pães e cereais matinais) e também estão disponíveis como suplementos.

A fibra alimentar permanece não digerida no estômago e no intestino delgado até chegar ao intestino grosso. Lá, os micro-organismos (probióticos) decompõem, ou fermentam, a fibra (prebióticos), convertendo-a em metabólitos ou nutrientes associados a uma melhor saúde.

Como eles se relacionam com o seu microbioma?
Diz-se que tanto os probióticos quanto os prebióticos incentivam um microbioma saudável — uma comunidade equilibrada de diferentes micro-organismos que vivem dentro ou sobre o seu corpo. Isso inclui os que habitam a boca, o intestino, a pele, o sistema respiratório e o trato urogenital (que cuida da urina e tem funções reprodutivas).

O microbioma de cada pessoa é único e varia ao longo da vida. Por exemplo, mudanças na dieta, na atividade física, nos hábitos de higiene, o uso de antibióticos ou a ocorrência de infecções afetam o microbioma.

Esses fatores podem alterar a diversidade do microbioma, ou seja, a quantidade de tipos diferentes de micro-organismos. Também podem modificar a proporção entre micro-organismos saudáveis e não saudáveis.

Quando o microbioma se torna menos diverso ou quando o número de micro-organismos nocivos supera o de benéficos, isso é conhecido como disbiose. A disbiose pode causar problemas como diarreia ou constipação, síndrome do intestino irritável, sangramento nas gengivas, dermatite atópica (eczema) ou acne.

Probióticos e prebióticos são comercializados como formas de apoiar um microbioma saudável e diversificado, ajudando a reduzir a chance de disbiose.

Como os antibióticos podem alterar o microbioma, esses suplementos também são promovidos como forma de restaurar a diversidade microbiana durante ou após o uso de antibióticos.

Probióticos funcionam?
O microbioma desempenha um papel crucial na nossa saúde. Um microbioma saudável, por exemplo, está associado à redução do risco de câncer, doenças cardiovasculares, alergias e doenças inflamatórias intestinais.

Suplementos probióticos ajudam na melhora do microbioma?
Uma revisão de ensaios clínicos avaliou suplementos probióticos em pessoas saudáveis e não encontrou aumento na diversidade do microbioma.

Outra revisão analisou o impacto de suplementos probióticos durante o uso de antibióticos e também não observou melhora na diversidade do microbioma.

Um outro estudo, que não foi incluído nessas duas revisões, descobriu que os probióticos podem até piorar a diversidade microbiana no curto prazo. Nesse caso, os suplementos probióticos atrasaram a recuperação natural do microbioma após o uso de antibióticos.

E os prebióticos?
Existem poucos estudos sobre o impacto do uso de suplementos prebióticos em pessoas saudáveis. No entanto, há pesquisas sobre o uso de prebióticos em combinação com probióticos em aspectos específicos da saúde.

Por exemplo, uma grande revisão examinou diversos efeitos neuropsiquiátricos, como demência, doença de Parkinson e comprometimento cognitivo leve, em pessoas que tomaram prebióticos e probióticos — juntos ou separadamente. Outra revisão analisou os efeitos de prebióticos, probióticos ou simbióticos (suplementos que contêm ambos) em pessoas com diabetes.

Mas os resultados ainda são inconclusivos. Portanto, são necessárias mais pesquisas antes de se poder recomendar esses suplementos rotineiramente. Além disso, eles não substituem medicamentos tradicionais nem uma dieta equilibrada.

Como manter meu microbioma saudável?
Probióticos e prebióticos ocorrem naturalmente em alimentos comuns. Probióticos estão presentes em alimentos fermentados como queijos, chucrute, iogurte, missô, tempeh e kimchi.

Prebióticos estão nos alimentos que contêm fibras — todos os alimentos de origem vegetal. É importante ter uma variedade de alimentos vegetais na sua dieta. Isso garante a ingestão dos diferentes tipos de fibra necessários para manter as bactérias saudáveis vivas e aumentar a diversidade do microbioma.

Comer alimentos, em vez de tomar suplementos, também garante a ingestão de outros nutrientes presentes nesses alimentos.

O Guia Alimentar Australiano recomenda uma dieta rica em alimentos vegetais e incentiva o consumo de alimentos fermentados (na forma de queijos e iogurtes). Essa combinação é ideal para manter um microbioma saudável.

*Evangeline Mantzioris é filiada à Aliança para Pesquisa em Nutrição, Exercício e Atividade (ARENA) da Universidade da Austrália do Sul. Recebeu financiamento do Conselho Nacional de Pesquisa em Saúde e Medicina e foi nomeada para o Comitê de Especialistas em Diretrizes Dietéticas do Conselho Nacional de Pesquisa em Saúde e Medicina.

*Este artigo foi republicado de The Conversation sob licença Creative Commons. Leia o artigo original.

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