Recriação da 'gratificação faroeste' repercute na imprensa estrangeira
Medida recria premiação de10% a 150% dos vencimentos do policial civil "em caso de "neutralização de criminosos"
A aprovação pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) do Projeto de Lei nº 6.027/2025 que reestrutura a Polícia Civil e restabelece a chamada “gratificação faroeste” repercutiu na imprensa estrangeira. O texto prevê bônus de 10% a 150% do salário para agentes que apreenderem armas de grande calibre ou “neutralizarem” criminosos em operações — termo entendido, na prática, como matar.
"Polêmica no Rio de Janeiro: Aprovado bônus para policiais que matam bandidos", publicou o La Nacion. A matéria publica na versão on-line do jornal argentino diz que a medida gerou "indignação entre defensores dos direitos humanos".
"Esse bônus “incentiva a violência e transforma a morte em política pública ”, criticou o deputado federal de esquerda Henrique Vieira, ouvido pelo jornal. E completa: “A segurança não se alcança através da barbárie”, afirmou.
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A reportagem mostra ainda que no ano passado, 703 pessoas morreram durante intervenções policiais no estado do Rio de Janeiro , ou quase duas por dia, segundo dados oficiais. "Esse total, no entanto, representa uma queda de 19% em relação a 2023 (871)" escreveu o jornal.
O Diário de Notícias, de Portugal, diz que a emenda que recriou a "gratificação faroeste" foi impulsionada por legisladores do espectro conservador.
A publicação portuguesa diz ainda que "no Rio operam grupos organizados de traficantes de droga e grupos parapoliciais, formados por agentes ou ex-agentes corruptos, que controlam vários bairros da cidade, onde se dedicam à venda de drogas e armas, e até cobram por serviços básicos aos moradores".
Matéria da agência de notícias AFP sobre o tema foi reproduzida nas versões on-line de diversas publicações pelo mundo, inclusive de países asiáticos. No portal do Malay Mail, da Malásia, a matéria é apresentada com o título: "Parlamentares do Rio aprovam bônus para policiais que matam 'criminosos', gerando temores sobre direitos humanos" e chama a gratificação de "bônus do Velho Oeste".
O site do jornal publica ainda que "no Rio, intervenções policiais agressivas são comuns nas favelas pobres e densamente povoadas, onde os traficantes de drogas reinam supremos."

