Roupas claras, estudos e silêncio: saiba tudo sobre a arte de observar aves
Maurício Cabral Periquito tem como atividade a observação de pássaros desde 2002
Entre os membros do grupo Observadores de Aves de Pernambuco, a arte de observar e estudar espécies faz parte da vida do recifense Maurício Cabral Periquito (@mauricio_periquito), de 48 anos, desde 2002.
Ele é técnico em Saneamento, engenheiro agrônomo e tem especialização em Ecologia e Meio Ambiente. O nome profissional para a atividade de observar esse animal é ornitologia, viés da zoologia voltado para as características das aves, abordando critérios como peculiaridades, modo de vida, organização e distribuição, além das exclusividades de cada espécie. Em meio ao cronograma de estudos, ele também assina artigos em conjunto com colegas da área sobre a temática.
A prática, aliás, também pode ser classificada como "ciência-cidadã".
"É quando a pessoa que não é da academia, mas pode contribuir com informações importantes para a pesquisa e conservação de espécies. O acadêmico ou pesquisador passa por formação, e geralmente tem ligação com uma instituição de pesquisa, estudando fazendo graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado", disse Periquito.
Para que essa atividade de observação seja realizada de forma profissional, segura e apropriada, se faz necessário o cumprimento de uma lista de exigências.
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Entre as principais, estão: fazer um estudo antecipado sobre as aves e o local com os quais se terá contato, utilizar roupas e equipamentos adequados, ficar em silêncio, manter distância das aves e se atentar aos horários determinados de aparecimento.
"Em qualquer lugar se pode observar aves, mas em lugares com plantas, árvores e água, dá para encontrar mais espécies que na cidade. Existem alguns protocolos. Para uma trilha, pode usar roupas vibrantes e coloridas. Mas para observar as aves, o melhor são cores mais discretas, verde ou em tom pastel, porque aí você está disfarçado", alertou.
Em Pernambuco, alguns dos espaços de destaques já visitados pelo observador foram o Parque Estadual de Dois Irmãos, no Recife; a Reserva Particular do Patrimônio Privado Frei Caneca, no município de Jaqueira; e a Reserva Particular do Patrimônio Privado Pedra D'Antas, na cidade de Lagoa dos Gatos.
Na foto, ele acompanha um grupo durante observação de aves em Lagoa dos Gatos (Foto: Arquivo pessoal)Para as primeiras aventuras, ele revelou que começou traçando percursos de praças e parques da capital pernambucana. Depois, esse mapeamento passou a acontecer com o auxílio de livros e guias de campo, além de sites onde a identificação das aves acontece de forma lúdica, com sons e imagens.
O passar dos anos fez com que ele tivesse preferências e ainda uma maior noção da forma de sentir a natureza mais de perto.
"Pode ir sozinho, apesar disto ficar mais difícil no início. Muitas aves que estiverem cantando ou aparecendo não serão identificadas ou poderão ser identificadas erroneamente, mas com um observador ajuda bastante. Os cantos das aves, principalmente em ambiente de mata, são importantes para identificar. Geralmente, a experiência dos animais com o ser humano não é boa, somos predadores. Alguns fotógrafos de natureza usam até roupa camuflada para poder se aproximar dos animais, isto serve para a observação de também", pontuou.

