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Saúde Mental

Estudo mostra que ter arma em casa aumenta de 3 a 5 vezes o risco de suicídio

Nova revisão sobre o tema foi publicada na revista científica Harvard Review of Psychiatry

Estudo mostra que ter arma em casa aumenta de 3 a 5 vezes o risco de suicídioEstudo mostra que ter arma em casa aumenta de 3 a 5 vezes o risco de suicídio - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A presença de armas de fogo podem oferecer um risco direto à saúde mental. Uma revisão de mais de 400 estudos mostra que tê-las em casa aumenta de três a cinco vezes o risco de suicídio e também pode acentuar comportamentos abusivos.

Um grupo de pesquisadores investigou os resultados de pesquisas de diferentes países publicados até março de 2023 sobre o tema, sendo 81% deles foram realizados nos Estados Unidos, que apresenta um alto índice de mortes por armas de fogo.

Segundo os pesquisadores, três mecanismos psicológicos se relacionam com o que faz a presença desse tipo de equipamento influenciar diretamente o comportamento dos indivíduos. Dessa forma, o primeiro a ser identificado é que as armas são instrumentos aos quais as pessoas recorrem durante crises ou momentos de sofrimento. Sendo o suicídio responsável por 61% dos desfechos.

O segundo deles é que a presença de armas de fogo podem "alimentar" sentimentos negativos, ao invés de trazer qualquer sensação de conforto e segurança. Nesse mesmo sentido, o terceiro mecanismo é derivado do uso das armas para que seja exercido algum tipo de controle pela pessoa em posse, tanto dentro do lar como fora dele, o que pode resultar em comportamentos abusivos, como violência doméstica.
 

“Entendendo que todas as pessoas estão suscetíveis a fragilidades humanas, a possibilidade de haver ferramentas altamente letais disponíveis nas mãos da população em geral, em vez de aumentar a sensação de segurança e de proteção e melhorar a regulação emocional do indivíduo, acaba tendo efeito contrário, como vemos nos estudos. Evidencia as fragilidades emocionais, aumenta a sensação de medo e a agressividade, com elevação de casos de assédios e violência”, explica o psiquiatra Rodolfo Furlan Damiano, autor correspondente do artigo, em entrevista à Agência FAPESP.

Os resultados foram publicados na revista científica Harvard Review of Psychiatry. E, como conclusão, os cientistas pedem que políticas públicas analisem evidências como as que foram abordadas pelo estudo.

No Brasil, houve um aumento de 3,2% de registro de porte de armas entre 2023 e 2024, totalizando 2,154 milhões de registros no Sistema Nacional de Armas (Sinarm). Os dados estão no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025.

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