UE insta Israel a abandonar plano de construir novos assentamentos na Cisjordânia
A ONU também havia pedido a Israel que não implementasse esse projeto, chamado E1, que, segundo seus críticos, dividiria a Cisjordânia em duas
A chefe da diplomacia da União Europeia instou, nesta quinta-feira (14), Israel a "desistir" de seu plano, anunciado pelo ministro das Finanças, de construir milhares de moradias em uma zona particularmente controversa da Cisjordânia ocupada.
"A decisão das autoridades israelenses de avançar com o plano de assentamento E1 mina ainda mais a solução de dois Estados e constitui uma violação do direito internacional", disse Kaja Kallas em comunicado.
"A UE insta Israel a desistir de levar adiante essa decisão, considerando suas implicações de grande alcance", acrescentou.
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O ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, de extrema direita, pediu, nesta quinta-feira, a aceleração de um projeto-chave para a construção de 3.400 moradias na Cisjordânia e a anexação desse território palestino ocupado por Israel, em resposta aos anúncios de vários países de reconhecer um Estado palestino.
A ONU também havia pedido a Israel que não implementasse esse projeto, chamado E1, que, segundo seus críticos, dividiria a Cisjordânia em duas e impediria definitivamente a criação de um eventual Estado palestino.
"Aqueles que hoje querem reconhecer um Estado palestino receberão uma resposta da nossa parte no terreno (...) Com fatos concretos: casas, bairros, estradas e famílias judias que constroem suas vidas", declarou Smotrich.
"Neste dia importante, conclamo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a aplicar a soberania israelense na Judeia e Samaria, a abandonar definitivamente a ideia de uma partição do país e a garantir que, até setembro, os hipócritas líderes europeus já não tenham nada para reconhecer", disse.
O ministro Smotrich se referia ao nome bíblico da Cisjordânia usado por israelenses.
Israel ocupa a Cisjordânia desde 1967. Cerca de três milhões de palestinos vivem ali, junto com aproximadamente 500 mil israelenses instalados em colônias consideradas ilegais segundo o direito internacional.
"Se reconhecerem um Estado palestino em setembro, nossa resposta será a aplicação da soberania israelense sobre todas as partes da Judeia e Samaria", advertiu.
O ministro falou durante um evento organizado na colônia de Maalé Adumim, para revisar o andamento do projeto E1.
A Autoridade Palestina, com sede em Ramala, na Cisjordânia, "condenou firmemente" esse projeto e "fez um apelo por uma intervenção internacional e sanções para impedir sua implementação".
"A construção na zona E1 é uma continuação dos planos de ocupação destinados a aniquilar qualquer possibilidade de estabelecer o Estado palestino", afirmou.
A ONG israelense contra a colonização, Paz Agora, denunciou um "plano fatal para o futuro de Israel e para qualquer possibilidade de uma solução de dois Estados" para o conflito israelense-palestino.

