Sex, 05 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
CRIME

Violência infantil em Olinda: menina de 4 anos é queimada com cigarro e espancada por pai e madrasta

Segundo conselho tutelar, vizinhos relatam que criança está mancando, com mau hálito e sinais de subnutrição

Vítima foi encaminhada ao Hospital da RestauraçãoVítima foi encaminhada ao Hospital da Restauração - Foto: Walli Fontanelle/Folha de Pernambuco

Mais um caso de violência infantil marca os últimos dias, em Olinda, Região Metropolitana do Recife. Desta vez, em Peixinhos, uma menina de 4 anos foi socorrida por ter sido gravemente agredida pelo pai e pela madrasta, que teriam espancado ela, além de a queimarem com cigarro. O caso aconteceu no último domingo (31) e provocou a revolta dos vizinhos.

A conselheira tutelar da cidade, Cláudia Roberta, contou à Folha de Pernambuco que foi acionada, naquele dia, pela Delegacia da Mulher, que fica em Santo Amaro, no centro do Recife. Lá estava a criança de 4 anos, acompanhada da tia materna e com uma pulseira do Hospital da Restauração (HR), que pediu a prestação de um boletim de ocorrência por violência doméstica e maus tratos.

No local, Cláudia afirma que pediu para conversar com a menor e deu uma boneca para que ela pudesse, através daquele brinquedo, expressar o que acontecia dentro de casa com pai e madrasta.

“A menina pegou a boneca de frente e meteu a cabeça [da boneca] na parede. Depois, ela disse que foi jogada no chão, onde caiu por cima dos braços. A tia, ouvindo tudo aquilo, chorou. Ela pediu que saísse da sala, porque não estava aguentando. Mediante aquelas declarações da menina, a gente a conduziu para o Instituto de Medicina Legal para fazer o exame [de corpo de delito]”, detalhou.

Conforme explica ainda a conselheira, a pequenina apresentou marcas de bituca de cigarro pelo corpo, além de manchas roxas e hematomas feitos na testa dela. O sangue se acumulou nos olhos da criança de 4 anos, fazendo-os ficar vermelhos. “Em todo canto que a gente tocava no corpo, ela dizia: "Ai".  Sentia dor no corpo todo”, revelou.

 

Informações do Conselho Tutelar de Olinda indicam ainda que a menor estaria com mau hálito, mancando e pesando apenas 12,5 quilos, o que pode ser um sinal de subnutrição. O peso adequado para uma pessoa de 4 anos seria 13,25 quilos.

Socorro
Os vizinhos resgataram a criança por terem ouvido gritos e choros dela. No momento em que arrombaram a residência, flagraram a madrasta cometendo mais um ato de agressão contra a pequena. Imediatamente ela foi linchada.

“Foram os vizinhos que salvaram a menina, porque já não aguentava mais o choro e o grito dela. A gente perguntou para as tias que estiveram no Conselho Tutelar para fazer o termo declaratório, se eles [o casal] faziam uso excessivo de álcool e de droga. As tias informaram que eles eram usuários. As agressões persistiam. Eu acho que os próprios vizinhos não aguentaram mais e entraram na casa dessa criança”, complementou.

E a mãe da criança?
Conforme explicou Cláudia Roberta, a mãe da menina morreu em 2022, por problemas com diabetes e de lá para cá, a tia materna vinha pedindo para cuidar da criança, o que não teria sido permitido pelo genitor dela.

Tanto o pai como a madrasta estão foragidos. A tia teria informado a conselheira de que, após as últimas agressões, os dois voltaram ao local do crime, pela madrugada, tiraram as coisas e foram embora.

“Apresentamos uma notícia ao Ministério Público e vamos pedir a destituição do pátrio poder familiar do pai para que ele deixar de ser ‘pai’ da menina no próprio registro e a tia tem a opção de solicitar a guarda da menina e ser a tutora dela”, disse ainda.

O que fazer em caso de denúncia de maus tratos infantis?
Ao flagrar ou ouvir qualquer ato de agressão contra menor, a pessoa deve ligar para o Dísque 100. A denúncia, que pode ser feita anonimamente, será encaminhada à Polícia Civil. O próprio Conselho Tutelar também pode ser procurado.

O que diz a PCPE?
Por meio de nota, a Polícia Civil de Pernambuco alega que o caso foi registrado como lesão corporal por violência doméstica/ familiar e maus tratos por violência doméstica/ familiar. "As diligências foram iniciadas e seguem até o esclarecimento do fato", diz a corporação.

Veja também

Newsletter