100 anos de Armando Monteiro Filho: legado que perdura de geração para geração
Missa em homenagem ao político e líder empresarial (in memoriam) acontece nesta quinta (11), na Igreja Madre de Deus, no Bairro do Recife
Em tempos de intensa polarização política e incertezas nas relações comerciais globais, a presença de líderes políticos e empresariais com voz altiva, habilidade e disposição para o diálogo faz cada vez mais falta. No ano em que o legado do ex-ministro Armando Monteiro Filho completa 100 anos, olhar para sua trajetória de coerência e integridade resgata as referências e os valores de um homem público que marcou a história do país e indica os rumos e soluções para os desafios atuais.
Em busca de manter vivo esse legado, familiares, amigos e admiradores do empresário e político Armando Monteiro Filho, que morreu em 2018, reúnem-se, hoje, para uma missa solene que reverencia o aniversário de 100 anos do líder, se estivesse vivo. A celebração será na Igreja Madre de Deus, no Bairro do Recife, ao meio-dia. Dr. Armandinho, como era conhecido, faleceu aos 92 anos, com uma trajetória marcada pela visão empreendedora, que impulsionou o desenvolvimento econômico de Pernambuco e também pela atuação política em defesa do desenvolvimento do país e do estado.
Início
Primogênito do casal Maria José Dourado Monteiro e do pioneiro empresário Armando de Queiroz Monteiro, Armando de Queiroz Monteiro Filho nasceu no dia 11 de setembro de 1925, no Recife. O casal teve outros quatro filhos: Maria de Lourdes, José Mucio, Graça Maria e Rômulo.
Na juventude, encontrou uma das suas grandes paixões: o futebol. O jovem chegou a jogar na equipe juvenil do seu time do coração, o Sport Club do Recife. Com o tempo, o amor pelo esporte cedeu espaço para o serviço militar, quando ingressou no CPOR. Na vida acadêmica, formou-se na Escola de Engenharia da Universidade do Recife (hoje UFPE), fez Engenharia Industrial e se formou na turma de 1948.
Família
No dia 17 de setembro de 1949, Armando Monteiro Filho se casou com Maria do Carmo de Godoy Magalhães, filha caçula do ex-governador Agamenon Magalhães, selando uma união e parceria que perdurou durante toda a sua vida.
O líder político formou uma grande família e teve como filhos o presidente do Grupo EQM e fundador da Folha de Pernambuco, Eduardo de Queiroz Monteiro; a pesquisadora e imortal da Academia Pernambucana de Letras (APL), Maria Lectícia; Sérgio (falecido aos 15 anos); Horácio; Cláudio e o ex-senador Armando Monteiro Neto.
Trajetória
Nos tempos de universitário, veio o primeiro chamado para a vida pública, com a participação ativa na política estudantil. Foi presidente do Diretório Acadêmico da Escola de Engenharia e foi eleito para a presidência da União dos Estudantes de Pernambuco e União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1946.
A transição da carreira na política estudantil para a partidária foi natural. Doutor Armandinho foi eleito como deputado estadual em 1950. Em seguida, foi nomeado para a Secretaria estadual de Viação e Obras Públicas. Em 1954, venceu a disputa para deputado federal como o mais votado do estado. Foi quando ele exerceu o mandato com destaque, sendo reeleito em 1958.
Em um dos momentos mais desafiadores da vida política do país, Armando Monteiro Filho foi peça-chave em busca de uma conciliação nacional. Em 1961, o então presidente da República, Jânio Quadros, renunciou. O Brasil viveu um período de agitação e uma grave crise política ameaçava se instalar. O então deputado federal atuou em defesa da instalação de um regime parlamentarista em uma saída conciliatória para a nação.
Entre 1961 e 1962, ele foi ministro da Agricultura do governo João Goulart. O curto período foi suficiente para deixar grandes marcas como o novo Código Florestal e um projeto de reforma agrária.
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Democracia
Em 1966, se filiou ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Ao lado de líderes como João Lyra Filho e José Ermírio de Moraes, escolheu o lado difícil e rigoroso da oposição e seguiu dedicado à causa da luta pelo restabelecimento da democracia. Quando veio a Anistia, estava junto com Brizola, logo quando foi fundado o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Enquanto esteve na política, e durante toda a vida, Armandinho compartilhava de projetos que defendiam a soberania brasileira, com democracia e popularidade.
Empresário
Além da carreira política, Armando Monteiro Filho foi um líder empresarial de destaque. Ao terminar o segundo mandato de deputado federal, se voltou aos negócios da família (Usina Cucaú, Fiação e Tecelagem Ribeirão e Capri). Investiu no setor de automóveis nos anos 1960 (Sael) e fundou, com a participação do irmão Rômulo, o Banco Mercantil de Pernambuco.
Nesta época, também adquiriu a Noraço S/A- Indústria e Comércio de Laminados e a Fives Lille Industrial do Nordeste S/A -Finor (AL). Na década de 1980, adquiriu a Destilaria Gameleira (MT), junto com um sócio.
Despedida
Após décadas de espírito público e dedicação, Armando Monteiro Filho faleceu no dia 2 de janeiro de 2018, em sua residência na Zona Sul do Recife, aos 92 anos. Deixou um legado que ultrapassa gerações.

