Sex, 05 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
Congresso Nacional

Votos contra governo Lula e críticas ao STF: saiba quem são os nomes à frente da CPI do INSS

Carlos Viana e Alfredo Gaspar assumem comissão com histórico de enfrentamento ao governo Lula e ao STF

Senador Carlos Viana foi eleito presidente da CPISenador Carlos Viana foi eleito presidente da CPI - Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

A oposição conseguiu uma vitória estratégica com a instalação da CPI do INSS. O comando da comissão ficou com dois parlamentares de perfil crítico ao governo Lula e ao Supremo Tribunal Federal (STF): o senador Carlos Viana (Podemos-MG), eleito presidente, e o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), indicado relator. A escolha expôs a fragilidade da base governista no Senado — Viana derrotou Omar Aziz (PSD-AM) por 17 a 13 — e abre caminho para que a investigação avance sob uma pauta de confronto.

Viana construiu nos últimos anos um discurso voltado para o combate ao “ativismo judicial”. Foi um dos senadores que assinou o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, em linha com a estratégia de parlamentares bolsonaristas. Também apresentou a Proposta de Emenda à Constituição que proíbe ministros de tribunais superiores de manifestarem opiniões políticas públicas, sob pena de crime de responsabilidade — um recado direto ao STF, que ele acusa de agir com “vaidade” e de concentrar poder excessivo.

O presidente da CPI também se posicionou em votações emblemáticas contra o Planalto. Foi um dos nove senadores que votaram contra o decreto de intervenção federal na segurança do Distrito Federal, em janeiro de 2023, medida adotada por Lula após os atos golpistas de 8 de janeiro.

Entre os que se opuseram estavam nomes do núcleo duro bolsonarista, como Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O senador também votou contra o projeto que criava novas regras para o pagamento de emendas parlamentares, defendido pela base do governo.

Agora, à frente da CPI, Viana chega com cacife político ampliado para dar visibilidade à narrativa de que o Legislativo deve conter excessos tanto do Judiciário quanto do Executivo.

Na relatoria, Alfredo Gaspar leva um histórico de ataques diretos ao governo em temas de alto impacto social. Criticou cortes no Bolsa Família e responsabilizou a gestão petista pela escalada da inflação, chamando o governo de “irresponsável” e “contraditório com os mais pobres”. Também votou contra o aumento do IOF e o reajuste da conta de luz, dizendo atuar em defesa “do bolso do cidadão”.

Em outro momento, declarou que Lula “fala em proteger os vulneráveis, mas governa sem sensibilidade”. O relator também já fez críticas duras ao STF, classificando como “autoritarismo” o poder concentrado em um único ministro e pedindo freios à “ditadura da toga”.

A combinação de perfis torna a CPI do INSS um terreno fértil para embates. A comissão investiga supostas irregularidades em descontos sobre aposentadorias e pensões — tema sensível para milhões de beneficiários e de alto potencial de desgaste político. Sob comando de parlamentares que já se colocam na trincheira contra o Planalto e o STF, a investigação ganha contornos de enfrentamento institucional.

Veja também

Newsletter