Dia do Garçom: conheça origem da tradição e as transformações da profissão
Profissionais valorizam a experiência através de noções mais desenvolvidas de hospitalidade e sustentabilidade
O Dia do Garçom é anualmente celebrado em 11 de agosto por consequência de uma atitude de Dom Pedro I, que envolve Pernambuco, quem diria? A história é a seguinte: o primeiro imperador do Brasil foi responsável por criar os dois primeiros cursos de Direito do País, em São Paulo e Olinda, na mesma data desta segunda-feira, em 1827. E, sim, isso tem tudo a ver com a comemoração do profissional da área de restauração. Acompanhe o fio...
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Tradição
Com o prestígio da advocacia na sociedade brasileira, à época, proprietários de bares e restaurantes convidavam os estudantes de Direito, no Dia do Advogado (11 de agosto), por cortesia da casa. Os garçons penduravam a conta com um prego, o que concebeu a tradição do Dia da Pendura, na mesma data que celebra o Dia do Garçom, segundo o SINTHORESP (Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de São Paulo e Região).
O aumento dos cursos de Direito no Brasil gerou o fim da regalia por ter tornado a prática insustentável aos donos dos estabelecimentos, mas o hábito de oferecer a gorjeta ao garçom pela comunidade jurídica permanece como cordialidade.
A palavra "garçom" surge do termo francês "garçon", que significa uma pessoa jovem do sexo masculino, mas também é associada aos funcionários responsáveis por servir clientes (em um café, restaurante, hotel), segundo o "Le Tresor de La Langue". Esse sentido moderno da definição de garçom acontece após a Segunda Guerra Mundial como forma de se referir aos jovens trabalhadores de estabelecimentos que assumiram o cargo por efeito da redução da população masculina adulta.
Mudanças
Garçom é a forma mais tradicional de relacionar esse profissional, mas terminologias como atendente de salão, profissional de sala e especialista em atendimento são corretas. E quais atributos caracterizam esse trabalho?
Somando mais de 15 anos de atuação prática no setor, Alan Machado Gomes, professor de Hotelaria no IFPE (Instituto Federal de Pernambuco) e doutorando em Turismo pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), elencou como essencial ao garçom ter: competência técnica, inteligência emocional, atenção aos detalhes, senso de pertencimento. A tarefa complexa exige um profissional ágil, preciso, empático, objetivo e atento ao serviço.
"O garçom é um mediador simbólico que vai ouvir as necessidades do cliente e fazer esse casamento entre o desejo do freguês e o que o restaurante pode oferecer", explicou Alan.
Crédito: Felipe Ribeiro/Folha de Pernambuco / Marília Costa, do Reteteu Comida Honesta"Todo dia é um desafio porque a gente trabalha com pessoas e cada um tem o seu jeito, o que pode ser engraçado. Se a gente não levar tudo para o lado da graça, acho que a gente não sobreviveria ao atendimento ao público", Marília Costa, atendente do restaurante Reteteu Comida Honesta.
Em relação à questão geracional, o professor observa comportamentos diferentes na forma de se relacionar com o trabalho entre garçons da década de 1970 a 1990 e a geração pós-2000. Os mais antigos pensam numa lógica hierarquizada, pautando o serviço na obediência, rigidez, postura discreta, valorização técnica e muitos anos de casa. "Isso é comum em restaurantes daqui do Recife", pontuou Alan Machado.
Crédito: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco/Joaquim Inácio, conhecido como O Beijoqueiro, do Cia do Chopp"Tem gente nova que chega aqui, passa uma semana e já quer ir embora. Mas é assim mesmo: pra ser garçom tem que ter amor pelo que faz", disse Joaquim Inácio, conhecido como O Beijoqueiro, que mesmo aposentado trabalha no Cia do Chopp.
Hospitalidade 2.0
Por outro lado, os contemporâneos valorizam a experiência através de noções mais desenvolvidas de hospitalidade e sustentabilidade, além de lidarem com a conexão digital dos clientes. O garçom atual está relacionado ao comunicador e anfitrião, sendo relevante para a marca do restaurante, da criação de conteúdo e do storytelling (narrando histórias de forma envolvente) sem evitar o protagonismo.
Pensando na profissionalização diante das transformações dentro do atendimento, no Recife, o Senac Pernambuco oferta o curso presencial "Garçom" (carga horária de 240 horas) com orientações sobre inovação e empreendedorismo para o setor de bares e restaurantes. Dentre as competências, o instrutor da formação Inácio Belo destacou que "o garçom formado possui um conhecimento aprofundado sobre técnicas de atendimento, serviço de alimentos e bebidas, e normas de higiene e segurança".
Inácio destacou à crescente adesão de mulheres ao curso de garçom da instituição. Apesar de as turmas serem formadas geralmente por homens, com uma média de 60%, o último grupo de concluintes de 2025 foi teve mulheres como maioria (53,33%).

