Dia Nacional da Ópera: conheça a origem, características e principais nomes do gênero artístico
Linguagem foi criada na Europa e se espalhou pelo mundo, incluindo o Brasil
O Dia Nacional da Ópera é celebrado nesta quinta-feira (14). Gênero artístico complexo e que existe há vários séculos, a ópera costuma chamar atenção pela riqueza musical e visual de suas produções, sempre despertando a curiosidade do público. No entanto, nem todos conhecem sua origem e características principais.
Como surgiu?
Que a ópera nasceu na Europa - mais precisamente na Itália - pode não ser uma novidade para a maioria das pessoas. Mas você sabia que isso ocorreu no final do século XVI, em Florença, a partir de um grupo de de intelectuais e compositores chamado Camerata Fiorentina, que se inspiraram na tragédia grega?
Criada por Jacopo Peri e Ottavio Rinuccini em 1594, “Dafne” é a primeira ópera que se tem notícia, mas a obra teve sua partitura extraviada, chegando à atualidade incompleta. Em 1600, a mesma dupla criou “Eurídice”, considerada a ópera mais antiga ainda intacta.
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Quais são as características?
A ópera é composta pela parte musical e pelo libreto (texto da obra), que é cantado. Além dos cantores, os espetáculos são acompanhados por uma orquestra ou por um conjunto de instrumentos menor.
Normalmente, um espetáculo de ópera é dividido em atos. A abertura é feita pela orquestra, geralmente com as cortinas ainda fechadas. Depois, vem a parte recitativa, que é quando ocorre os diálogos entre os artistas. Os cantores principais interpretam as árias, enquanto os secundários ficam no coro.
Artistas e óperas mais famosas
O primeiro “grande gênio” da ópera foi Claudio Monteverdi (1567-1643), que compôs “Orfeo” (1607). Outro destaque italiano é Giuseppe Verdi (1813-1901), autor de “La Traviata” (1853) e “Otello” (1887). Ele era um dos mais influentes músicos de sua época, assim como o alemão Richard Wagner (1813-1883).
Entre as óperas mais famosas, não dá para esquecer de “O barbeiro de Sevilha” (1816), do compositor italiano Gioachino Rossini (1792-1868), com sua icônica cena na barbearia que já ganhou diversas releituras na cultura pop. Outro destaque é “Carmen” (1875), de Georges Bizet (1838-1875), uma obra precursora do feminismo e da liberdade sexual. A ópera também consagrou famosos intérpretes nos séculos 20 e 21, como Luciano Pavarotti, Maria Callas, Andrea Bocelli e Placido Domingo.
E no Brasil?
A primeira ópera genuinamente brasileira, composta e representada em português, é “A Noite de São João”, de Elias Álvares Lobo. A obra foi apresentada no Rio de Janeiro em 14 de dezembro de 1860, o que explica a data escolhida como o Dia Nacional da Ópera.
O mais famoso compositor de óperas brasileiro é, sem dúvidas, Carlos Gomes (1836-1896). Embora grande parte de sua obra tenha sido composta na Itália, ele frequentemente recorria a elementos da cultura brasileira em seus trabalhos, como em “O Guarani” (1870), baseada no romance de José de Alencar.
“Temos outros grandes compositores, como Villa-Lobos, que compôs obras no gênero operístico, como ‘A Menina das Nuvens’ e ‘Yerma’, além de nomes como Camargo Guarnieri e Lorenzo Fernández, por exemplo”, aponta o professor e maestro Wendell Kettle.
Pernambuco também tem ópera
“Aqui em Pernambuco é muito importante falar do nosso primeiro compositor de óperas. Euclides Fonseca. Ele compôs ‘Leonor’ em 1883, época em que Carlos Gomes também estava bastante ativo. As obras de Euclides são lindíssimas, de um refinamento singular. É o nosso grande representante de óperas”, comenta.
Diretor artístico e regente do Festival de Ópera de Pernambuco e dos grupos artísticos Academia de Ópera e Repertório (AOR) e Sinfonieta UFPE, Wendell tem sido um dos responsáveis pelo movimento de reavivar a ópera no Estado nos últimos anos.
“Nós temos experimentado, de forma concreta, um aumento na procura do público pela ópera. Quando realizamos o festival, por exemplo, as sessões estão sempre lotadas, às vezes, até com antecedência. Isso mostra que o nosso público é apreciador do gênero”, afirma.

