Isaar apresenta o espetáculo ''Tamboa'' no Teatro Hermilo Borba Filho
Ingressos físicos serão distribuídos uma hora antes do início do novo show
A arte de mestras da cultura popular do Maranhão e de Minas Gerais foi objeto da pesquisa da cantora e compositora pernambucana Isaar, com incentivo do Rumos Itaú Cultural 2023-2024, que culminou no espetáculo ''Tamboa'', que estreia nesta quarta-feira (7), às 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho, Bairro do Recife.
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O primeiro lote de ingressos, online, está esgotado, mas há um segundo de ingressos físicos para distribuição uma hora antes do início do espetáculo, que voltará a ser apresentado no Itaú Cultural em São Paulo, no próximo dia 15 de maio.
''Tamboa nasce de um de um desejo mesmo de sair um pouco das amarras musicais, me libertar e fluir nas outras expressões artísticas que sinto vivas aqui'', explica a artista.
''A primeira vez que me lembro ter tido contato com a cultura popular, eu me apaixonei. Desde pequena a cultura popular me abraçou de um jeito que conheceu tudo o que eu faço até hoje'', conta Isaar.
Mestras
Em meio às suas atribuições como coordenadora de Música da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE), Isaar arrumou espaço na agenda para vivenciar a realidade de mestras da cultura popular e suas relações com o tambor e a ancestralidade, em uma imersão de oito dias no Maranhão e 10 dias em Minas Gerais.
No palco, em apresentação solo, Isaar se cerca de diversos instrumentos percussivos para contar a história dessas mulheres e a sua própria trajetória. No repertório, músicas surgidas durante o profundo processo de pesquisa nos três estados, mescladas com composições autorais da recifense e de domínio público. Nos bastidores, uma equipe formada exclusivamente por mulheres.
''Tamboa''
Neologismo criado para representar o sentido do tambor no feminino negro, o projeto ''Tamboa'' surgiu do desejo de desbravar novos territórios musicais, realizar intercâmbio e criar novos vínculos com artistas de outras realidades.
''Ouvindo mulheres negras de diferentes cidades, encontramos histórias de sabedoria, fé, resiliência, resistência, paixão. Então inventei que 'Tamboa' somos todas nós juntas. Um personagem que representa a saga da mulher negra em seu próprio território'', explica a premiada artista recifense.
Intercâmbio
Em sua vivência, a artista trocou saberes com outras quatro mulheres negras do cenário musical brasileiro, todas conectadas pela relação com o tambor. Em São Luís, no Maranhão, e Belo Horizonte, em Minas Gerais, foram escolhidas devido à potência negra, rítmica e cultural das cidades. Elisa de Sena (MG), Carla Coreira (MA), Aishá Lourenço e Neta Silva (PE) foram as convidadas para o prejeto.
Em cada destino, a rede de mulheres se ampliou de forma coletiva. Em São Luís, contribuíram com a imersão Mestra Roxa, mãe de Carla Coreia, Mãe Kabeca da Casa Fanti Ashanti, Mestra Nadir, do Boi Floresta, além da cantora Camila Reis e do grupo musical Babaçueira. Em Belo Horizonte, participaram ainda a cantora Elisa de Sena, a cantora Julia Tizumba, a Rainha da Guarda 13 de Maio, Sá Belinha, e a Rainha da Guarda dos Arturos, Maria Gorete.
Performance
Sozinha no palco, Isaar conta as histórias que ouviu durante as viagens, cantando, tocando e dançando. “Tamboa” tem direção da bailarina, coreógrafa, pesquisadora, professora, artista da dança e produtora Mônica Lira, do Grupo Experimental, direção musical da cantora, compositora, tecladista e produtora musical Sofia Freire e produção da jornalista, artista, doutora em antropologia e produtora cultural Chris Galdino.
''Eu não sabia de nada de São Luís nem de Belo Horizonte, foi tudo muito inédito para mim, essa música negra tão presente nessas duas cidades. A gente teve uma receptividade muito boa, especialmente em Belo Horizonte, achava que não ia encontrar pouca coisa lá e, pelo contrário, o pessoal se abriu muito e ficaram muito admirados de uma pessoa de Recife, que tem uma riqueza tão grande de música e de Carnaval se interessar pela cultura deles'', lembrou.

