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Relembre polêmicas que marcaram a carreira do Planet Hemp, que anunciou sua turnê de despedida

Em 30 anos de carreira, grupo, pioneiro na fusão do rap e do hardcore no Brasil, teve shows cancelados, CDs recolhidos das lojas e prisão por apologia

Planet HempPlanet Hemp - Foto: Wilmore/Divulgação

Após a turnê Baseado em Fatos Reais: 30 Anos de Fumaça, que reuniu os membros originais Marcelo D2 e BNegão em shows que passaram por festivais como o Rock in Rio do ano passado e o João Rock, em Ribeirão Preto (SP), no último fim de semana, o Planet Hemp anunciou o fim da banda e a realização de uma turnê de despedida, com o título de "A última ponta".

O anúncio foi feito nesta terça-feira (17), com a presença de, além de Marcelo e BNegão, os demais integrantes, Formigão, Pedro Garcia, Daniel Ganjaman e Nobru, além de empresários e organizadores da turnê, que terá produção da 30e, empresa responsável pelas turnês de despedida de Gilberto Gil e Natiruts.

 

Entre 13 de setembro e 15 de novembro, o grupo passará por dez capitais, incluindo Salvador,Recife, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Rio, encerrando a turnêm em São Paulo.

— Começamos fazendo shows para sete pessoas e vamos terminar com o maior show da nossa carreira — afirmou D2. — A gente precisava terminar o Planet Hemp assim. Foi um caminho muito difícil. Teve morte, teve prisão. É bom terminar rindo e feliz.

Um dos pioneiros na fusão do rap e do hardcore no país, o grupo levantou, em três décadas de carreira, a bandeira da legalização da maconha e outras substâncias consideradas ilícitas pela legislação brasileira, encampando ainda temas como violência policial, o racismo e a desigualdade social. Neste período, o grupo nunca fugiu de polêmicas e algumas delas marcaram sua trajetória. Relembre algumas delas.

Discos recolhidos
Em seu disco de estreia, de 1995, o Planet Hemp já dizia ao que vinha desde o título: "Usuário". O álbum trazia faixas que se tornariam alguns dos maiores sucessos do gr po, a exemplo de "Mantenha o respeito", "Dig dig dig (Hempa)" e "Legalize já", que teve seu clipe censurado. Outras faixas eram "Fazendo a cabeça", "Mary Jane", "Não compre, plante!" e "Porcos fardados", uma crítica à violência policial. Na época, shows foram cancelados e houve casos de CDs recolhidos das lojas

Prisão por apologia
Perseguido por autoridades em todo o país, o grupo via cada apresentação se tornar uma espécie de ato político. Até que no dia 8 de novembro de 1997, policiais federais da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes de Brasília aguardaram o fim de um show no Minas Brasília Tênis Clube, após gravarem trechos da performance, e deram dar voz de prisão aos integrantes.

Na época, artistas se uniram para defender o Planet contra o que chamaram de atentado à liberdade de expressão. Cássia Eller, Gilberto Gil, Marisa Monte e Tom Zé estavam entre os que assinaram um manifesto a favor da banda. "Os artistas do Planet Hemp estão presos por expressarem sua opinião através de suas músicas. Já vimos esse enredo antes. E, como antes, não vamos ficar calados diante desta agressão à liberdade. O coro da censura e da repressão desafina com as aspirações de democracia e de liberdade", dizia um manifesto a favor do sexteto. O episódio gerou divergência entre políticos e juristas até que o grupo foi solto pela Justiça após cinco dias de prisão.

Morte de Speed
Em março de 2010, o grupo viveu uma de suas maiores tragédias, com a morte de Claudio Marcio de Souza Santos, o rapper conhecido como Speedfreaks ou Speed. Antigo parceiro de BNegão, Speed participou de "Usuário", e seguiu carreira como rapper ao lado de Gustavo Black Alien, integrante da formação original do Planet, como a dupla Black Alien & Speed. O corpo de Speed foi encontrado com várias marcas de tiros jogado em um valão, em Niterói, onde residia. Na época, ele se preparava para lançar seu sexto álbum de inéditas, intitulado "Freakland". Após cinco anos de sua morte, foi criado o projeto SPEEDVIVE pelo artista visual Rafael Porto, com o objetivo de manter viva sua obra, e em 2019 foi lançado a biografia "Eu sou assim eu sou Speed", escrita pelo jornalista Pedro de Luna.

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