Sáb, 06 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
feriado

Otimismo no varejo: Dia das Crianças aquece comércio em Pernambuco

Lojistas do estado usam estratégias para trazer o consumidor para dentro das lojas, com foco na experiência lúdica da compra

Ronda do comércio para o Dia das CriançasRonda do comércio para o Dia das Crianças - Foto: Foto: Matheus Ribeiro / Folha de Pernambuco

Leia também

• Dia das Crianças: veja as dicas de diversão durante o fim de semana no Recife e na Região Metropolitana

• Orquestra Criança Cidadã encerra turnê com apresentação diante do papa Leão XIV

• Hospital arrecada brinquedos para o Dia das Crianças

Neste ano, o Dia das Crianças, comemorado no próximo domingo, deve movimentar R$ 235 milhões em vendas, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE). O volume representa uma alta de 2,2% em relação a 2024.  Já na capital pernambucana, a expectativa do varejo é de que as vendas aumentem de 5% a 10% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojista do Recife (CDL), Fred Leal.  

De acordo com o diretor-institucional da CDL, Paulo Monteiro, o Dia das Crianças é sempre a segunda melhor data do semestre, perdendo apenas para o Natal. “Então, nós acreditamos que realmente vamos ter um bom Dia das Crianças, principalmente nessa semana que antecede o dia 12”, avalia Monteiro.

Dados da Fecomércio revelam que os segmentos mais procurados, neste ano, são vestuários e calçados, com volume de vendas de R$ 66,7 milhões; farmácia e perfumaria, com R$ 61 milhões; e eletroeletrônicos, com R$ 60 milhões. 

Além dos juros elevados e do aumento da inadimplência, os preços de produtos típicos do Dia das Crianças registraram alta nos últimos 12 meses, com videogames, perfumes, vestuários e calçados subindo acima de 3%, o que pressiona o orçamento das famílias e contribui para a desaceleração do consumo no Dia das Crianças em Pernambuco.

Já nos shoppings centers pernambucanos, o cenário também é de confiança. Davy William, gerente da loja Unigames no Shopping Riomar, prevê um aumento de 40% em vendas. Segundo Davy, os produtos mais procurados para presentear as crianças são do ramo de eletrônicos como aparelhos de videogames, celulares, computadores e acessórios.

“Ultimamente, têm muitas crianças comprando cartas pokémon, os packs também de cartas. Então, começa na parte de videogames, informática, telefonia, acessórios e geek em geral”, disse. 

Davy William - gerente da Unigames .Foto: Matheus Ribeiro / Folha de Pernambuco

Também no Riomar, a gerente da loja Mimos Korea, Bárbara Gomes, tem observado um aumento no movimento desde o início de outubro. Ela conta, inclusive, que já contratou mais pessoas para dar conta da alta da demanda. Na loja, os itens mais procurados para presentear as crianças são as pelúcias, como a da Capivara e do Unicórnio, e os produtos temáticos de K-pop.

Bárbara gomes - gerente da loja Mimos Korea. Foto: Matheus Ribeiro / Folha de Pernambuco

Desafios
O presidente da Associação de Lojistas de Shoppings (Aloshop), Ricardo Galdino, explica que as lojas ainda estão em fase de recuperação da pandemia de Covid-19. Apesar do crescimento ano após ano, ele diz que as vendas ainda não chegaram aos patamares de 2019, no pré-pandemia, pois o consumidor se tornou mais cético ao comprar.

“O consumidor tá muito mais cuidadoso. Hoje, ele pesquisa na internet, analisa o produto, vai na loja, vê o item, se ele gostar e tiver um preço semelhante, ele leva. Se não, entende-se essa fuga do varejo físico para o varejo digital, que é um grande dilema”, lamenta Galdino. Os juros elevados no cartão, o aumento da inadimplência anual e da inflação, principalmente para as famílias de baixa renda, forçam os consumidores a frearem suas compras.

Para Nádia, uma aposentada de 67 anos, pesquisar presentes para os diversos netos se tornou uma tarefa difícil, uma vez que os preços estão cada vez mais elevados

“Eu gosto de olhar o preço e qualidade, né? Porque criança, você sabe, derruba, não tem muito cuidado. E a gente tem que olhar a qualidade do presente também”.

A gerente da loja Nhac Nhec, Josilma Bonifácio, percebendo a mudança no comportamento dos consumidores que agora escolhem fazer menos parcelamentos e mais compras à vista, aposta em brindes e promoções para atrair os clientes.

“A gente vai começar sábado. A cada 300 reais estoura um balão e aí ganha um brinde. Também tem muita promoção em peças com até 50% de desconto”. 

Estratégias
Ricardo Galdino, da Aloshop, explicou como esses locais têm fortalecido suas estratégias para atrair mais clientes. “A gente sempre estimula o lojista e as associações nessa captação e divulgação, utilizando as redes sociais, os próprios grupos de WhatsApp dos lojistas, e, é claro, os shoppings com os seus institucionais, para que cada um possa se preparar”, afirmou.

Buscando driblar esses fatores, os lojistas de shoppings e do comércio de rua tiveram que renovar suas estratégias de venda. O presidente da Aloshop diz que incentiva os vendedores de shoppings centers a também investirem nas vendas via e-commerce, visando cooptar clientes pelos dois meios. 

“Estamos com uma plataforma chamada Rede Smart Shop, que integra algumas associações de shopping e também a CDL. Nela, a gente tem capacitações de redes sociais, de inteligência artificial, de visual merchandising, de marketing digital, de contratos, de especializações na área tributária”, trouxe.

Outra tática utilizada é trazer maior atratividade para os espaços físicos, indo além da venda, e transformando o ato de comprar em uma experiência que vale o deslocamento. De acordo com Paulo Monteiro, da CDL Recife, é preciso criar uma experiência sensorial e emocional na loja e apostar em decoração voltada para o público infantil.

“É muito importante esse contato físico, essa presença de você poder pegar nos brinquedos, ver funcionando, essa interação, a experiência”, disse Paulo, que acrescentou que outra opção é oferecer descontos relâmpagos, criar combos especiais de brinquedos com outros produtos.

Foi assim que a professora de ginástica, Karla Mirelle, de 29 anos, foi instigada a pesquisar presentes para seu bebê.“A gente está olhando uma motinha, um triciclo elétrico para ele. A gente veio para o médico e decidiu só passar” 

Por outro lado, o policial militar de 42 anos, Márcio Pereira, decidiu comprar o presente de seu filho no shopping pela comodidade.“Aqui a pessoa acha tudo. Todas as lojas estão aqui centralizadas, não precisa estar andando tanto”, afirmou. 

É por esses e outros relatos que Ricardo Galdino diz se manter esperançoso com o comércio pernambucano para o dia das crianças.

“O shopping é muito mais ágil, e não vai perder espaço. Se não der certo, ele muda, ele troca. A partir do momento que o consumidor vai para buscar um serviço, ele já tá lá, pode comprar, tem a comodidade de ser atendido por um vendedor. O peixe tá passando na porta. [É preciso] ter uma boa isca, uma equipe treinada e bons diferenciais para que ele possa atrair esse público”, finaliza.

Ronda do comércio para o Dia das Crianças. Foto: Matheus Ribeiro / Folha de Pernambuco

 

 

Veja também

Newsletter