Clubes não serão ressarcidos por falta de público após brigas de torcidas organizadas, diz SDS
Pasta determinou jogos com portões fechados nas próximas cinco partidas do Santa Cruz e do Sport devido a brigas de uniformizadas
A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) puniu os clubes do Santa Cruz e Sport, proibindo a entrada de público nos próximos cinco jogos de cada um deles.
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Essa medida visa a barrar qualquer tipo de revanche entre as uniformizadas dos dois times, após os confrontos e cenas de selvageria que assolaram a Região Metropolitana do Recife no último sábado (1º).
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Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (3), o secretário de Defesa Social, Alessandro de Carvalho, afirmou que o impacto financeiro a cada um dos clubes, que pode chegar aos R$ 2,5 milhões, para cada, não será ressarcido pelo Estado.
“O Estado tem a obrigação de garantir a segurança da população. Temos um conflito entre 30 mil torcedores, no jogo do último sábado, e a segurança de mais de 3 milhões de habitantes da Região Metropolitana do Recife. Há várias medidas que podem ser adiantadas, não só pela SDS e pelas polícias, mas também pelos clubes, o que vai ser discutido logo mais”, explicou ele.
Reunião entre segurança e clubes
A discussão citada por Carvalho se trata de uma reunião que acontecerá às 15h, na sede do Ministério Público de Pernambuco, em Santo Amaro, no Centro do Recife.
Além da SDS e do MPPE, participam as polícias Civil e Militar, além do Corpo de Bombeiros e a Federação Pernambucana de Futebol.
Carvalho afirmou, ainda, que a quantidade de seguranças privados nos jogos de futebol é mínima e há casos em que policiais militares auxiliam até na formação de filas nas entradas dos estádios.
Relação entre clubes e uniformizadas
O líder da segurança pública em Pernambuco aproveitou a oportunidade para aconselhar os grandes clubes do Estado a se afastarem das torcidas organizadas.
“As torcidas, muitas vezes, têm o apoio dos clubes. Então, os clubes têm que se afastar dessas torcidas organizadas, que são criminosas. Elas existem para cometer crimes, brigar e matar, como já aconteceu no passado.
Saldo de autuados
Segundo a delegada-geral adjunta da Polícia Civil de Pernambuco, Beatriz Leite, 13 pessoas foram autuadas em flagrante, inclusive o presidente da torcida uniformizadas do Sport, João Vitor, de 27 anos.
“Ele [João Vitor], mesmo tendo sido vítima de agressões, também foi autor. Mesmo aquelas pessoas que tiveram saído feridas, se tiverem sido autoras de crimes, se forem provadas essas condutas, através de imagens, elas também serão indiciadas e apresentadas à Justiça, com essas três pessoas que estavam hospitalizadas que foram preventivadas pela Justiça”, contou Leite.
Das 32 pessoas que foram encaminhadas às unidades de polícia da Região Metropolitana do Recife, a maioria, segundo Beatriz Leite, tinha antecedentes criminais. Eram passagens por brigas anteriores, homicídios, tráfico de entorpecentes, furto, violência doméstica, que tinham associação à prática de crimes.
“Elas saíram de casa com o intuito de causar as atrocidades que a gente viu no sábado. Hoje, a Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva já está analisando novas imagens, e novas pessoas já foram identificadas e qualificadas, e pessoas de ambas as torcidas serão, sim, indiciadas. As investigações vão continuar”, complementou ela.
Um dos autuados, que não teve identidade revelada, continua Beatriz, teve participação no ataque ao ônibus da delegação do Fortaleza, em 22 de fevereiro de 2024, após confronto contra o Sport, na Arena de Pernambuco.
“A gente vê que são pessoas que se dedicam a isso. Que não querem a paz no esporte, que, na verdade, querem causar esse tumulto e aterrorizar a população de bem que quer assistir ao jogo”, finalizou ela, expondo que os envolvidos nos combates já tinham saído de casa com armas, explosivos, barrotes de madeiras e diversos instrumentos que seriam utilizados para o confronto.

