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Jogos da Juventude

Pernambucana da ginástica rítmica supera dor da perda da mãe para competir nos Jogos da Juventude

Aos 14 anos, Fernanda Wanderley Barreto se despediu da sua fonte de inspiração na última quinta-feira (18)

Fernanda durante sua participação nos Jogos da Juventude 2025Fernanda durante sua participação nos Jogos da Juventude 2025 - Foto: Juliana Ávila/COB

BRASÍLIA - Superar a dor através do esporte. Assim, a pernambucana Fernanda Wanderley Barreto desembarcou em Brasília para a disputa dos Jogos da Juventude Caixa 2025. Com apenas 14 anos, a atleta da ginástica rítmica perdeu a mãe, Cláudia Wanderley, vítima de um câncer, na última quinta-feira (18), às vésperas de participar da competição em Brasília. 

Em meio à dor pela partida de quem era seu espelho, a jovem contou à Folha de Pernambuco que optou por participar dos Jogos como forma de homenagem à mãe. Segundo Fernanda, Cláudia ficaria feliz em vê-la na competição. "Ela sempre quis que eu aproveitasse bem muito a minha vida. Eu tenho certeza que ela ficaria muito feliz em que eu viesse e aproveitasse bastante essa experiência incrível", falou. 

Mais que parceira de rotina, a mãe de Fernanda foi inspiração para a adolescente entrar na ginástica. Quando mais nova, Cláudia era baliza de banda na ginástica artística, o primeiro esporte praticado pela estudante da Escola Eleva Recife. Ainda quando criança, Fernanda fez parte de um projeto no Recife antes de se desenvolver como atleta em um clube a convite de amigos.

"Minha mãe me influenciou muito a praticar esportes. Eu sempre adorei ginástica em geral. Comecei pela artística, depois eu me encantei pela rítmica", detalhou.

Diante da notícia que Fernanda escolheu participar dos Jogos da Juventude, o pai da atleta foi a Brasília para dar suporte e apoiar a jovem. Oscar Barreto estava na China quando soube do falecimento de Cláudia e embarcou direto para a capital federal. 

"Eu achei muito importante (ele ter vindo), porque meu pai é uma fonte de apoio enorme, e quando estou com ele, acho que me sinto mais calma. Inclusive, acho que vou seguir em frente, vou aproveitar mais os treinos e treinar bastante para da próxima vez Pernambuco sair classificado", pontuou Fernanda.

Importância da técnica

Acompanhando Fernanda em Brasília, a treinadora Kayllane Priscila relatou ter conversado com a jovem sobre a participação nos Jogos, mas foi convencida de que a pernambucana estava realizando "o sonho" de disputar a competição. Ao ver a atleta em ação, a técnica afirmou ter sentido um misto de emoções, em meio à força da ginasta de usar o esporte para superar a dor. 

"Meu corpo estava na arquibancada, mas meu coração estava dentro da quadra com ela. Me veio um mix de emoções, mas eu estava muito feliz. Tenho certeza que o anjinho da guarda dela, que é a mãe, estava ali na arquibancada vibrando muito por ela", iniciou.

"Estou realizada. Ela conseguiu me mostrar que era além do que eu imaginava. Fernanda é a prova de que o esporte não é apenas medalhas. Ele transforma, e transformou a dor de Fernanda em força, em inspiração e amor pelo que faz. Eu, como técnica, estou extremamente orgulhosa da minha atleta. Mesmo tão nova, mostrou uma força que muitos adultos não teriam", finalizou Kayllane.  

Representando o estado, Fernanda entrou em ação na última segunda-feira (22) para competir nos aparelhos bola e maças, mas acabou eliminada. 

A Folha de Pernambuco acompanha os Jogos da Juventude, em Brasília, a convite do Cômite Olímpico Brasileiro (COB).

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