Chacina de Camaragibe: TJPE concede habeas corpus e solta PMs envolvidos no crime
Mais da metade deles já respondiam em liberdade
Foi concedido pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) um habeas corpus que possibilitou a soltura de cinco dos 12 policiais militares acusados de ter participação numa chacina que aconteceu em Camaragibe, no Grande Recife.
O crime, que aconteceu em setembro de 2023, deixou seis pessoas da mesma família mortas.
Assista ao julgamento do habeas corpus
A sessão virtual que decidiu sobre o habeas corpus aconteceu na manhã da última quarta-feira (26). Os PMs soltos foram Paulo Henrique Ferreira Dias, Dorival Alves Cabral Filho, Leilane Barbosa Albuquerque, Fábio Júnior de Oliveira Borba e Emanuel de Souza Rocha Júnior.
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Eles estavam presos desde março do ano passado, após o próprio TJPE aceitar a denúncia contra os agentes por tortura e homicídio. Os policiais terão que cumprir medidas cautelares e usar tornozeleira eletrônica.
Logo no início da sessão, a juíza Daisy Maria de Andrade Costa Pereira, que é relatora do processo, se posicionou contra a soltura de Paulo Henrique Ferreira Dias. Ela justificou que ele teve, junto aos companheiros de trabalho, participação na sequência de mortes dos quatro irmãos, da esposa e da mãe de Alex da Silva Barbosa, na cidade vizinha ao Recife.
A defesa de Paulo, representada pelo advogado Edgar Mouri Neto, disse que o agente foi acusado injustamente pelo crime bárbaro. Durante o pronunciamento, Mouri disse que a autoridade coatora teria a visão ‘míope’ quanto à igualdade no tratamento com os acusados.
“Relembro aos senhores que este habeas corpus decorre de uma determinação mal cumprida pela autoridade coatora, oriunda desta casa, por iniciativa da doutora Daisy, que determinou a apreciação, em primeiro grau, o desejo de estender aos réus presos o mesmo tratamento que está sendo conferido ao outro réu que está solto. Esse réu é acusado da mesma maneira que as pessoas que estão presas”, frisou ele
Após o discurso, a relatora revisitou a decisão e decidiu por revertê-la, estendendo, assim, a atitude a todas as pessoas presas que solicitavam o mesmo direito. Outros sete PMs já estavam soltos.
Relembre a chacina
A chacina aconteceu depois que um confronto entre policiais e Alex da Silva Barbosa, conhecido como Alex Samurai, que resultou em dois PMs mortos.
Segundo o Ministério Público de Pernambuco, na sequência dos fatos, "diversos policiais se deslocaram até Tabatinga, sob o comando, instrução e monitoramento de oficiais da Polícia Militar, onde iniciaram uma caçada a Alex e a parentes deste, com claro intuito homicida, em vingança pela morte dos colegas".
Foram mortos o próprio Alex e os três irmãos dele: Amerson Juliano da Silva, Agata Ayanne da Silva e Apuynã Lucas da Silva, além de Maria José Pereira da Silva e Maria Nathália Campelo do Nascimento, mãe e esposa de Alex, respectivamente. Algumas das mortes foram transmitidas ao vivo nas redes sociais.
Veja as imagens
A chacina deixou mais uma pessoa morta. Grávida de sete meses, a jovem Ana Letícia foi baleada na cabeça durante a busca dos policiais por Alex e faleceu cerca de um mês após o fato.
Ainda em coma, a adolescente deu à luz a uma menina, que nasceu prematura. Outro adolescente, de 14 anos, também foi baleado na cabeça pelos policiais, mas sobreviveu ao ferimento.

