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Chacina em Camaragibe: dois policiais envolvidos em assassinatos são promovidos à patente de coronel

Fábio Roberto Rufino e Marcos Túlio Gonçalves são investigados por participação na chacina de Camaragibe

Chacina em Camaragibe: sete pessoas foram mortas após assassinato de dois policiasChacina em Camaragibe: sete pessoas foram mortas após assassinato de dois policias - Foto: Redes sociais/Reprodução

Foram promovidos pelo Governo de Pernambuco dois policiais militares investigados na chacina que deixou sete mortos - sendo seis da mesma família - em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, em 2023.

Fábio Roberto Rufino da Silva e Marcos Túlio Gonçalves Martins Pacheco eram tenentes-coronéis e ascenderam à patente de coronel.

As promoções, registradas no Diário Oficial do Estado dessa quinta-feira (25), começam a valer de forma retroativa, a partir de 1º de julho. O ato foi assinado pela governadora Raquel Lyra, que também promoveu outros 32 policiais.

Fábio Roberto e Marcos Túlio foram promovidos por critério de "promoção requerida", assegurada aos militares que ingressaram na corporação até 31 de dezembro de 2021.

Por meio de nota, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) esclareceu que as promoções em questão não ocorreram por mérito ou bravura, mas sim por um direito assegurado por lei.

"O ato cumpriu a estrita observância dos Princípios da Moralidade e da Legalidade, conforme art. 37, da Constituição Federal, já que foram publicados de acordo com o que preconiza a Lei Complementar nº 460/2021", afirmou a SDS.

A pasta lembrou que a referida lei apenas menciona como impedimento o fato de o militar estar em cumprimento de pena aplicada por sentença criminal transitada em julgado. 

"E, como os processos em curso, seja na esfera administrativa ou criminal, não foram concluídos ou transitados em julgado, não houve impeditivo legal para os servidores ascenderem em suas patentes militar", diz a nota.

Ao todo, 12 policiais são réus por participação na chacina em Camaragibe. A denúncia contra eles foi aceita pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), no último dia 7 de março.

Sete pessoas, sendo seis da mesma família, foram assassinadas em setembro de 2023, após a morte de dois PMs no bairro de Tabatinga. Algumas das mortes foram transmitidas ao vivo nas redes sociais.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Dos 12 policiais, cinco tiveram prisão preventiva decretada, e os outros sete, incluindo Fábio Roberto e Marcos Túlio, afastados das funções públicas, respondem em liberdade e cumprem medidas cautelares.

Tiveram prisão preventiva decretada os seguintes PMs:
- Paulo Henrique Ferreira Dias;
- Dorival Alves Cabral Filho;
- Leilane Barbosa Albuquerque;
- Fábio Júnior de Oliveira Borba;
- Emanuel de Souza Rocha Júnior.

Já os sete réus que respondem em liberdade são:
- Marcos Túlio Gonçalves Martins Pacheco;
- João Thiago Aureliano Pedrosa Soares;
- Fábio Roberto Rufino da Silva;
- Diego Galdino Gomes;
- Janecleia Izabel Barbosa da Silva;
- Eduardo de Araújo Silva;
- Cesar Augusto da Silva Roseno.

Relembre o caso
A chacina aconteceu depois que um confronto entre policiais e Alex da Silva Barbosa, conhecido como Alex Samurai, que resultou em dois PMs mortos

Segundo o Ministério Público de Pernambuco, na sequência dos fatos, "diversos policiais se deslocaram até Tabatinga, sob o comando, instrução e monitoramento de oficiais da Polícia Militar, onde iniciaram uma caçada a Alex e a parentes deste, com claro intuito homicida, em vingança pela morte dos colegas".  

Foram mortos o próprio Alex e seus três irmãos: Amerson Juliano da Silva, Agata Ayanne da Silva e Apuynã Lucas da Silva, além de Maria José Pereira da Silva e Maria Nathália Campelo do Nascimento, mãe e esposa de Alex, respectivamente. 
 
A chacina deixou mais uma pessoa morta. Grávida de sete meses, a jovem Ana Letícia foi baleada na cabeça durante a busca dos policiais por Alex e faleceu cerca de um mês após o fato. 

Ainda em coma, a adolescente deu à luz a uma menina, que nasceu prematura. Outro adolescente, de 14 anos, também foi baleado na cabeça pelos policiais, mas sobreviveu ao ferimento.

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