Logo Folha de Pernambuco

MUNDO

Cuba se prepara para a chegada do furacão Oscar, após segunda noite de apagão

Ilha enfrenta problemas de luz elétrica desde sexta-feira, após o desligamento inesperado da central termoelétrica Antonio Guiteras, a principal da ilha

 Moradores do bairro Naranjal Norte tentam obter conexão com a internet e ar fresco em uma noite quente de verão no telhado de uma casa durante uma queda de energia noturna de 6 horas na província de Matanzas, Cuba, em 22 de maio de 2024. Moradores do bairro Naranjal Norte tentam obter conexão com a internet e ar fresco em uma noite quente de verão no telhado de uma casa durante uma queda de energia noturna de 6 horas na província de Matanzas, Cuba, em 22 de maio de 2024. - Foto: Antonio Levi / AFP

Após uma segunda noite de apagão quase total, Cuba corre contra o tempo neste domingo para se preparar para a chegada iminente do furacão Oscar no leste da ilha. O Oscar se move pelo Caribe na direção oeste-sudoeste a cerca de 19 km/h, com ventos de até 130 km/h.

Às 9h no horário de Brasília o furacão estava a cerca de 185 km de Guantánamo, segundo o último relatório do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês).

Menos eletricidade, menos leite e menos carne: crise energética e alimentar piora em Cuba e governo reconhece gravidade

O alerta de furacão continua em vigor para o sudeste das Bahamas e para a costa norte das províncias cubanas de Holguín e Guantánamo, no leste.

O furacão Oscar chega a Cuba em plena crise energética. A ilha passou a segunda noite sem luz devido a uma pane na sexta-feira na principal termelétrica que causou o colapso da rede.

O presidente Miguel Díaz-Canel disse no sábado na rede X que "trabalhos estavam em andamento para proteger as pessoas e os recursos econômicos, dada a iminência do furacão Oscar".

O país ficou sem energia elétrica a partir das 11h locais (12h em Brasília) de sexta-feira, após o desligamento inesperado da central termoelétrica Antonio Guiteras, a principal da ilha e localizada na cidade de Matanzas.

O apagão atinge dez milhões de pessoas em Cuba, segundo a Reuters, e ocorre em um contexto de "emergência energética" no país, como descreveu o presidente Díaz-Canel no dia anterior.

Na noite de sexta-feira, as autoridades anunciaram que haviam conseguido um nível mínimo de geração de energia elétrica com "microssistemas" acoplados para acionar termelétricas e centrais flutuantes em algumas regiões do país. Díaz-Canel participou durante a noite de uma reunião de supervisão, em que prometeu que "não haveria descanso" até o total restabelecimento do serviço.

"O colapso do sistema de energia é mais uma demonstração de todos os problemas que o bloqueio nos causa", afirmou.

Dificuldades para a população
"Este apagão dificultou muito a vida dos cubanos. A situação é muito difícil, mas tento manter a calma, porque já existe muito estresse neste país", disse à AFP Yaima Valladares, dançarina de 28 anos.

A dona de casa Isabel Rodríguez, 72 anos, reclama de não conseguir dormir.

"Como é que as nossas vidas não serão afetadas, se não tivermos nada, nem mesmo os motores hidráulicos podem ligar", afirma.

Apenas hotéis, hospitais e algumas residências particulares que possuem geradores próprios tinham eletricidade.

"As pessoas estão um pouco chateadas por ficarem tanto tempo sem energia e só Deus sabe quando vão religar", relata Rafael Carrillo, mecânico de 41 anos, que disse ter caminhado quase cinco quilômetros por falta de transporte.


"Você fica quatro ou cinco horas esperando o ônibus, quando chega está lotado e não para", diz ele, cansado, diante da quase ausência de transporte público.

Na quinta-feira, Díaz-Canel disse que a crise se deve à dificuldade de aquisição do combustível necessário ao sistema elétrico, devido ao embargo que Washington aplica à ilha desde 1962.

Nesse mesmo dia, o governo anunciou a paralisação dos trabalhos em estatais para enfrentar a crise que nas últimas semanas deixou a população de várias províncias sem energia elétrica até 20 horas por dia.

Os cubanos sofrem há três meses com apagões prolongados, com um déficit de até 30% na cobertura nacional. Na quinta-feira, um dia antes do apagão total, chegou a 50%.

Veja também

Ciclone Chido deixa ao menos 14 mortos no arquipélago francês de Mayotte, no Índico
MUNDO

Ciclone Chido deixa ao menos 14 mortos no arquipélago francês de Mayotte, no Índico

Trump pede que drones misteriosos sejam derrubados após dias sobrevoando os EUA
ESTADOS UNIDOS

Trump pede que drones misteriosos sejam derrubados após dias sobrevoando os EUA

Newsletter