Sáb, 06 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
SEGURANÇA

Incêndios registrados em prédios no Recife chamam atenção e reforçam alerta para prevenção

Corpo de Bombeiros dá dicas e fala como atende as ocorrências, desde o chamado até a execução in loco

Incidentes aconteceram na Zona Sul do Recife, em menos de 72 horasIncidentes aconteceram na Zona Sul do Recife, em menos de 72 horas - Foto: Reprodução

O número de incêndios ocorridos no Recife em um curto intervalo de tempo, nos últimos dias, chamou a atenção da população. Em 72 horas, a Zona Sul da cidade registrou dois chamados em prédios comerciais.  Muitos perguntam quais as possíveis causas para as ocorrências e como evitar esses incidentes.
 

No último sábado (8), um incêndio se alastrou pela cobertura do prédio empresarial International Trade Center (ITC), localizado na avenida Antônio de Góes, no Pina. O imóvel possui 22 andares. Ninguém ficou ferido. Cinco viaturas do Corpo de Bombeiros foram ao local para debelar as chamas, que foram vistas de diversos pontos do Recife.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação partilhada por Folha de Pernambuco (@folhape)

Já na manhã da segunda-feira (11), o quarto andar do Bantu Center também pegou fogo. A edificação fica na avenida Conselheiro Aguiar, em Boa Viagem. Também não houve vítimas. Quatro viaturas com 17 bombeiros trabalharam no local. As causas dos incidentes, tanto no ITC quanto no Bantu Center, são desconhecidas.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação partilhada por Folha de Pernambuco (@folhape)

Origem
A reportagem da Folha de Pernambuco foi à sede do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, nao bairro da Soledade, na área central do Recife, conversar com o major João Paulo, chefe de comunicação social da corporação. Atualmente, o CBMPE tem 2.414 agentes e atendeu 1.800 ocorrências de incêndio em todo o estado desde o início de 2025.

O major explicou que a causa desses incidentes não é determinada pelo Corpo de Bombeiros, mas muitos estão ligados, segundo estudos da corporação, às incompatibilidades da rede elétrica.

Major João Paulo, chefe de comunicação social CBMPEMajor João Paulo, chefe de comunicação social CBMPE | Foto: Davi de Queiroz/Folha de Pernambuco

“A rede elétrica do ambiente não está adequadamente dimensionada àquele local. Além disso, muitas vezes, a manutenção adequada não está sendo feita nos espaços. Não estou dizendo que é o caso das ocorrências que tivemos recentemente [de sábado e segunda], mas existe sim, majoritariamente, esse tipo de evidência nas nossas atuações”, frisou.

Trabalho do CBMPE em 2024

O atendimento pelo Corpo de Bombeiros é feito através do número 193. Quando a pessoa liga, é atendida pelo Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciods), que fica no bairro de São José, também na área central do Recife. Ele recebe chamados de todas as naturezas. É aí quando a pessoa precisa ceder informações elementares corretas para que a corporação envie a quantidade de equipes suficiente para agir na ocorrência.

“A gente precisa do endereço com o ponto de referência e que a pessoa fale de forma pausada, com calma. Dependendo da situação, com tranquilidade. A equipe vai chegar o mais rápido possível, com a designação de uma única unidade tática das que estão distribuídas na Região Metropolitana e em todo o estado de Pernambuco para atender a ocorrência demandada”, complementa João.

Prevenção

“Cafeteiras, torradeiras, equipamentos eletrônicos que não são utilizados devem ser desligados para que aquele ambiente se torne o mais seguro possível. E as portas entre cada um dos cômodos também ficam fechadas. Isso compromete e facilita ao mesmo tempo em relação à compartimentação, caso aconteça um incêndio”, indicou o major.

O que é mais prejudicial?
Um incêndio pode causar impactos negativos na vida de diversas pessoas, sejam elas envolvidas direta ou indiretamente. Além do fogo, outro grande problema é a fumaça. Esta contém uma mistura complexa de gases e partículas sólidas, incluindo monóxido de carbono, material particulado, além de metais pesados.

“Quando um ambiente sinistrado, que a gente chama de ‘teto de fumaça’, está abaixo, deve-se priorizar que as pessoas tentem se agachar para poder evacuar o local. Essa evacuação deve ser feita primordialmente pelas escadas e rotas de evacuação já estabelecidas. Ponto fundamental também relacionado a isso é essa fumaça. Além de ser tóxica, é inflamável e guarda por si só uma contaminação para o próprio organismo da pessoa”, comentou.

Material utilizado pelas equipes
O Corpo de Bombeiros conta com equipes de combate a incêndio, atendimento pré-hospitalar, atividades de busca e salvamento, além de atividades de vistoria técnica e fiscalização.

Entre os materiais utilizados nas ocorrências está o esguicho, que se conecta à mangueira para controlar o fluxo da água que vai ser necessário para controlar o fogo. Ele varia entre dois tamanhos: 1,5 polegadas (38 mm de diâmetro) e 2,5 polegadas (63 mm de diâmetro).

Esguicho usado pelos bombeiros | Foto: Davi de Queiroz/Folha de Pernambuco

A mangueira utilizada pelas equipes tem tamanho único de 15 metros. Ela é composta por um tubo interno de borracha sintética e uma capa externa de tecido sintético. Geralmente é de poliéster ou nylon.

“Quando a gente vai falar em relação a um ambiente periférico ou a perímetro do local da ocorrência, enfrentamos o problema de estacionamento das nossas viaturas, de posicionamento tático para abordagem da edificação e execução do serviço, entre outros pontos”, destacou João como dificuldade.

Experiência
Durante a entrevista, o major João Paulo foi questionado sobre a experiência mais marcante vivida nesses 18 anos de carreira servindo à corporação. Ele relembrou do ano de 2014, quando foi atender uma ocorrência onde uma vítima ficou presa às ferragens de um veículo.

“Até hoje consigo escutar o pedido de ajuda daquela pessoa que, infelizmente, por mais esforços que tivéssemos feito, não conseguimos lograr êxito nessa ocorrência e a pessoa saiu dali em óbito”, disse ele.

Veja também

Newsletter