Mayaro: vírus que cientistas da Unicamp descobriram estar circulando entre humanos em Roraima
O patógeno é responsável por uma doença infecciosa que causa febre alta, dores e vômitos
O vírus mayaro (MAYV) foi detectado em humanos no estado de Roraima, região do norte do Brasil. Ele é o causador da febre mayaro, uma doença infecciosa febril aguda, com características semelhantes à chikungunya e dengue. No Brasil, sua primeira detecção se deu em em 1955, em vilarejos às margens do rio Guamá, próximo à cidade de Belém, no Pará.
Um estudo sobre a descoberta da circulação do vírus, feita a partir de uma parceria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com outras instituições internacionais, foi publicado no Emerging Infectious Diseases, publicação do Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (ou CDC, na sigla em inglês).
A bióloga Julia Forato, pesquisadora da Unicamp responsável pelos achados, analisou amostras de soro exclusivamente de pacientes em estado febril coletadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Roraima entre 2020 e 2021, durante um período em que a região enfrentava uma epidemia de dengue, logo após um surto de febre chikungunya.
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A partir disso, encontrou o MAYV em 3,4% das pessoas testadas. Algumas delas, como pontua a mestranda, não haviam entrado em contato com áreas de mata, o que deu margem para a possibilidade de o vírus ter circulado em áreas urbanas de Roraima. O resultado demonstrou, por sua vez, sua presença em praticamente todo o estado, inclusive dentro das cidades, não apenas nas áreas rurais e florestais.
Como o vírus é transmitido?
Nele, foi descrito que os novos casos se tratam de uma linhagem de MAYV pertencente ao genótipo D, o mesmo identificado anteriormente no Amazonas, no Peru e na Venezuela. O seu vetor é o mosquito silvestre Haemagogus janthinomys, mais conhecido como um dos transmissores da febre amarela.
De acordo com o Ministério da Saúde, seres humanos são hospedeiros acidentais do vírus, que tem como hospedeiros principais os primatas. Desta forma, a transmissão geralmente acontece quando pessoas visitam locais endêmicos. Sua primeira identificação foi realizada nas ilhas caribenhas de Trinidad e Tobago, na década de 1950.
Sintomas
- febre, entre 39 e 40°C;
- dor de cabeça, nas articulações e nos músculos;
- inchaço nas articulações;
- calafrios;
- dor na parte mais profunda dos olhos;
- mal-estar;
- erupção cutânea (exantema);
- vômitos;
- diarreia.
Em alguns casos, também podem ocorrer: náusea, tosse, dor de garganta, dor abdominal, congestão nasal, coceira na pele, anorexia, nódulos linfáticos inchados e sangramento da gengiva.

