Santa Maria Maior acolhe neste sábado (26) túmulo de Francisco, santuário escolhido por ele em vida

Um jovem pede a um padre que abençoe terços com a imagem do Papa Francisco. O confessionário está localizado ao lado de uma área coberta com tábuas: o futuro túmulo do Pontífice na Basílica de Santa Maria Maior. A imponente igreja do século V está localizada no coração de Roma, e Francisco costumava ir rezar neste templo na véspera de suas viagens ao exterior ou ao retornar.

Os terços com a imagem do Papa estão em uma bolsa branca. Valentín Amor a carrega com delicadeza. O argentino de 22 anos viajou com a mãe da Espanha, onde moram, para se despedir do compatriota, que morreu na segunda-feira, aos 88 anos. Eles visitam Santa Maria Maior depois de prestar suas homenagens na capela funerária de Jorge Mario Bergoglio, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

— Choramos por ele todos esses dias, tínhamos que vir — disse ele à AFP.

'Esse é o lugar'

O túmulo de Francisco será feito de mármore e terá a única inscrição "Francisco". Uma reprodução da cruz peitoral que o Pontífice usou durante sua vida completará o conjunto. O túmulo ficará localizado em um corredor lateral da basílica, perto do altar de São Francisco.

Túmulo do Papa feito com pedra vinda da Ligúria | Foto: Vatican News

Francisco descartou ser enterrado na cripta da Basílica de São Pedro, como tem sido o caso há mais de três séculos, embora com algumas exceções. Outros sete Pontífices também estão enterrados em Santa Maria Maior, sendo o último Clemente IX, em 1669. Também pessoas famosas como o arquiteto e escultor Bernini.

O Papa explicou ao especialista espanhol do Vaticano, Javier Martínez-Brocal, que o túmulo era "um cômodo onde guardavam castiçais", localizado perto da escultura da Rainha da Paz.

— Eu vi e pensei: "Esse é o lugar" — disse o Pontífice, que era profundamente ligado ao culto da Virgem Maria e especialmente à "Salus Populi Romani", um ícone atribuído a São Lucas que retrata a Virgem segurando o menino Jesus em seus braços.

A tradição nos conta que o apóstolo usou um pedaço de madeira da mesa usada na Última Ceia ou de uma construída por Jesus que Maria guardou depois de sua crucificação.

'História sem planejá-la'

Os fiéis poderão visitar o túmulo a partir de domingo, embora a fila de visitantes já estivesse longa esta semana.

Ana Dao, uma venezuelana de 30 anos, bate ao entrar na Porta Santa, que foi aberta excepcionalmente em 2025 para o Jubileu. Sua viagem à Itália com o marido e os sogros coincidiu com a morte do jesuíta.

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— Estamos vivendo essa história sem planejá-la — diz ele à AFP. — É a transição de um Papa para outro.

Você se perde rapidamente dentro deste templo, uma das quatro basílicas papais em Roma. A nave central é cercada por 40 colunas jônicas e mosaicos excepcionais. O teto dourado, conta a tradição, foi feito com a primeira remessa de ouro americano dada pela Rainha Isabel, a Católica, no século XV.

A nevasca da Virgem

Outras relíquias católicas importantes são encontradas em Santa Maria Maior, como supostos fragmentos de madeira do berço do menino Jesus, preservados em um relicário de cristal de rocha em forma de berço.

A igreja foi construída por volta de 432 a pedido do Papa Sisto III no Monte Esquilino.

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Um templo o precedeu, financiado pelo rico patrício romano Giovanni, supostamente após uma aparição da Virgem a ele e ao Papa Libério (352-366), que solicitou a construção de uma igreja.

O local teria sido marcado pela Virgem com uma nevasca em 5 de agosto.

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